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ADMINISTRADOR
DA FUNAI RECEBE AMEAÇAS DE MORTE
NA QUESTÃO SUYÁ-MISSÚ
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Janeiro de 2004
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O administrador regional
da Fundação Nacional do Índio
(Funai), Edson Beiriz, protocolou, na última
terça-feira (dia 13), junto à 6ª
Câmara de Coordenação e Revisão,
Comunidades Indígenas e Minorias do Ministério
Público Federal a denúncia de um plano
para assassiná-lo.
Na denúncia, Beiriz, que trabalha com povo
o Xavante da terra indígena Marãiwatsedé
- hoje acampados na fazenda Suyá Missú
- em Alto Boa Vista (MT), cita a testemunha S.R.
que em depoimento diz "ter ouvido três
homens conversando que estariam indo para a cidade
de Goiânia (GO), com o objetivo de matar o
servidor da Funai, Edson Beiriz, juntamente com
um moreno conhecido por Denivaldo, por serem os
responsáveis pela presença dos índios
Xavante naquela localidade do conflito".
No documento, a testemunha S.R. afirma ainda que
os três homens já haviam tentado matar
Beiriz por outras duas vezes, mas sem sucesso.
O administrador da Funai suspeita que as ameaças
teriam partido de políticos locais e de grandes
invasores da terra Marãiwatsedé já
homologada e registrada.
Para o dia 29 deste mês foi marcada pelo Juiz
da 5ª Vara de Cuiabá, José Pires,
uma audiência de justificação,
comum em processos de posse e que, no caso, serve
para comprovação de que a área
se trata de terra indígena.
Ainda sem nenhum tipo de proteção
policial, Beiriz teme pela sua vida e de sua família,
"ultimamente, eu e minha família temos
andado com muito medo e cautela devido às
ameaças. Contudo, não pretendo deixar
de cumprir com as minhas obrigações
como funcionário público federal".
Ameaça a Dom Pedro Casadáliga
No final do mês de dezembro, a Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou através
de nota suas preocupações com as constantes
ameaças de morte feitas à Dom Pedro
Casaldáliga, bispo da prelazia de São
Félix do Araguaia (MT), e solicitou que fosse
garantido pelo governo "um efetivo necessário
da Polícia Federal no local do conflito para
assegurar a integridade física do povo Xavante;
que sejam reassentados todos os posseiros que são
clientes da reforma agrária; seja garantida
segurança a Dom Pedro Casaldáliga
e agentes da Pastoral da Prelazia, que vêm
sofrendo ameaças de morte pela sua defesa
aos direitos dos Xavante à posse da terra".
No momento em que Dom Pedro, lideranças indígenas
e apoiadores da causa indígena, como Edson
Beiriz, sofrem com as ameaças, 80 Xavante
permanecem resistindo acampados na fazenda na Suyá-Missu
sob a mira de 40 posseiros, sem nenhuma proteção
da Polícia Federal ou Militar.
Fonte: CIMI – Conselho Indigenista
Missionário (www.cimi.org.br)
Assessoria de imprensa