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PROPOSTA
DE LINDEBERG FARIAS (PT/RJ) DE RETALIAÇÃO
DA TI RAPOSA SERRA DO SOL (RR) DEVE SER
VOTADA
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) - Brasil
Abril de 2004
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O
relatório do deputado, que propõe
a exclusão de 12 mil hectares de terras griladas
por arrozeiros; Uiramutã, base de apoio do
garimpo transformada em município em 1997,
mas ainda sub júdice; e uma faixa de terra
de 15 quilômetros ao longo da faixa de fronteira
com a Venezuela e Guiana da área a ser homologada,
foi discutido ontem (6/4) e deverá ser votado
pela comissão externa da Câmara dos
Deputados na quarta-feira (14/4). Processo similar
ocorre no Senado.
Com exceção
dos deputados Luciano Valverde (PT/RO) e Perpétua
Almeida (PC do B/AC), que apresentaram questionamentos
ao documento - não considerados -, os demais
parlamentares presentes à reunião
defenderam a proposta do relator da Comissão
Externa da Câmara dos Deputados instalada
em fevereiro deste ano para "avaliar a demarcação
da Terra Indígena Raposa Serra do Sol".
Lindberg Farias defende, entre outros, a exclusão
de 12 mil hectares de terras griladas por arrozeiros;
Uiramutã, base de apoio do garimpo transformada
em município em 1997, mas ainda sub júdice;
e uma faixa de terra de 15 quilômetros ao
longo da faixa de fronteira com a Venezuela e Guiana
da área a ser homologada, para a criação
de um "cordão de isolamento" destinado
à "vivificação das fronteiras"
e à "ocupação produtiva"
da região.
Mais do que isso. O deputado Asdrúbal Bentes
(PMDB/PA) propôs a abertura de um novo processo
de identificação da TI Raposa Serra
do Sol (RR) e a análise de propostas de emenda
constitucional que exigem a submissão de
demarcação de TIs ao Congresso Nacional,
contrariando os direitos indígenas conquistados
na Constituição de 1988.
Proposta similar deve ser apreciada por senadores
também na próxima quarta-feira, quando
deverá votado pela comissão temporária
externa do Senado criada para analisar a questão
fundiária evolvendo terras indígenas
por solicitação do senador Mozarildo
Cavalcanti (PPS/RR), o parecer do senador Delcidio
Amaral (PT/MS). O documento propõe, entre
outros, a criação de mais pelotões
do Exército brasileiro em Roraima e concede
ao Senado a responsabilidade de decidir sobre todos
os processos demarcatórios de Terras Indígenas
do país.
Durante a apresentação de seu parecer,
Farias enfatizou o processo avançado de integração
dos povos indígenas de Raposa Serra do Sol
e a impossibilidade de sobreviverem da caça
e pesca, pela "falta de florestas em suas terras",
como fatores que não justificariam a demarcação
contínua. Houve quem afirmasse que não
há mais índios na região, apenas
"mesclados", desqualificando os estudos
sociais e antropológicos elaborados durante
a demarcação da Raposa Serra do Sol.
Farias reiterou, demoradamente, a necessidade de
defesa da soberania nacional. Citou a demarcação
da TI Yanomami como mais um dos tantos erros do
presidente Fernando Collor de Mello.
O deputado petista criticou intensamente o presidente
da Fundação Nacional do Índio
(Funai), Mércio Gomes, que se manifestou
favoravelmente à demarcação
contínua, nos moldes da Portaria 820/98.
Farias o taxou de intolerante, radical e intransigente
e propôs a formalização de uma
reclamação pedindo a exoneração
de Gomes por desrespeito aos parlamentares da comissão
externa.
Parlamentares criticaram também a atuação
da advogada indígena Joênia Wapichana,
que no dia 29/3 apresentou à Comissão
de Direitos Humanos da Organização
dos Estados Americanos (OEA), em nome do Conselho
Indígena de Roraima (CIR), petição
com denúncias de violação aos
direitos indígenas no Brasil. Afirmaram que
Joênia Wapichana não representa qualquer
povo indígena e que desfruta de "melhor
qualidade de vida" do que todos os indígenas
que hoje vivem em Raposa Serra do Sol.
Farias afirmou que até a próxima terça-feira
(13/3) recebe sugestões ao parecer, inclusive
de parlamentares que não integram a comissão
externa.
Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
(www.socioambiental.org.br)
Assessoria de imprensa (Fernando Mathias)