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PRESERVAÇÃO
AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SÃO DESAFIOS
DO SUL DO AMAZONAS
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Abril de 2004
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Pesquisadores monitoram
lavouras de soja em Rondônia "É
difícil pensar em sustentabilidade ambiental
para os cerrados amazônicos sem que a região
tenha sequer sustentabilidade alimentar". A
afirmação, de autoria do pesquisador
da Embrapa Rondônia (Porto Velho-RO) da área
de Melhoramento Vegetal André Rostand Ramalho,
analisa o dilema decorrente do desenvolvimento do
agronegócio grãos no sul do Amazonas
frente às necessidades de preservação
ambiental. grãos no sul do Amazonas frente
às necessidades de preservação
ambiental. De acordo com Rostand, a necessidade
imposta pela deficiência na produção
de alimentos básicos - como arroz, feijão,
milho e a própria soja - faz com que esses
produtos sejam importados de outros estados brasileiros,
sendo que regiões de cerrado do Amazonas,
se estimuladas, poderiam reverter a situação.
O pesquisador foi um dos palestrantes durante o
"2º Agrotec", seminário voltado
para o desenvolvimento rural do sul do Amazonas,
realizado em março no município de
Humaitá, cidade com aproximadamente 50 mil
habitantes. Em editorial distribuído pelo
presidente da Assembléia Legislativa do Estado,
Lino Chíxaro, e pelo coordenador geral do
evento, Renato Pereira Gonçalves, a polêmica
é abordada. "A variável ambiental
é extremamente importante, mas terá
que ser rigorosamente observada dentro da perspectiva
de que a conservação do meio ambiente
não pressupõe a intocabilidade dos
campos e até mesmo da floresta amazônica",
apresenta um trecho da nota. "São muitos
os pesquisadores, acadêmicos e pensadores
que defendem a tese, ao nosso ver correta, que o
homem tem direito inalienável à vida,
e não há vida sem alimentação,
roupa, casa, enfim, não há vida sem
a exploração racional dos recursos
naturais", diz outro trecho.
Para André
Rostand é extremamente necessário
que nas áreas abertas sejam cumpridas ações
de manejo sustentável, como a manutenção
dos mananciais hídricos e cuidados com a
conservação do solo. A postura foi
defendida também pelo secretário de
Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
do Amazonas, Virgílio Viana. "Existe
uma grande dificuldade em administrar a situação,
já que o biorisco influencia nos custos de
produção. É urgente preservar,
mas a região oferece condições
de se tornar auto suficiente na produção
de grãos em áreas já exploradas",
analisa o pesquisador.
Além da questão ambiental, o aspecto
fundiário foi amplamente discutido durante
o evento. A maioria dos produtores possui Licenças
de Ocupação (LO) expedidas pelo Incra,
sendo que grande parte das terras da Amazônia
é de propriedade da União. "O
Estado não pode definir políticas
próprias de ocupação e a realidade
leva a uma situação de risco, já
que são necessários altos investimentos
para a produção de grãos",
diz Rostand.
Mesmo com tantos entraves, o Governo do Estado assumiu
um compromisso com empresários em constituir
um pólo produtor de grãos no sul do
Amazonas, através de convênio de R$
1,2 milhões com o "Grupo Campo",
que atua no desenvolvimento dos cerrados brasileiros.
Realidade - Humaitá engloba uma fronteira
agrícola estimada, segundo a Prefeitura Municipal,
em mais de um milhão de hectares para o cultivo
de cereais. Entre as duas últimas safras,
o incremento na produção de grãos
foi de 100%, considerando área cultivada
e montante produzido. Na safra 2003/2004, os agricultores
colheram 20 mil toneladas de grãos. No entanto,
como em outras regiões produtoras de soja,
a ferrugem asiática provoca suspeita de incidência.
"Iríamos abordar nas palestras medidas
preventivas para postergar a chegada da doença.
No entanto, segundo
depoimentos de agrônomos, foram constatados
focos de ferrugem em áreas experimentais",
revela André Ramalho.
A doença ainda não foi comprovada
oficialmente em laboratório, mas detectada
a partir dos sintomas aparentes nas folhas. Especulações
apontam duas possibilidades para a chegada da ferrugem
na região: sementes ou trânsito de
carretas vindas dos estados de Mato Grosso e Rondônia,
regiões com grande índice de infestação,
e que fazem o transporte da produção
do Amazonas. Segundo o pesquisador da Embrapa Rondônia,
se a doença for comprovada, o controle em
Humaitá representará gastos entre
2,5 e 3 sacas. Mesmo assim a região desponta
como nova fronteira agrícola da região
Norte, já que a cotação média
do preço da saca está R$ 4 acima do
valor praticado no cone sul de Rondônia, principal
região produtora, em decorrência da
sua proximidade às vias de escoamento.
Fonte: Embrapa (www.embrapa.gov.br)
Assessoria de imprensa (Guilherme Ferreira Viana)