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FUNASA NÃO
REPASSA VERBA E ÍNDIOS DO ALTO RIO
NEGRO ESTÃO SEM ASSISTÊNCIA
À SAÚDE
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Janeiro de 2004
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Sem recursos para
comprar combustível e alimentos, as 32 equipes
que atendem a cerca de 25 mil índios na região
do Alto Rio Negro, noroeste amazônico, não
podem sair a campo. Desde 20 de dezembro, a Federação
das Organizações Indígenas
do Rio Negro (Foirn) espera pelos recursos da renovação
do convênio com a Fundação Nacional
de Saúde (Funasa), órgão do
Ministério da Saúde responsável
pelos distritos sanitários especiais indígenas
(DSEIs). O DSEI do Alto Rio Negro tem na Foirn sua
principal parceira para prestar assistência
às 22 etnias que vivem na região.
Ontem, 5 de janeiro, a Foirn enviou carta ao diretor
do Departamento de Saúde Indígena
(DESAI) da Funasa, Ricardo Chagas, comunicando que
a partir de amanhã, 7 de janeiro, os serviços
de assistência à saúde indígena
estarão suspensos por falta de recursos para
colocar e manter as equipes em campo.
Além das conseqüências que isso
representa para a vida e o bem-estar das pessoas
que ali vivem, a carta enumera outras implicações
como: o atraso no pagamento de mais de 300 funcionários;
dívidas acumuladas com fornecedores; encargos
e impostos atrasados que implicam pagar multas e
a impossibilidade de adquirir medicamentos e soro
anti-ofídico para o trabalho das equipes.
Não é a primeira vez que isso acontece.
Em 2001, a precariedade da situação
obrigou os índios a buscar socorro na Colômbia
e em junho de 2003 também houve atraso no
repasse.
“O problema é que a Funasa não explica
o que está acontecendo. Quando ligamos para
saber, pedem que liguemos mais tarde”, relata o
coordenador técnico do DSEI-RN, Ernani Guimarães
dos Santos. Por isso, ontem a Foirn enviou carta
ao diretor do DESAI, Ricardo Chagas. Porém,
na manhã de hoje, 6 de janeiro, ele ainda
não a havia recebido. Ricardo Chagas informou
que o convênio foi renovado e que o presidente
da Funasa, Valdi Camarcio Bezerra, deveria assiná-lo
hoje. Só a partir daí e da publicação
da renovação no Diário Oficial
da União é que o dinheiro pode ser
liberado. Mesmo assim, ainda demora 72 horas para
cair na conta. Ou seja, provavelmente, a Foirn receberá
os recursos no final desta semana ou início
da próxima.
De sua parte, a Funasa reitera que seu compromisso
é com a saúde pública, com
a vida. “A burocracia do repasse dos recursos para
o convênio é que não possibilita
a agilidade necessária", afirma Chagas.
O diretor do DESAI defende a mudança dessa
burocracia e também uma nova proposta de
gestão da saúde indígena, que
fortaleça o DSEI aliado à parceria
com as organizações indígenas.
Seja como for, neste início de ano ocorreram
dois óbitos na região - um por acidente
ofídico e outro de uma gestante por complicações
de parto – que, talvez, pudessem ter tido outro
desfecho caso o resgate tivesse sido mais rápido.
Sem as equipes de assistência à saúde
em campo, resgates que levam duas horas, acabam
demorando de oito a dez horas.
Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
(www.socioambiental.org.br)
Assessoria de imprensa