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POLÍCIA
FEDERAL PROTEGE EMPRESA QUE CONTAMINA SOJA
BRASILEIRA
Panorama
Ambiental
Paranaguá (PR) - Brasil
Maio de 2004
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Navio
carregado com soja transgênica atracou em
Paranaguá sob vigília da PF; previamente,
embarcação havia partido sem carregar,
resultado de um protesto do Greenpeace
O navio Global Wind,
alvo de duas ações do Greenpeace nas
últimas semanas, atracou hoje no Porto de
Paranaguá protegido por homens e embarcações
da Polícia Federal. Carregado com 30 mil
toneladas de soja transgênica da Argentina,
o navio deve receber mais 10 mil toneladas do produto
livre de transgênicos do Paraná. A
operadora da carga é a Fertimport, subsidiária
da Bunge, atualmente a principal companhia de manipulação
e processamento de soja do mundo.
Para o Greenpeace, a soja exportada pelo porto paranaense
deveria ser, na realidade, protegida da contaminação
por OGMs (organismos geneticamente modificados),
a fim de não pôr a perder todo o esforço
feito para mantê-la livre de transgênicos.
Por isso, a organização tentou impedir
a atracação e o carregamento do navio
nos dias 4 e 8 de maio. Os portos do Paraná
(Paranaguá e Antonina) são os únicos
do país a realizarem o esforço contra
a soja transgênica.
"A Polícia Federal, assim como o governo,
deveria estar protegendo os direitos dos consumidores
e os interesses econômicos brasileiros em
manter sua soja livre de transgênicos",
disse Gabriela Vuolo, da Campanha de Engenharia
Genética do Greenpeace. "No entanto,
o que estamos vendo é exatamente o oposto:
as autoridades estão protegendo o carregamento
do navio, prejudicando assim as vantagens comerciais
brasileiras e permitindo que empresas como a Bunge
contaminem a soja brasileira".
Enquanto isso, na Itália, trinta ativistas
do Greenpeace estão, desde a manhã
de hoje, ocupando a planta de processamento de soja
da Bunge (Cereol) na cidade de Ancona. O objetivo
é impedir que um carregamento de soja não
transgênica vindo de Paranaguá (PR)
seja contaminado ao ser descarregado no local, e
de barrar a contaminação da cadeia
de alimentos da Itália com a soja transgênica
que já está estocada na unidade.
Alguns manifestantes bloquearam os portões
da planta e outros se acorrentaram a uma estrutura
da fábrica. Os ativistas também penduraram
uma faixa de 20 metros de comprimento no silo, demandando
o fim da comida transgênica. Em Ancona, 1500
toneladas do produto são processadas diariamente
na planta da Bunge.
"As empresas que desenvolveram os transgênicos
estão percebendo que não há
mercado para seus produtos", disse Federica
Ferrario, da Campanha de Engenharia Genética
do Greenpeace na Itália. "A Bayer desistiu
de seu milho transgênico no Reino Unido há
algumas semanas, e a Monsanto abandonou seus planos
para o trigo e a canola transgênica há
poucos dias. Então, por que a Bunge ainda
importa transgênicos? A soja livre de OGMs
pode ser fornecida pelo Brasil, e de fato mais de
50 mil toneladas do produto, proveniente de Paranaguá,
estão sendo entregues agora mesmo à
multinacional".
Na última terça-feira, ativistas do
Greenpeace colocaram placas na planta da Bunge em
Passo Fundo (RS), indicando o uso de transgênicos
no local. A empresa, embora tenha admitido ao Greenpeace
que usa soja geneticamente modificada na unidade
(para a fabricação das marcas de óleo
de cozinha Soya e Primor), não rotula seus
produtos. Passo Fundo fica no centro da contaminação
por transgênicos no país. A atividade
fez parte da expedição "Brasil
Melhor sem Transgênicos", para a qual
o navio do Greenpeace Arctic Sunrise está
especialmente no Brasil.
"As companhias que controlam o fornecimento
de nossa comida tem a responsabilidade de prover
alimentos sem transgênicos", disse Gabriela.
"Da mesma maneira, as autoridades têm
a responsabilidade de controlar as companhias que
fornecem nossa comida. De um jeito ou de outro,
temos o direito a alimentos livres de transgênicos".
O Greenpeace intensificou a campanha mundial contra
os alimentos transgênicos nos últimos
meses. Em meados de abril, ativistas bloqueram uma
unidade da Bunge em Cartagena (Espanha). Na semana
seguinte, na Austrália, o navio Rainbow Warrior
atrasou a entrada de um carregamento de soja geneticamente
modificada vinda dos EUA no porto de Melbourne.
Fonte: Greenpeace (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa