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CURSO APONTA
OS CAMINHOS PARA A SOLUÇÃO
DE PROBLEMAS NA ÁREA DA SAÚDE
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) - Brasil
Maio de 2004
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José
Jorge
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O
Ciclo de Cursos organizado pela Secretaria
do Meio Ambiente do Estado – SMA tratou, nesta
quinta-feira (17/6), de questões relacionadas
a Educação Ambiental e Saúde,
com a participação de professores
da Faculdade de Saúde Pública,
da Universidade de São Paulo, representantes
do Centro de Vigilância Sanitária,
da Secretaria da Saúde, e outros.
O curso foi organizado pela Coordenadoria
de Planejamento Ambiental Estratégico
e Educação Ambiental – CPLEA,
órgão da SMA, no Auditório
Augusto Ruschi, na Avenida Professor Frederico
Hermann Jr., 345, Alto dos Pinheiros, em São
Paulo, com a participação de
estudantes, representantes de organizações
não-governamentais e outros. |
Entre
os palestrantes, o professor Carlos Celso
do Amaral e Silva, livre docente em Saúde
Pública, mestre pela Universidade de
Cincinnati, Ohio, e doutor em Saúde
Pública pela USP, falou sobre o tema
"Percepção de Risco à
Saúde" fazendo considerações
sobre os conceitos que representam. "A
percepção nos remete ao campo
da filosofia, particularmente à fenomenologia;
o risco aparece impregnado de subjetividade
independentemente da perspectiva sob a qual
o termo é observado e avaliado; e a
saúde, inserida nesta palestra, naturalmente
está conectada à área
de Saúde Pública", explicou.
Confessando-se deslumbrado com o tema, mas
sofrendo a natural influência de sua
formação profissional no campo
da |
José
Jorge
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engenharia sanitária
e ambiental, Carlos Celso expôs seu ponto
de vista e inquietações como cidadão.
"Na Faculdade de Saúde Pública,
dentro dos objetivos da disciplina de pós-graduação
‘Avaliação, Comunicação
e Gerenciamento de Risco Ambientais’, temos tentado
provocar nossos alunos e orientandos para um mergulho
no universo de riscos e de sua aceitabilidade social,
com resultados satisfatórios e, de certa
forma, encorajadores", revelou.
Considerando a sua vivência na Grande São
Paulo e Baixada Santista e a questão dos
ruídos na comunicação, o professor
questionou: "Terá o público uma
visão mais rica ou mais complexa do que os
especialistas que raciocinam de modo mais técnico
e mais estreito na escala das opções?"
E prosseguiu: "Acreditamos que a visão
do público quanto aos riscos necessita de
uma análise mais séria, embora para
os analistas de risco a incorporação
da percepção pública no processo
decisório não pareca tão óbvia”.
Para tranqüilizar os ouvintes, Carlos Celso
lembrou que “mesmo assim, os atores governamentais,
empresariais e sociais, capazes de tomar ou influenciar
decisões, estão conectados entre si
para emprestar confiabilidade às decisões
a serem tomadas, especialmente quando a questão
da percepção de risco se torna um
fator importante nessas decisões", concluiu.
O segundo módulo do curso de "Educação
Ambiental e Saúde" enfatizou, entre
outras questões, as metodologias utilizadas
na pesquisa participativa do projeto “Cidades Saudáveis
como Instrumento de Educação Ambiental”,
coordenado por docentes da Faculdade de Saúde
Pública da USP. O projeto foi desenvolvido
em duas cidades do oeste paulista, Espírito
Santo do Turvo, com 3.377 habitantes, e Vera Cruz,
com 11 mil habitantes, ambas de economia basicamente
rural, sem tratamento de esgoto e que utilizam vala
de erosão para destinação final
de resíduos sólidos. O município
de Vera Cruz tem o agravante de possuir alta taxa
de mortalidade infantil.
A problemática socioambiental foi investigada
por meio de entrevistas com os munícipes
até que as respostas fossem concomitante
e complementares, para desenvolver com a população
maneiras para superar os problemas vivenciados e
engajá-la numa política de melhoria
da qualidade de vida.
Fabíola Zioni enfatizou a necessidade do
rigor metodológico nas entrevistas com os
interlocutores sociais e produzir conhecimento por
meio das falas das pessoas, registrando a situação
vivida pelos munícipes, tornando-as objetos
de trabalho teórico.
O resultado da pesquisa na hierarquia de prioridades
da população das duas cidades foi
a poluição do rio que, ao mesmo tempo
em que é utilizado para o abastecimento público
e fonte de lazer, também representava risco
à saúde.
O projeto de pesquisa foi submetido ao Governo do
Estado que liberou recursos para ações
como: caça aos pontos de lançamento
clandestino de esgoto, retirada de animais das margens
do rio, construção da ETE em Espírito
Santo do Turvo e início das obras da ETE
de Vera Cruz, replantio da mata ciliar ao longo
do rio, monitoramento da qualidade da água,
levantamento das condições de higiene
sanitária em domicílios, tratamento
da água com cloro em época prévia
da ascensão da dengue, transformação
das valas de lixo em aterros e a instalação
de uma usina de reciclagem, empregando os antigos
catadores de lixo.
Todas essas ações resultaram de mutirões
formados pela população depois de
serem treinados com técnicas participativas
que, como concluiu a professora Zioni, sensibilizaram
os moradores para a problemática do local,
fazendo-os caminhar no sentido da mudança
de paradigma e visão do mundo.
Fonte: SMA – Secretaria Estadual
do Meio Ambiente de São Paulo (www.ambiente.sp.gov.br)
Assessoria de imprensa (Wanda Carrilho / Renata
Egydio)
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