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MEDIDAS
EMERGÊNCIAS DE CONTROLE AO DESMATAMENTO
NA AMAZÔNIA
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) - Brasil
Abril de 2004
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Anunciadas
pelo ministro da Casa Civil, José Dirceu,
e detalhadas pela ministra do Meio Ambiente, Marina
Silva, e pelo secretário de Biodiversidade
e Florestas, João Paulo Capobianco, durante
a apresentação dos dados de desmatamento
para a imprensa, incluem sistema de detecção
de desmatamento em "tempo real", ações
de fiscalização nas regiões
mais críticas envolvendo diversos órgãos
governamentais e a criação de 13,4
milhões de hectares de Unidades de Conservação
(UCs).
Durante coletiva
de imprensa hoje à tarde (7/4) para a divulgação
dos dados de desmatamento da Amazônia Legal,
o ministro da Casa Civil, José Dirceu, apresentou
as medidas que serão implementadas pelo governo
a curto e médio prazo, entre as previstas
no Plano de Ação para a Prevenção
e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal,
anunciado pelo presidente Lula há 23 dias.
A estimativa de 23.1000 km2 desmatados entre agosto
de 2002 e agosto de 2003 representa um aumento de
2% em relação ao período anterior
[23.266 km2, número recalculado e confirmado
hoje]. Para o Ministério do Meio Ambiente,
os dados, apesar de graves e inaceitáveis,
representam uma estabilização do desmatamento.
Noventa por cento da área desmatada se concentra
em três estados: Mato Grosso [10.416 km2],
Pará [7.293 km2] e Rondônia [3.463
km2].
Após apontar entre as principais causas do
desmatamento na Amazônia, a agropecuária,
a exploração madeireira e a construção
de obras de infra-estrutura, Dirceu informou que
no dia 13/4 será inaugurado o Centro de Monitoramento
Ambiental (CEMAN), que irá gerar informações
semanais sobre o desmatamento na Amazônia
por meio da integração dos dados gerados
pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE),
Sistema de Proteção da Amazônia
(Sipam) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama),
o chamado sistema integrado de "alerta".
O ministro disse que também serão
iniciadas neste mês ações integradas
de fiscalização em 19 bases operacionais
do Ibama [instaladas nas áreas mais críticas],
que envolverão, além dos fiscais do
Ibama, o Ministério do Trabalho, para averiguar
existência de trabalho escravo em áreas
de exploração ilegal; a Receita Federal,
a sonegação de impostos; o Instituto
Nacional de Colonização e Reforma
Agrária (Incra), a grilagem de terras; a
Polícia Rodoviária, que passa a fiscalizar
a carga transportada na região; e a Polícia
Federal.
As ações de fiscalização,
que serão definidas após análise
do material gerado pelo CEMAN, contarão com
o apoio logístico do Ministério da
Defesa, que cederá helicópteros a
um custo correspondente a 30% do normalmente pago
pelo Ibama pela locação desses equipamentos.
Dirceu anunciou ainda a criação de
13,4 milhões de hectares de Unidades de Conservação
(UCs) - 8,1 milhões de hectares de proteção
integral e 5,3 milhões de hectares de Unidades
de Conservação de Uso Sustentável
-, cujas áreas prioritárias serão
a Terra do Meio (região de 8 milhões
de hectares situada entre os rios Xingu e Tapajós/PA),
a região de Jacunda (RO), o noroeste do Mato
Grosso e o sudeste do Amazonas.
Marina Silva ressaltou que, pela primeira vez, temos
no país uma "ação do governo"
contra o desmatamento, referindo-se ao plano anunciado
no dia 15/3. "A grande diferença é
essa: ações estruturantes. Nenhum
tipo de ação que possa dar uma boa
fotografia ou fase de efeito, mas que daqui a algum
tempo não será eficaz. Ações
que foram trabalhadas, com muito cuidado, por 11
ministérios por mais de sete meses e que
a partir de agora serão implementadas."
A ministra do Meio Ambiente acrescentou às
medidas anunciadas por Dirceu a criação
pelo Ministério da Justiça de 27 delegacias
especializadas em combate a crimes ambientais na
Amazônia.
Marina informou que as bases instaladas pelo Incra
em Diamantino, Sinop e Guarantã do Norte,
no Mato Grosso, e em Santarém, Serra do Cachimbo,
Novo Progresso e Itaituba, no Pará, no dia
22/3, têm como meta regularizar 30 milhões
de hectares neste ano.
Ações
de fiscalização do Ibama
As ações
de fiscalização do Ibama realizadas
em parceria com diversos órgãos do
governo federal tiveram início no ano passado
e foram consideradas pelo Ministério do Meio
Ambiente como um dos principais motivos para a "estabilização"
do desmatamento.
Entre as nove maiores operações de
2003, Flávio Montiel da Rocha, diretor de
Proteção Ambiental do Ibama, ressaltou
a realizada em Porto de Moz (PA), com a suspensão,
devido a irregularidades, de pouco mais da metade
dos 55 planos de manejo da região; a de Labrea
(AM), em conjunto com o Incra, que evitou a grilagem
de 50 mil hectares; e a do Parque Estadual do Cristalino
(MT), que resultou na transferência de 57
famílias que tinham ocupado a área,
evitando o desmatamento do 2 mil hectares. Devido
ao descaso do governo estadual em relação
ao caso, o parque está sendo transferido
para a competência federal.
De acordo com Rocha, os 17 gerentes-executivos do
Ibama da Amazônia Legal, cargo infelizmente
associado a conivências e omissões
em relação à exploração
ilegal, foram alterados e passaram a ter uma atuação
mais integrada. Na próxima segunda-feira,
estarão todos reunidos em Brasília
para discutir o plano de combate ao desmatamento
na Amazônia.
Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
(www.socioambiental.org.br)
Assessoria de imprensa (Cristina Fontes)