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TERMELÉTRICA
MOVIDA COM RESÍDUOS DE MADEIRA É
ALTERNATIVA ENERGÉTICA PARA PEQUENAS
DEMANDAS
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Fevereiro de 2004
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O Instituto de Eletrotécnica
e Energia (IEE) da USP coordenará um projeto
piloto para transformar resíduos de madeira
em energia elétrica renovável e sustentável.
A iniciativa, batizada de Enermad (alusivo a "energia
da madeira"), deverá beneficiar cerca
de 60 famílias da cidade de Costa Marques,
que fica na Reserva Extrativista de Cautário,
em Rondônia, a cerca de 700 km da capital Porto
Velho. Para que o projeto seja iniciado falta apenas
a liberação de recursos pelo Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq)
"Não temos registros de nenhum outro projeto
deste tipo e porte implementado no Brasil", afirma
o engenheiro Carlos Eduardo Machado Paletta, do Centro
Nacional de Referência em Biomassa (Cenbio/USP),
executor da iniciativa.
A idéia, segundo Palleta, é substituir
os geradores movidos a diesel utilizados pela comunidade,
o que representa, além de economia e incentivo
à indústria, uma série de outras
vantagens para todos os envolvidos. Segundo ele, a
geração de energia causará um
impacto ecológico muito menor, por conta de
que não haverá a queima de combustíveis
fósseis, os recursos a serem utilizados são
renováveis e esta prática será
desenvolvida de uma maneira sustentável e direcionada.
A partir de uma Central Termelétrica serão
gerados 200 quilowatts (kW), o suficiente para suprir
as necessidades atuais da Comunidade Extrativista
de Cautário I (que faz parte da Associação
dos Seringueiros do Vale do Rio Guaporé - Aguapé
/ RO) e ainda aumentar sua produção,
que engloba extrativismo do látex, da castanha
do Pará, exploração sustentável
de madeira, artesanato e ecoturismo. Atualmente, a
produção da comunidade não opera
em pleno potencial, pois não há energia
elétrica disponível.
Alternativa
energética
Um problema de se ter
um país com distâncias continentais é
que a distribuição da energia precisa
ser muito bem estruturada para que não ocorram
perdas significativas de eletricidade, o que encarece
o produto. "São necessários sistemas
de pequeno porte", explica o engenheiro. "Você
tem de levar a energia que precisam naquela região,
nem mais, nem menos."
Este projeto pode ser uma solução para
este problema, pois significa energia de qualidade,
barata e em locais de difícil acesso sem grandes
agressões ao meio ambiente. Segundo Paletta,
"a idéia é disseminar essa prática
no Brasil inteiro".
Com um orçamento de R$ 1 milhão, o projeto
deve durar dois anos e, se bem sucedido, levar a outros
estudos para identificar lugares com potencial para
a criação de novas centrais. Um dos
principais pré-requisitos é que, necessariamente,
precisa haver alguma ligação com atividades
sustentáveis, pois a biomassa combustível
utilizada na geração de energia provém
do refugo criado por elas.
Neste caso específico, o combustível
são os resíduos de madeira (serragem,
pedaços de madeira e até árvores
caídas). Mas outras indústrias, como
as ligadas à cana-de-açúcar e
à produção de álcool,
arroz, beneficiamento do côco e do caju, por
exemplo, realizam atividades que possibilitariam,
em tese, a instalação de projetos semelhantes.
Outro requisito que deve ser atendido, mas desta vez
pelo próprio projeto, é que ele precisa
ser de fácil apreensão, em virtude de
que serão as pessoas da comunidade os responsáveis
pelo manuseio da aparelhagem.
Para tanto, auxiliarão no desenvolvimento do
projeto e na capacitação de pessoal
o Ministério do Meio Ambiente (MMA), a Universidade
Federal de Rondônia (Unir), a Universidade Federal
do Pará (UFPA), a Fundação de
Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp/PA) e
o Governo do Estado de Rondônia, coordenados
pelo professor José Roberto Moreira, presidente
do conselho do Cenbio, e pela professora Suani Teixeira
Coelho, secretária executiva do Cenbio.
Fonte: Amazônia Org (www.amazonia.org.br)
Fonte: Agencia USP de Notícias (www.usp.br/agen)
André Benevides
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