 |
WORKSHOP
REÚNE ESTADOS DO SUDESTE PARA DISCUTIR
ESTRATÉGIAS VISANDO FUTURA “POLÍTICA
NACIONAL DE PRODUÇÃO MAIS
LIMPA”
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) - Brasil
Abril de 2004
|
 |
Enfatizando
seu entendimento de que a pretendida Política
Nacional de Produção Mais Limpa seja
naturalmente representativa, “de forma que os Estados
que detêm maior parcela da produção
nacional devam estar mais fortemente envolvidos
com a sua implementação”, o presidente
Rubens Lara, da CETESB - Companhia de Tecnologia
de Saneamento Ambiental, abriu hoje (13/04), em
São Paulo, o workshop “Fomento à Gestão
Ambiental e Produção Mais Limpa no
Brasil - Fórum de Discussão Público-Privado
- Região Sudeste”, do Ministério do
Meio Ambiente, em conjunto com a CETESB e a Mesa
Redonda Paulista de Produção Mais
Limpa.
O objetivo do evento, que se estende até
amanhã, na sede da Companhia, e conta com
a participação, entre outros, de representantes
das agências ambientais dos quatro Estados
do Sudeste brasileiro, é justamente o de
buscar contribuições “para o desenho
e a implementação de estratégia
nacional de fomento à gestão ambiental
e organização da rede brasileira de
Produção Mais Limpa e Ecoeficiência”.
O presidente Lara, que elogiou a iniciativa do Governo
Federal em organizar a Política Nacional
de Produção Mais Limpa, procurando
ouvir todas as regiões do país e considerando
suas peculiaridades regionais, lembrou que a CETESB
tem muito a colaborar, por ser uma das instituições
pioneiras neste assunto, no Brasil, e propôs
a criação de um Grupo de Trabalho,
congregando as instituições representativas
no país, além de oferecer colaboração
da agência ambiental paulista na organização
e formatação da futura Rede Nacional
de Ecoeficiência.
Diversas
ações desenvolvidas em São
Paulo
Rubens Lara recordou
que desde meados dos anos 90, com o intuito de atender
aos princípios da Agenda 21, notadamente
aqueles voltados para a produção e
consumo sustentáveis, a CETESB passou a desenvolver
instrumentos para apoiar iniciativas de produção
mais limpa e gestão ambiental, extrapolando
sua tradicional atuação como órgão
fiscalizador e controlador da poluição
ambiental. Assim, em 1996, conforme lembrou, foi
criada no âmbito da Companhia, uma área
técnica específica para desenvolver
assuntos relativos à Prevenção
à Poluição (P2), Produção
Mais Limpa (P+L) e Sistemas de Gestão Ambiental
(SGA). De acordo com Lara, essa área estabeleceu
intercâmbios com instituições
internacionais, para avaliar modelos de P+L/P2 adotados
em países como Estados Unidos, Canadá,
Alemanha, Inglaterra e Holanda, e desenvolver projetos
específicos no Estado de São Paulo.
Segundo o dirigente, até o momento foram
capacitados cerca de 180 técnicos da CETESB
em cursos de curta duração e 59 em
cursos de especialização lato senso
de gestão ambiental. Mais de 20 reuniões
foram realizadas, envolvendo técnicos da
área de produção mais limpa
e encarregados do licenciamento e fiscalização,
envolvendo cerca de 100 pessoas em discussões
sobre conceitos, trabalhos conjuntos e formas de
atuação da CETESB.
Também é oferecido há seis
anos o curso “Redução de desperdícios
na indústria por meio da implantação
de um programa de prevenção à
poluição”, que já capacitou
também cerca de 100 pessoas. Além
disso, desde 1998, a CETESB divulga casos de sucesso
apresentados voluntariamente por empresas que obtiveram
benefícios ambientais e econômicos
de P+L, estando disponíveis no site www.cetesb.sp.gov.br
cerca de 30 casos bem-sucedidos.
Mais recentemente, em 2001, a CETESB propôs
e articulou a organização da Mesa
Redonda Paulista de Produção Mais
Limpa, iniciativa que desenvolve um papel fundamental
na articulação entre os diferentes
atores sociais e na disseminação dos
conceitos de produção mais limpa,
gestão ambiental, análise de ciclo
de vida, indicadores de sustentabilidade e mudanças
climáticas, entre outros. A Mesa Redonda
Paulista conta atualmente com cerca de 580 associados,
entre representantes dos setores produtivos e empresariais,
governo, universidades e organizações
não governamentais, tendo já promovido
eventos, palestras e sessões de treinamento,
com a participação de quase 4 mil
pessoas.
