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FORA DO
PANTANAL, ARARAS-AZUIS-GRANDES SOFREM GRAVE
AMEAÇA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Maio de 2004
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Ibama
prepara Plano de Ação para conservar
a espécie
Enquanto a
população de araras-azuis-grandes
no Pantanal praticamente dobrou na última
década - graças ao trabalho
de conservação realizado pelo
Projeto Arara-Azul - as aves dessa mesma espécie
distribuídas entre o norte do Mato
Grosso e centro-sul do Pará e ainda
no Maranhão, Piauí, Tocantins
e noroeste da Bahia estão cada vez
mais ameaçadas. As araras-azuis que
estão fora do campo de proteção
montado no Pantanal enfrentam dois fortíssimos
inimigos: o desmatamento e o tráfico
de animais silvestres. |
Ibama
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Levantamento feito por uma equipe formada
pelos pesquisadores Carlos Bianchi, Pedro
Scherer Neto e Yara Barros, com o apoio do
Ibama e da Fundação Boticário
apontam para um declínio significativo
na população das araras-azuis
da região conhecida como Gerais. Estima-se
que atualmente existam menos de mil araras-azuis
nas Gerais. Não existem estimativas
recentes para a região amazônica.
A principal causa do desaparecimento gradual
da espécie (Anodorhynchus hyacinthinus)
nessas áreas é a perda de habitat.
Ou seja, para plantar a soja, criar pasto
e retirar madeira de valor comercial são
destruídas as palmeiras que fornecem
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alimentos
para as araras. Aves consideradas especialistas
do ponto de vista alimentar, as araras-azuis dificilmente
buscam nutrição em outras fontes.
Em cada região onde vivem, as aves se especializaram
em se alimentar no máximo de duas ou três
espécies de palmeiras. Quanto menos palmeiras,
menos araras.
Cobiçadas por colecionadores do mundo inteiro,
as araras-azuis também são vítimas
nas mãos dos traficantes. Em dezembro de
2002, em uma única apreensão em Catalão
(GO), o Ibama resgatou nove araras-azuis-grandes.
O problema é que de cada dez bichos que entram
no circuito do tráfico, geralmente só
uns dois sobrevivem. Mesmo esses sobreviventes não
têm condições de retornar à
natureza sob o risco de morrerem nas garras de outros
predadores. Um desfalque dessa grandeza pode comprometer
uma população inteira a médio
prazo.
Sobram ameaças e faltam informações
e recursos financeiros que possam servir de apoio
para o estabelecimento de um programa consistente
para a conservação das araras-azuis.
"As informações estão
sendo atualizadas. Os últimos dados que tínhamos
em relação às aves que vivem
na faixa de transição dos cerrados
para a floresta amazônica eram do final da
década de 80", relata Carlos Bianchi,
biólogo da equipe que investiga a situação
das araras desprotegidas.
Plano de Ação
O Ibama deverá concluir
até o final do primeiro semestre deste
ano um plano de ação para tentar
salvar as populações selvagens de
araras-azuis-grandes e orientar o manejo em cativeiro
dos indivíduos da espécie considerada
ameaçada extinção. O documento
foi encomendado aos especialistas que fazem parte
do comitê criado no ano passado pelo instituto
com o objetivo de estabelecer as metas de conservação
das araras-azuis.
O modelo que deverá ser seguido no plano
de ação para se tentar ganhar a
luta contra o desaparecimento da arara-azul-grande
já existe. No Pantanal brasileiro, a bióloga
Neiva Guedes enfrentou uma enorme batalha em defesa
das aves. Há cerca de 13 anos, a situação
das araras no Pantanal era semelhante à
das parentes das outras regiões. A criação
de gado e as lavouras iam frontalmente contra
os interesses da conservação.
Com muita determinação, o Projeto
Arara-Azul foi se estabelecendo e conquistando
o apoio imprescindível dos fazendeiros.
Lentamente, a mentalidade no Pantanal foi se modificando
e hoje, devido ao ecoturismo e à visibilidade
internacional que a arara-azul trouxe para a região,
as aves adquiriram um novo status.
As araras-azuis no Pantanal hoje representam uma
bandeira para o ambientalismo dentro e fora dos
limites do Pantanal. Sob essa bandeira, diversas
outra aves, répteis, mamíferos e
insetos da região conseguem manter seu
ciclo de vida natural. "Além de haver
uma profunda relação entre as espécies
no meio ambiente, onde uma depende da outra, a
proteção de espécies-chave
como a arara-azul também beneficia as demais
espécies de uma mesma área",
esclarece Carlos Bianchi. Segundo ele, o desaparecimento
de uma espécie leva consigo muitas outras,
causando um grande desequilíbrio.
Fonte: Ibama (www.ibama.gov.br)
Ascom/MMA
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