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GENTE DAS
ÁGUAS DEBATE MELHORIA DA GESTÃO
Panorama
Ambiental
Porto Alegre (RS) – Brasil
Junho de 2004
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Aumento do uso dos
rios, piora na qualidade das águas, principalmente
nos grandes núcleos urbanos, maior mobilização
por soluções descentralizadas. Essa
é uma síntese do panorama da gestão
dos recursos hídricos no Brasil e que está
em debate em Gramado (RS) durante o VI Encontro
Nacional do Fórum Nacional dos Comitês
de Bacias Hidrográficas, que acontece de
06 a 10 de junho.
Representantes de mais de 100 comitês já
formados no país – apenas o Estado do Acre
ainda não tem a sua lei específica
sobre gestão das águas – estão
passando a limpo os principais problemas e as conquistas
já obtidas nesta cruzada pela recuperação
da qualidade e da quantidade, gerenciamento de conflitos
e principalmente pela implantação
definitiva de um gerenciamento descentralizado.
“Pela primeira vez o Encontro dos comitês
vai fazer uma análise confrontando a teoria
com a prática” diz o coordenador do encontro,
Isidoro Zorzi, presidente do Comitê Taquari-Antas,
um dos 22 comitês de bacias já implantados
no Rio Grande do Sul. O formato planejado para este
encontro vai propiciar uma auto-análise do
trabalho dos comitês que são o núcleo
principal da gestão das águas brasileiras.
“A gestão de um bem público como a
água, através de uma nova unidade
territorial de planejamento que é a bacia
hidrográfica, rompeu com uma tradição
municipalista brasileira e, de certa forma, esse
é um dos principais entraves para que se
cumpram integralmente as disposições
de nossas leis de recursos hídricos”, avalia
Zorzi. Ele localiza na intersecção
entre o domínio dos Estados e da União
sobre os corpos d’água uma das principais
dificuldades. Pela legislação, os
rios federais - por percorrerem mais de um Estado,
ou quando servem de limites - estão sob o
domínio da União. Todos os demais
mananciais são de propriedade e devem ser
administrados pelos Estados. “Ocorre que os rios
federais são formados pela contribuição
de rios estaduais e ainda estamos engatinhando neste
relacionamento. As partes envolvidas não
têm cultura de que é preciso haver
uma harmonia de objetivos, pois o que se busca é
alcançar a meta de ter água em quantidade
e qualidade para todos os usos. E isto inclui a
própria manutenção dos ecossistemas”,
diz Zorzi. Ele critica o fato de que há uma
série de ilhas nas administrações
públicas. “Cada ministro é um pequeno
presidente”. E isto vale também para Estados
e municípios. Segundo ele, nem 10% das administrações
municipais têm clareza do papel dos comitês.
Falta avançar muito, ainda na disseminação
de informações e orientação.
Verdadeiro retrato da diversidade brasileira os
comitês foram se constituindo e atuando com
ênfase nas características regionais
avalia o coordenador do Encontro. Zorzi diz que
alguns Estados, como São Paulo, já
têm planos de bacia. Outros como o Ceará
já implantaram a cobrança pelo uso
dos mananciais. Outros, como o Rio Grande do Sul
têm avançado na mobilização
das comunidades. Essa diversidade de enfoques é
positiva, do ponto de vista de Isidoro Zorzi, pois
se apóia em um dos principais pilares da
gestão: a descentralização.
Gestão
das Águas - o tema em debate
Os três eixos
de discussão do VI Encontro de Comitês
de Bacias Hidrográficas são:
1. Dominialidade
das águas e as relações entre
os sistemas federal e estaduais de gestão
dos recursos hídricos, através de
4 painéis um para cada bacia hidrográfica
dos rios federais Paraíba do Sul, Doce, Piracicaba-Capivari-Jundiaí
e São Francisco.
2.Participação
dos Comitês na implementação
dos instrumentos de gestão dos recursos hídricos:
o enquadramento; o plano de bacia; a outorga; a
cobrança e o sistema de informações.
3.O processo de formação,
renovação e administração
de Comitês de Bacia Hidrográfica: estratégias
de mobilização e apoio à gestão
de recursos hídricos; educação
ambiental e gestão de recursos hídricos;
os Comitês e outros organismos de bacia hidrográfica;
capacitação dos membros de Comitê;
atuação do Comitê de bacia hidrográfica
em situações de emergência.
Também está sendo feita uma capacitação
de jornalistas sobre os principais instrumentos
de gestão.
Paralelamente
a estes dois eventos acontece na manhã desta
segunda-feira (07/6) a reunião do Fórum
Nacional de Secretários de Saneamento. No
domingo, antes da abertura do 6º Encontro,
ocorreu a posse do secretário de Obras e
Saneamento do RS, Frederico Antunes, na Presidência
do Fórum.
Fonte: SEMA (www.sema.rs.gov.br)
Assessoria de imprensa