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PRODUTORES
APRESENTAM ALTERNATIVAS DE RECUPERAÇÃO
DE ÁREAS ALTERADAS NA AMAZÔNIA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Junho de 2004
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Experiências
bem sucedidas de agricultores familiares, ongs,
associações comunitárias e
empresariais, na tentativa de recuperar áreas
alteradas na Amazônia Brasileira, serão
apresentadas nos próximos dias 08 e 09 de
junho, em Belém.
Tratam-se de iniciativas que aliam o desenvolvimento
local à sustentabilidade ambiental, destacando-se
a implementação de sistemas agroflorestais,
a eliminação do fogo na agricultura,
a valorização e melhor uso das capoeiras
(vegetação secundária), além
do beneficiamento e comercialização
de produtos não-madeireiros.
Doze de trinta experiências estudadas e validadas
pelo Centro Internacional para Pesquisa Florestal
(Cifor) e pela Embrapa Amazônia Oriental (Belém,
PA), unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuára,
vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento, serão apresentadas durante
o encontro, que vai reunir dirigentes e pesquisadores
de instituições nacionais e internacionais,
além de representantes de associações
comunitárias, empresários e pequenos
produtores rurais.
Hoje a Amazônia Brasileira possui 330 milhões
de hectares, dos quais cerca de 58 milhões
estão desmatados. O projeto "Revisão
das Experiências de Recuperação
de Áreas Alteradas na Amazônia Brasileira",
que tem o apoio do Instituto de Pesquisa Ambiental
da Amazônia (Ipam) e do Museu Paraense Emílio
Goeldi, iniciou em março de 2003 e já
catalogou 356 experiências grupais ou isoladas
na região, apesar de existirem muito mais
experiências sem registros. De acordo com
o pesquisador Everaldo Almeida, do convênio
Embrapa/Cifor "estudo semelhante é feito
em mais seis países da Ásia e América
do Sul, identificando, validando e difundindo iniciativas
já consolidadas".
O projeto tem como principal foco a região
do arco do desmatamento, hoje a mais deflorestada
da Amazônia. Ela abrange o nordeste do Estado
do Pará, o sudoeste do Maranhão, o
norte do Mato Grosso e o noroeste de Rondônia.
Na região, predominam as atividades madeireira,
pecuária e agrícola, em modelos que
levam ao uso exaustivo do solo e à derrubada
da floresta. "É nesta região
que programas de recuperação de áreas
alteradas devem dedicar mais esforços",
afirma Everaldo Almeida.
Experiências
Uma das experiências
que serão apresentadas ao público
nos dias 08 e 09 próximos é a "Roça
sem queimar", que atua em 11 municípios
da Transamazônica. O objetivo é substituir
a agricultura de corte e queima por um uso mais
racional do solo. Em três anos de atuação,
a iniciativa - liderada pela Fundação
Viver, Produzir, Preservar abrange 150 famílias.
Na Vila Nova Califórnia, fronteira entre
Acre e Rondônia, uma iniciativa está
sendo considerada "uma das mais promissoras
da Região Amazônica", afirma Everaldo
Almeida. É o Projeto Reflorestamento Econômico
Consorciado e Adensado (Reca), que implementou o
plantio consorciado de espécies florestais
com culturas agrícolas (perenes ou anuais),
os chamados Sistemas Agroflorestais (SAFs). Cerca
de 300 pequenos produtores rurais já dedicaram
parte de suas terras aos SAFs, que contribuem com
74% da renda anual das famílias, através
da comercialização dos produtos.
Everaldo Almeida explica que "vários
modelos de sistemas agroflorestais foram implantados
na região de acordo com as necessidades dos
agricultores e com os recursos disponíveis.
O primeiro modelo foi o plantio consorciado de cupuaçu,
castanha e pupunha. Em seguida, a pupunha foi consorciada
com várias espécies florestais, como
mogno, paricá, feijó, copaíba
e andiroba. E, por último, foram incentivados
os quintais agroflorestais".
Para que experiências como essas dêem
certo, o grupo de técnicos do Cifor e da
Embrapa atestou que o comprometimento do produtor
é fundamental e uma infraestrutura mínima
local é indispensável. Assistência
técnica, beneficiamento agroindustrial, vias
de escoamento da produção e mercado
são alguns dos pré-requisitos para
a sustentabilidade das iniciativas. "O pequeno
produtor não deve depender de uma única
prática de uso da terra, uma vez que a renda
depende diretamente do que oferece seu lote. Quanto
mais diversificado for seu sistema de produção,
melhor será o resultado. As experiências
do Reca, e de tantas outras têm dado provas
disso", afirma o pesquisador.
Fonte: Embrapa (www.embrapa.gov.br)
Ana Laura Lima