Apoio a pequenas
e médias empresas
Tanto a presidente
da FEEMA - Fundação Estadual de Engenharia
do Meio Ambiente, do Rio de Janeiro, Isaura Fraga,
como a gerente da Divisão da Indústria
Alimentícia da FEAM - Fundação
Estadual do Meio Ambiente de Minas Gerais, Consuelo
Ribeiro de Oliveira, que também participaram
da abertura do workshop, enfatizaram a necessidade
de linhas de financiamento adequadas para possibilitar
a adoção da Produção
Mais Limpa pelas pequenas e médias empresas.
Elas lembraram das dificuldades e custos inviáveis
de implantação dos processos mais
conhecidos de P+L, para essas empresas, afirmando
que essa medida deve ser uma das prioridades da
Política Nacional de Produção
Mais Limpa, recordando também a importância
representada por esses setores, que são responsáveis
por parcela significativa de empregos. Conforme
dados de 2001, do Ministério do Trabalho
e Emprego, no Estado de São Paulo, micros,
pequenas e médias indústrias (até
499 empregados) são responsáveis por
quase 1,5 milhão de postos de trabalho.
Já a secretária de Qualidade Ambiental
nos Assentamentos Humanos do Ministério do
Meio Ambiente, Marijane Vieira Lisboa, recordou
que este evento em São Paulo é o quinto
e último dos encontros regionais promovidos
pelo Ministério, afirmando que a Produção
Mais Limpa encontrou um forte parceiro no setor
empresarial, com esse conceito sendo hoje já
amplamente aceito nos setores industriais e de pesquisa,
no país.Apoio a pequenas e médias
empresas
"Precisamos fomentar os mecanismos de políticas
públicas para conseguir mais recursos para
a implementação da P+L, que é
o caminho mais direto para o pequeno e microempresário,
que vão sentir no bolso a adoção
de práticas de produção mais
limpa, começando com a diminuição
do consumo de água, energia e matéria
prima", disse Mário Hirose, diretor
do Departamento de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável da Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo
- FIESP.
Falando de suas expectativas em relação
a uma Política Estadual de P+L, Hirose apontou
outras vantagens no desempenho ambiental adequado
das empresas como a maior aceitação
de seus produtos e serviços no mercado nacional
e internacional, a redução de custos
de minimização de impactos e recuperação
de danos ambientais, eliminação de
multas e penalidades, a melhoria da imagem e aumento
da credibilidade da empresa como fornecedora eficiente
e confiável, em função do seu
grau de conformidade ambiental.
"Os mercados estão cada vez mais exigentes
em relação à excelência
de seu produto e sistemas de produção",
salientou Hirose em seu depoimento no painel "Expectativas
e Contribuições dos Setores Produtivos
no Delineamento da Política de P+L e na Organização
da Rede Brasileira de Produção Mais
Limpa".
As propostas da FIESP para a implementação
da P+L nas empresas são: produzir guias e
manuais para cada setor, em conjunto com a CETESB;
criar linhas verdes para financiar projetos de P+L
nas indústrias; criar incentivos fiscais,
benefícios e isenções para
compensar as boas práticas de P+L nas empresas;
incentivar uma legislação mais específica;
e a atuação pró-ativa dos órgãos
ambientais.
Recursos
financeiros
O setor financeiro
apóia a modernização das tecnologias
de produção e a eficiência dos
processos produtivos com a adoção
de práticas para a prevenção
da poluição e produção
mais limpa nas indústrias. O Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES
possui uma Assessoria de Meio Ambiente, que orienta
os departamentos operacionais na liberação
de recursos para projetos.
"Em 2003, o BNDES estabeleceu o seu segundo
marco nos seus 30 anos de existência, que
foi a produção de um guia de procedimentos
ambientais. O primeiro marco foi na década
70, quando foi criada a Assessoria de Meio Ambiente",
disse Eduardo Bandeira de Mello, chefe do Departamento
de Meio Ambiente da instituição.
"O objetivo do banco em financiar projetos
de P+L é atender à legislação
ambiental, mitigar os efeitos nocivos sobre o meio
ambiente, aumentar a ecoeficiência das empresas
brasileiras para torná-las competitivas nos
mercados nacional e internacional", explicou
Mello.
Outro banco interessado em organizar a rede brasileira
de P+L é o Banco Real. O diretor de Agronegócio
e Desenvolvimento de Negócios Socioambientais
da instituição, Victor Hugo Kamphorst,
mostrou que o banco dispõe de linhas de financiamento
destinadas a projetos de agricultura orgânica,
reflorestamento de matas nativas e outros.
Fonte: Cetesb – Agência Ambiental
do Estado de São Paulo (www.cetesb.sp.gov.br)
Assessoria de imprensa (Mário Senaga e Renata
Egydio)