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MINISTRO
DA CULTURA RECEBE, EM MATO GROSSO, PROJETO
DE CONSTRUÇÃO DE UMA ALDEIA
TRADICIONAL BORORO
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Abril de 2004
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Amanhã,
15 de abril, Gilberto Gil visita o povo Bororo na
Terra Indígena (TI) Meruri (MT), onde lhe
será entregue o projeto Meri Ore Eda (“Morada
dos Filhos do Sol”), que prevê construir uma
aldeia com arquitetura tradicional desse povo. Gil
estará acompanhado pelo governador Blairo
Maggi (MT) e outras autoridades.
Elaborado pelo Instituto
das Tradições Indígenas (Ideti)
em conjunto com a comunidade da TI Meruri – localizada
no município de General Carneiro, no sudoeste
do Mato Grosso - o projeto Meri Ore Eda visa promover
a revitalização cultural do povo Bororo,
remodelando sua relação com a sociedade
nacional. Na entrega do projeto, haverá um
canto cerimonial seguido por uma refeição
coletiva à moda Bororo, que contará
também com a participação de
índios dessa etnia vindos de outras TIs.
O encontro vai se dar no local previsto para a construção
da nova aldeia, a 10 km da atual, onde os Bororo
vivem em casas cuja disposição e o
modo de construção são muito
diferentes do modelo tradicional.
A partir de junho de 2004, a idéia é
construir 14 casas de madeira e palhas trançadas,
de acordo com a arquitetura Bororo, com as habitações
dispostas de forma circular tendo ao centro a “casa
dos homens” e, no lado oeste, a praça cerimonial,
denominada Bororo. Mesmo nas aldeias em que as casas
estão construídas de modo linear por
influência dos missionários ou de agentes
do governo, a circularidade da aldeia é considerada
a representação ideal do espaço
social e do universo cosmológico. É
ali que tem lugar o mais longo e complexo de todos
os rituais bororo: o funeral, quando a celebração
do luto é também um momento de revitalização
cultural, envolvendo um intrincado enredo de práticas
cerimoniais, cantos, danças, iniciações
de jovens, caçadas e pescarias coletivas.
A nova aldeia contará também com um
centro cultural e uma réplica de aldeia para
visitantes. O projeto pretende ainda fortalecer
outros aspectos da riquíssima cultura deste
povo, que sofreu um intenso processo de desagregação
decorrente do histórico do contato com a
sociedade não-indígena, marcado por
violência, expropriação e catequização.
Daí o significado especial que tem.
Luta pela
terra
A TI Meruri, local
de implementação do projeto, foi,
na década de 1970, cenário de um massacre
liderado por fazendeiros que disputavam a terra,
constituindo um marco infeliz nas lutas dos Bororo
por seus direitos fundiários. Atualmente,
aos Bororo é reconhecida a posse de seis
Terras Indígenas no Estado do Mato Grosso.
As TIs Meruri, Perigara, Sangradouro/Volta Grande
e Tadarimana estão registradas e homologadas.
A TI Teresa Cristina está sob júdice,
uma vez que sua delimitação foi derrubada
por decreto presidencial. A Jarudori, por sua vez,
foi reservada aos índios pelos SPI (Serviço
de Proteção ao Índio, órgão
que antecedeu a Fundação Nacional
do Índios - Funai), mas foi sendo continuamente
invadida, a ponto de hoje estar totalmente ocupada
por uma cidade. Esse território descontínuo
e descaracterizado corresponde apenas a uma pequena
porção das terras tradicionais Bororo.
Para saber mais sobre esse povo clique aqui.
Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
(www.socioambiental.org.br)
Uirá Felipe Garcia e Valéria Macedo