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LIVRO TRAÇA
PARALELO ENTRE PROPOSTAS SOCIAIS DOS GOVERNOS
LULA E FHC
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Abril de 2004
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Ao traçar
um perfil das propostas sociais do governo Fernando
Henrique Cardoso, no início do segundo mandato,
e as anunciadas pelo governo Lula, o livro ”A Era
FHC e o Governo Lula: Transição?”,
lançado hoje na Câmara dos Deputados
pela Organização Não Governamental
Instituto de Estudos Sócioeconômicos
(Inesc), conclui que o atual governo, “aparentemente
não possui um modelo que contemple a possibilidade
de desenvolvimento".
A economista doutoranda pela Universidade de Brasília
(UnB), Selene Peres Nunes, em artigo sobre ajuste
fiscal e avanço social, enfatiza que cabe
agora à sociedade civil “mais amadurecida
e consciente das dificuldades, assumir seu papel
propositivo e lutar para que seja encontrado e posto
em prática um modelo” que atenda as aspirações
da sociedade. O trabalho questiona se o governo
Lula vai exercer o papel de condutor do processo
de desenvolvimento econômico e social nos
três anos restantes de mandato “ou se aguardará
que se repita o clima de frustração
de 2002, que derrotou nas urnas a continuação
do modelo de governo” de Fernando Henrique Cardoso.
Segundo a autora, em mensagem ao Congresso, ao assumir
o segundo mandato, FHC reconhecia a situação
de desigualdade social no país e asseverava
que havia alternativas. Se bem encaminhadas, assinala,
contribuiriam sensivelmente para a redução
do problema nutricional no país. No entanto,
o governo promoveu esses benefícios. A professora
recorda que em dezembro de 1996 o governo FHC registrava
marca de aprovação da população
em 47% e em setembro de 1998, em meio a uma grave
crise, registrou 43%, garantindo sua reeleição.
Ao final de mandato, o índice de reprovação
era de 36% e tinha aprovação de apenas
26%.
Segundo o Inesc, a perda do “timing” do ajuste na
Previdência e a falta de consenso sobre a
reforma tributária foram dois dos principais
erros do período FHC. A fixação
do câmbio num patamar inicialmente sobrevalorizado
e o excessivo gradualismo das desvalorizações
cambiais e das reduções de taxas de
juros são fatores apontados como principais
erros da era FHC.
O livro do Inesc recorda que a declaração
de moratória em 1999, feita pelo estado de
Minas Gerais, levantou mais dúvidas sobre
o pagamento de empréstimos externos, agravando
as incertezas do mercado, tornando-se a gota d'água
para um dos momentos mais difíceis da vida
brasileira.
Ao traçar um panorama das dificuldades vividas
pelo governo anterior e o atual, o artigo da economista
Selene Peres Nunes menciona que “analisando o primeiro
ano do governo Lula preocupa que estejamos furtivamente
trilhando o mesmo caminho do anterior. Ela critica
a política de segurar os juros, adotada pelo
Banco Central, não vendo perigo num “ambiente
de crescimento tão baixo”. A economista assinala
que "sem uma política econômica
capaz de gerar crescimento e empregos, sem programas
que passem por uma gestão mais eficiente
dos recursos e que concorram para o desenvolvimento
social – como o governo Lula pode continuar afirmando
que está, desse modo, gerando as pré-condições
para o crescimento com distribuição
de renda?"
O livro “A era FHC e o Governo Lula: Transição”
reúne artigos de 20 especialistas que abordam
de forma ampla a reforma do estado, a política
fiscal, a seguridade social, a assistência
e Previdência Social e outras áreas
como educação, saúde, questão
indígena, meio ambiente, reforma agrária,
segurança alimentar e nutricional, segurança
pública e política externa.
O Inesc é uma Ong que vai completar 25 anos
de atuação no Brasil no dia 20 de
agosto. O livro foi lançado com a presença
de parlamentares da Comissão de Direitos
Humanos da Câmara Federal, que destacaram
a participação da entidade na Casa,
na comunhão com a luta pelas questões
sociais.
Fonte: Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Lourenço Melo