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CAFURINGA,
NOVO MEIO DE TRANSPORTE, AJUDA NA ESCOAÇÃO
DA PRODUÇÃO NO PARÁ
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Julho de 2004
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Nove comunidades
da Bacia de São Pedro, no estado do Pará,
serão beneficiadas com um transporte inédito:
a cafuringa – uma espécie de caminhonete
a diesel, adaptada para regiões com grandes
elevações. O transporte permitirá
aos trabalhadores da Reserva Extrativista (Resex)
Tapajós Arapiuns o escoamento da produção
até os rios.
Habitantes do centro da floresta, que ficam afastados
das margens do rios Tapajós e Arapiuns, poderão
comercializar seus produtos, após percorrer,
na cafuringa, os seis quilômetros que ligam
a reserva aos rios. Os principais produtos de extração
são: óleos vegetais, mel de abelha,
castanha-do-Pará, seringa, andiroba, copaíba,
cumaru, uxí, pequiá, cacau, bacaba,
tucumã, inajá, patauá, buriti,
açaí, jatobá, coco, curuá,
ingá e mucajá.
Ao todo, são duas cafuringas: uma que liga
as comunidades ao rio Tapajós e a outra ao
Arapiuns. Nazareno José de Oliveira, 56,
nascido na Reserva, sabe o que é transportar
a produção numa região de difícil
acesso. Segundo ele, na época em que trabalhava
como seringueiro, era preciso levar a borracha nas
costas, pois não havia trilha para andar
de bicicleta, moto, carro-de-boi ou mesmo a pé.
Hoje, é possível andar com a cafuringa
pela floresta, mas seu Nazareno trabalha em outra
frente, como presidente da Associação
Tapajoara, a principal da Reserva, buscando melhorias
para a população da região.
“Conheço a realidade dos moradores da Resex.
Diante da necessidade de escoamento da produção
dentro da reserva, fizemos um projeto e, junto com
o Ministério do Meio Ambiente, a Secretaria
de Coordenação da Amazônia e
o Projeto de Apoio ao Agroextrativismo, conseguimos
R$ 26 mil para a construção das cafuringas
e para o frete, de Santarém até o
interior da reserva. Com isso, as famílias
vão melhorar a sua renda”, disse Nazareno.
Segundo ele, além de levar a produção
até o rio e transportá-la para a cidade,
os extrativistas precisavam melhorar o preço
do produto – o que está sendo remediado por
meio de cursos de capacitação, que
vêm sendo ministrados na reserva. “Produzir
borracha de qualidade traz dinheiro garantido. Além
disso, a associação vai capacitar
20 pessoas da comunidade para manusear corretamente
o transporte”, disse.
Duas cafuringas, no entanto, representam pouco para
a região, segundo o seringueiro. “Ainda não
são suficientes. Com crédito, vamos
conseguir mais cafuringas, que é o transporte
mais apropriado para dentro da floresta”, disse.
A cafuringa vai beneficiar 20 mil pessoas, em 68
comunidades da reserva, que possui mais de 647 mil
hectares, e fica localizada no território
de duas cidades do Pará: na região
oeste de Santarém e noroeste de Aveiro. Criada
há cinco anos, a Associação
Tapajoara foi resultado da necessidade de união
das comunidades frente à invasão das
madeireiras. “Tiravam a madeira e acabavam com tudo”,
denunciou.
Fonte: Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Keite Camacho