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MADEIRA
AMAZÔNICA É TEMA DE DISCUSSÃO
NA UNCTAD
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Junho de 2004
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O uso internacional
da madeira extraída da floresta amazônica
foi tema de debate na Conferência das Nações
Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento
(Unctad), em reunião promovida pela Organização
Internacional das Madeiras Tropicais (ITTO). O encontro
foi aberto pelo subsecretário-geral da XI
Unctad, Carlos Fortin Cabezas, que alertou para
a responsabilidade que os países têm
com o manejo sustentável de seus recursos
naturais a fim de que tenham reconhecidos o “direito
soberano” sobre a respectiva floresta.
O governador do Acre, Jorge Viana, um dos convidados
para falar de sua experiência em manejo florestal
e uso comercial de madeira tropical para exportação,
garantiu que, segundo ele, “o comércio de
madeira, no Brasil, que movimentou seis milhões
de dólares, no ano passado, dentro de pouco
tempo será o grande concorrente do setor
agrícola”. O governador lembrou que o manejo
sustentável é importante mas não
se pode esquecer da comunidade local, que precisa
ser beneficiada.
“Existe uma distância grande e perigosa –
disse Jorge Viana – entre os que industrializam
e os fornecedores de matéria prima tirada
de nossas florestas, e isto precisa ser diminuído,
porque as comunidades locais não podem continuar
recebendo os atuais baixíssimos valores”.
O governador do Acre afirmou ainda, durante debate
na Unctad, que “o melhor jeito de conservar a nossa
floresta amazônica é fazendo uso sustentável
dela, através de produtos certificados”.
Outro a participar do debate sobre uso de madeiras
tropicais foi o secretário de Meio Ambiente
de Minas Gerais, ex-ministro José Carlos
Carvalho, que alertou para a necessidade de “políticas
econômicas voltadas para a sustentabilidade”.
O secretário disse que tem receio, no entanto,
do perigo de, em nome da competividade no mercado
internacional de madeira, “as pessoas sem escrúpulo
continuem fazendo uso predatório das nossas
florestas como resposta aos subsídios dados
pelos países ricos”.
Já o secretário de Meio Ambiente e
Desenvolvimento do Estado do Amazonas, Virgílio
Viana, também participando do debate sobre
madeiras tropicais para exportação,
garantiu que acha um “despropósito tamanho
que o mundo todo diga que a nossa floresta tem que
ser preservada, porque tem um valor muito grande,
em termos naturais, mas não se lembre das
pessoas que nela vivem, muitas vezes numa situação
de pobreza inaceitável”.
O secretário do Amazonas lançou uma
proposta, que foi debatida na Unctad, para a necessidade
de redução de tarifas e impostos sobre
produtos florestais certificados, a fim de que eles
alcancem preços competitivos no mercado internacional,
uma vez que exigem uma dose de sacrifício.
Virgílio Viana afirmou então que “as
pessoas que cuidam da floresta não estão
em condição de fazerem este tipo de
altruísmo ao restante do planeta, mesmo que
em nome da conservação ambiental.”
O governador do Acre, ao apoiar a proposta do secretário
do Amazonas, lembrou que já existe a certificação
do produto florestal mas que ele “ainda é
insuficiente” e aconselhou a todos a serem mais
“ousados , criativos , usando de toda pressão
política” para diminuir as limitações
impostas ao setor florestal pela atual legislação
da Organização Mundial do Comércio.
O governador afirmou que a Amazônia, que era
considerada um problema, agora “está sendo
disputada por todo mundo”.
Na proposta relativa ao uso do ecoturismo na floresta
amazônica, o secretário do Amazonas,
Virgílio Viana, disse que é preciso
ter muito cuidado “para que não aconteça
o que está acontecendo em São Paulo,
com o fim da Mata Atlântica”. Ele afirmou
que "o turismo degradante não interessa
à Amazônia” e também é
preciso fazer com que os recursos conseguidos pelas
empresas de turismo passem a ser partilhados com
a população local, o que nem sempre
acontece. “Na forma como está, o turismo
hoje na nossa Amazônia é um produto
ruim e caro” – completou o secretário.
Fonte: Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Eduardo Mamcasz
da Rádio Nacional da Amazônia