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TESTES REVELAM
QUE ROUPAS INFANTIS DA DISNEY CONTÊM
SUBSTÂNCIAS TÓXICAS
Panorama
Ambiental
Amsterdã – Holanda
Abril de 2004
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O Greenpeace lançou
esta semana um relatório que demonstra que
substâncias químicas tóxicas
ao meio ambiente e à saúde humana
estão presentes em roupas infantis da marca
Disney. Artigos de vestuário, incluindo camisetas,
pijamas e peças íntimas foram compradas
em lojas de 19 países e analisadas pelo laboratório
independente dinamarquês Eurofins.
O relatório, que possui o título em
inglês “Toxic Childrenswear by Disney” (1),
revela que a maioria das roupas contêm substâncias
químicas perigosas. Esses compostos – localizados
nos desenhos e frases impressas – são resultado
do uso de técnicas de impressão com
PVC. “Por outro lado, a boa noticia é que,
se a indústria realmente desejar, camisetas
coloridas podem ser impressas sem o uso de substâncias
tóxicas” disse Iza Kruskewska, da Campanha
Internacional de Substâncias Tóxicas
do Greenpeace.
Lojistas têm um papel importante na redução
de substâncias perigosas em produtos. Em uma
roupa do personagem “Tigrão” comprada na
Dinamarca na loja Hennes & Mauritz (H&M),
por exemplo, foram empregadas tecnologias alternativas
de impressão em tecidos, que não utiliza
substâncias químicas tóxicas.
Em 2002, a H&M decidiu substituir o PVC e impressões
a base de PVC em todos os seus produtos.
“Se a Disney realmente se preocupasse com o uso
de substâncias perigosas em seus produtos,
poderia substituir ou mesmo banir tais substâncias
tóxicas, como a própria H&M fez”,
disse Kruskewska.
Greenpeace instigou a Disney, em 2003, para que
fosse responsável e substituísse tais
substâncias tóxicas dos seus produtos.
A empresa reagiu dizendo
que seus produtos estavam de acordo com a lei, e
por essa razão, não tomou qualquer
medida para evitar o problema.
No licenciamento
e autorização de suas marcas, a Disney
impõe condições rigorosas aos
fornecedores, incluindo questões de design
e cor. Portanto, a empresa deveria garantir também
que substâncias perigosas não fossem
utilizadas nos produtos que ela licencia ou produz.
O relatório do Greenpeace é lançado
em um momento importante, já que a União
Européia vem debatendo diretrizes que irão
regularizar e fiscalizar a indústria química.
O texto original das diretrizes propostas, chamado
Reach, tem na sua base o princípio da substituição.
Esse principio prevê que se uma indústria
ou empresa está usando substâncias
perigosas em um produto, sendo que substâncias
alternativas não tóxicas são
oferecidas, ela será legalmente obrigada
a interromper o uso de tais componentes.
“Lamentavelmente, órgãos reguladores
e fiscalizadores europeus têm sido constantemente
influenciados pela indústria química
e por certos governos, incluindo os Estados Unidos,
para que o princípio da substituição
seja retirado da proposta original”, disse Nadia
Haiama Neurohr, consultora política do Greenpeace
na Europa. "A não ser que os governos
europeus efetivamente ajam para evitar tal influência,
companhias como a Disney poderão continuar
vendendo roupas que contêm substâncias
químicas causam danos à saúde
das crianças, mesmo que alternativas não
tóxicas sejam oferecidas”, completou Neurohr.
No contexto global, a Convenção de
Estocolmo (2) prevê o banimento da produção
e uso de poluentes orgânicos persistentes
(POPs) (3), através da identificação
de alternativas mais adequadas ambientalmente. No
Brasil, a Convenção precisa ainda
ser aprovada pelo Senado. Depois, para ser ratificada
(tornada lei) em nosso país deve então
ser sancionada pelo Presidente da República.
Substâncias químicas tóxicas
empregadas nos mais diversos produtos de uso diário
são também objeto de estudo do Greenpeace
Brasil. A Campanha Veneno Doméstico (4) está
trabalhando em seu relatório sobre os resultados
da análise da poeira coletada em diversas
residências e escritórios brasileiros.
O relatório será publicado em junho
deste ano. A expectativa é de que diversas
substâncias tóxicas sejam encontradas
nessa poeira, contaminada pelo desprendimento dessas
substâncias por parte de diversos produtos,
como eletroeletrônicos, pisos, revestimentos,
produtos de higiene pessoal, cosméticos,
produtos de limpeza e até mesmo brinquedos.
Participe você também e envie uma mensagem
à Disney exigindo que a empresa não
utilize substâncias tóxicas em seus
produtos.
(1) Veja a versão
em inglês do relatório no site do Greenpeace.
(2) Em 23 de maio
de 2001, mais de 100 países assinaram a Convenção
sobre Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs),
também conhecida como Convenção
de Estocolmo ou ainda de Tratado dos POPs. Essa
convenção é um tratado legal
internacional que tem o objetivo de eliminar uma
lista inicial de 12 substâncias tóxicas
persistentes (os “12 Sujos”), que incluem pesticidas
e substâncias químicas industriais,
como o DDT, o aldrin, o dieldrin, o clordane, o
endrin, o heptacloro, o hexachlorobenzeno, o mirex,
o toxafeno, os PCBs (bifenila policlorados), as
dioxinas e os furanos. Esses dois últimos
são substâncias geradas não
intencionalmente no processo produtivo, uso ou disposição
(como a incineração) de outros POPs
ou de resíduos sólidos em geral (como
plásticos PVC). O Brasil assinou o tratado
em 23 de maio. São necessários 50
países para que o tratado entre em vigor.
Até hoje, 48 países já ratificaram
(tornaram lei) o texto da convenção.
Após a aprovação pelo Senado,
o documento segue para que o Presidente da República
sancione e torne lei no país.
(3) Veja o relatório
“Impactos sobre a Saúde” sobre os efeitos
dos POPs na nossa saúde no site do Greenpeace.
(4) A Campanha Veneno
Doméstico, do Greenpeace Brasil, coletou
entre novembro e dezembro de 2003 amostras de poeira
doméstica em 50 residências nas cidades
de São Paulo, Campinas, Porto Alegre e Rio
de Janeiro. Dentre as pessoas que participaram da
campanha, abrindo suas residências para que
o Greenpeace coletasse amostras, está o jornalista
Heródoto Barbeiro. Também foram coletadas
amostras de poeira em seis gabinetes de deputados
federais e de dois senadores. Amostras também
foram coletadas em diversos ambientes do prédio
do Ministério do Meio Ambiente, também
em Brasília. Dentre as 10 substâncias
analisadas, sete pertencem à lista dos “12
Sujos”: PCBs, hexaclorobenzeno, heptacloro, dieldrin,
endrin, aldrin e DDT. Conheça mais sobre
essa campanha em www.greenpeace.org.br/venenodomestico
Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa