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O IMPACTO
DO USO DA TERRA NAS QUESTÕES CLIMÁTICAS
GLOBAIS E DE RECURSOS HÍDRICOS
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Julho de 2004
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A Universidade de
São Paulo está desenvolvendo em parceria
com Votorantim Celulose e Papel um projeto para
quantificar os ciclos de carbono e água em
florestas naturais e florestas plantadas de reflorestamento
(eucalipto). O projeto é coordenado pelo
professor Humberto Ribeiro da Rocha, do Instituto
de Astronomia, Geofísica e Ciências
Atmosféricas da Universidade de São
Paulo, e envolve especialistas de diversas áreas,
como biólogos, hidrólogos, engenheiros
florestais e meteorologistas. Pesquisadores da Embrapa
Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), unidade da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária,
vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento participam desse projeto.
O trabalho pretende compreender de forma quantitativa
o ciclo funcional das florestas, o impacto das mudanças
de uso da terra, e a elaboração de
modelos físico-matemáticos verificando
como se procedem as trocas de carbono e água
do sistema solo-vegetação com a atmosfera
e a hidrosfera (rios e água subterrânea).
Os estudos envolvendo simultaneamente os ciclos
de carbono e água são inéditos
na América Latina e têm previsão
de duração de cinco anos. A floresta
natural estudada é a Gleba Pé de Gigante,
uma área estadual de Cerrado, no interior
de São Paulo, administrada pelo Instituto
Florestal da Secretaria do Meio Ambiente.
Osvaldo Cabral, pesquisador da Embrapa, explica
que serão medidos os fluxos de CO2 e a evapotranspiração,
que é a evaporação do solo
e a transpiração das plantas. Serão
analisadas três tipos de ocupações:
uma área com cultivo de eucalipto; uma área
de cerrado nativa e uma área com cana-de-açúcar.
Essa análise tem dupla finalidade. A primeira
é poder simular esses dados em modelos matemáticos
de crescimento e a segunda é a questão
da sustentabilidade dos sistemas (comparação),
explica o pesquisador. A previsibilidade é
importante, pois permite que se enxergue quais as
melhores formas de se manter a sustentabilidade
de produção e oferta de recursos hídricos.
Em cenários adversos, como eventos climáticos
extremos, mudanças de uso da terra com manejo
inadequado, os impactos podem ser previstos e os
riscos calculados. Com isso, os estudos poderão
apontar quais métodos podem ser empregados
para que conceitos como integridade e sustentabilidade
do ecossistema sejam atingidos.
Será uma investigação para
indicar alternativas de mitigação
do aquecimento global e da redução
da escassez de água. Vinculado à questão
do carbono, a utilização e oferta
de água é o outro tema principal do
estudo, contemplando as externalidades ambientais
da remoção de carbono de forma conjunta.
A participação da Votorantim no projeto,
em Luiz Antonio, SP, será a área de
estudos concentrados sobre o agroecossistema eucalipto.
Trata-se de uma região manejada com eucalipto
há várias décadas, que tem
um sistema de manejo com alta produtividade agrícola.
Estão envolvidas nas pesquisas o Instituto
de Astronomia, Geofísica e Ciências
Atmosféricas da Usp e a Esalq, Piracicaba,
a Embrapa Meio Ambiente, o Departamento de Águas
e Energia Elétrica de São Paulo, a
Instituto de Botânica, da Secretaria do Meio
Ambiente e o Centro de Previsão do Tempo
e Estudos Climáticos.
A Gleba Pé de Gigante foi escolhida pelas
referências ou linhas de base que são
parâmetros fundamentais em estudos de sustentabilidade
e impacto ambiental. O Sudeste do Brasil foi em
grande parte coberto por vegetação
de Cerrado restrito e Floresta Mata Atlântica
do interior, as quais hoje apenas restam pequenos
fragmentos. A Gleba Pé de Gigante é
a maior reserva de Cerrado Restrito, na forma de
área contígua, no Sudeste do Brasil.
Situa-se próxima ao grande pólo canavieiro
no norte do estado, e de áreas de eucalipto
nas cercanias. Como ela foi extensivamente estudada
por biólogos e ecólogos da Universidade
de São Paulo, tem-se um grande conhecimento
da funcionalidade ecofisiológica do Cerrado,
o que será um excelente elemento de comparação,
explica Humberto. (algumas informações
foram retiradas do site celuloseonline)
Fonte: Embrapa (www.embrapa.gov.br)
Cristina Meio Tordin