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DESMATAMENTO
É O SEGUNDO MAIOR DA HISTÓRIA
DA AMAZÔNIA
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) - Brasil
Abril de 2004
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Taxa
de 2002-2003 atinge 23.1000 km2; Governo anuncia
projeto de fiscalização integrada
entre Ministérios e criação
de 134.000 km2 de áreas de conservação
ainda este ano
A taxa de desmatamento
das florestas amazônicas para o período
de agosto de 2002 a agosto de 2003 é de 23.1000
km2. Os dados foram apresentados hoje pelo Ministério
do Meio Ambiente em Brasília. A área
desmatada no período é a segunda maior
registrada na Amazônia, sendo superada somente
pela marca histórica de 29.059 km2 devastados
em 1995. O índice de desmatamento de 2002
foi revisado pelo governo e passou de 25.476 km2
para 23.266 km2.
Alguns dados já haviam sido divulgados ontem,
durante reunião realizada com representantes
de ONGs e Institutos de pesquisa. O Ministério
do Meio Ambiente apresentou um documento contendo
a Avaliação Preliminar da Evolução
do Desflorestamento na Amazônia. Foram realizadas
também exposições de pesquisadores
do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia-Imazon,
do Instituto Socioambiental-ISA e do Ipam-Instituto
de Pesquisas Ambientais da Amazônia.
Ação
integrada e novas áreas de conservação
Hoje, após
a apresentação dos dados do desmatamento,
foi assinado o termo de convênio para a realização
de fiscalizações de forma integrada
pelos Ministérios da Defesa, do Trabalho,
da Justiça, do Meio Ambiente. A fiscalização
integrada irá incorporar as fiscalizações
ambiental, trabalhista, fundiária, tributária
e rodoviária. Espera-se que os gastos com
deslocamentos das ações de fiscalização
sejam da ordem de 30% em relação ao
ano passado, devido ao trabalho em conjunto com
a Aeronáutica e o Exército. Também
foi anunciada a criação de 26 delegacias
especializadas em crimes ambientais. O secretário
de Biodiversidade e Florestas, João Paulo
Capobianco, anunciou que ainda este ano serão
criadas novas unidades de conservação
na Amazônia. Segundo o secretário serão
destinados cerca de 134.000 km2 para estas novas
áreas, sendo que 53.000 km2 para áreas
de uso sustentável e 81.000km2 para áreas
de proteção integral.
Conexão
Hambúrguer
No início
desta semana foi divulgado pelo Centro para a Pesquisa
Internacional Florestal um estudo que demonstra
a ligação do consumo de carne nos
países desenvolvidos e a destruição
de florestas tropicais. Segundo o estudo, a "conexão
hambúrguer" estaria aumentando a destruição
da floresta amazônica. Na mesma direção
vai o relatório do Grupo Interministerial
criado para combater o desmatamento na Amazônia,
segundo o qual a pecuária é responsável
por cerca de 80% de toda área desmatada na
Amazônia Legal.
Município
bicampeão
Foram divulgados
os 10 municípios onde houve maior área
desmatada. Segundo dados do MMA o município
de São Félix do Xingu, no estado do
Pará, é o recordista de desmatamento
pelo segundo ano consecutivo, tendo apresentado
neste último período um índice
de 1.330 km2 de florestas derrubadas. A área
total que já foi devastada no município
corresponde à 9.210 km2.
Mato Grosso
na liderança
O estado do Mato
Grosso, com 10.416 km2 responde por 43,8% da área
total desmatada. Isto apesar de contar com sistema
de licenciamento georrefenciado e poder de fiscalização
adequado, segundo Capobianco. O estado é
governado pelo maior produtor de soja do mundo,
Blairo Maggi. A soja é considerada um fator
importante no desmatamento recente da Amazônia
brasileira segundo o mesmo relatório do Grupo
Interministerial.
A Amazônia Legal tem uma extensão de
aproximadamente 5 milhões de km2, constituindo
59% do território brasileiro. Cerca de 80%
da região apresenta cobertura florestal.
Atualmente a área cumulativa desmatada chegou
a 652.908 km2, o que corresponde a 16,3% da floresta
amazônica brasileira.
Fonte: Amazônia ORG (www.amazonia.org.br)
Assessoria de imprensa (Maurício Araújo)