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GIL VISITA
ALDEIA BORORO E CONHECE PROJETO DE NOVAS
HABITAÇÕES
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Abril de 2004
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O ministro da Cultura,
Gilberto Gil, recebeu ontem o projeto Meri Ore Eda,
durante visita ao povo Bororo, que vive no sudoeste
do estado de Mato Grosso, em dez aldeias de seis
reservas indígenas. "Esse projeto simboliza
o que é o Ministério da Cultura no
Governo Lula. É o projeto que harmoniza a
tradição com a invenção.
Eu não preciso inventar nada. O povo Bororo
já inventou e está nos dando um presente
material, que é a construção
da nova aldeia", disse o ministro, ao conhecer
projeto que busca promover o resgate e a preservação
da cultura indígena do sudoeste matogrossense.
O projeto Meri Ore Eda (Morada dos Filhos do Sol),
que foi elaborado pelo Instituto das Tradições
Indígenas (Ideti) com o objetivo de promover
o resgate cultural dos Bororo, prevê a construção
de uma aldeia tradicional modelo dentro da reserva
do Meruri, no município de General Carneiro,
a 110 quilômetros de Barra do Garças.
O trabalho visa recuperar a rica tradição
do povo, que vem se perdendo ao longo dos últimos
100 anos de contato intenso com a sociedade e com
a missão religiosa. O projeto foi entregue
ao ministro por Paulo Mierecureu Bororo, um dos
diretores do Ideti, que é uma organização
não-governamental criada e dirigida por indígenas
de várias etnias.
O encontro de Gilberto Gil com a comunidade se deu
em pleno cerrado, exatamente no local onde o projeto
será desenvolvido. A localidade fica distante
10 quilômetros da aldeia Meruri, onde atualmente
os índios vivem em casas de alvenaria, descaracterizadas
de sua cultura. O projeto Morada dos Filhos do Sol
prevê a construção de casas,
do centro cultural e da aldeia dos visitantes. Todas
as construções respeitarão
a arquitetura que preserva os fundamentos da tradição
cultural Bororo, com adaptações em
relação a saneamento, por exemplo.
A partir de junho, segundo Ângela Pappiani,
coordenadora do projeto, será possível
a construção de 14 casas, que serão
"um arquivo vivo e espaço de transmissão
do conhecimento para as novas gerações".
Oito dessas habitações serão
erguidas em madeira e palha
trançada, com o baito - casa dos homens -
ao centro.
Gente de
verdade
Atualmente, a população
total Bororo é de cerca de 1.100 indivíduos,
divididos em seis reservas: Meruri, Sangradouro,
Perigare, Tadarimara, Jarudori e Teresa Cristina.
O povo se autodenomina Boe, que quer dizer "gente
de verdade". Bororo significa pátio
da aldeia ou pátio das danças. A língua
falada é da família lingüística
Jê. A rica cultura da comunidade já
foi objeto de vários estudos, teses, livros
e filmes ao longo de mais de um século.
O território tradicional do povo ocupa grandes
extensões de cerrado, onde se situam os estados
de Goiás, Mato Grosso, até o norte
de Minas Gerais, sendo que, nesta última
região, as aldeias foram extintas no início
do contato com os brancos. O primeiro contato de
bandeirantes com um grupo Bororo aconteceu no ano
de 1719, quando era intensa a procura de ouro. Naquele
período, a nação se dividiu
em duas: os bororo orientais, que não aceitaram
os brancos, ocuparam o lado oeste do rio Cuiabá,
enquanto os ocidentais, unidos aos brancos, começaram
a participar da exploração do ouro.
As informações são do Ministério
da Cultura
Fonte: Radiobras (www.radiobras.gov.br)