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AMAZÔNIA
PODE VIRAR CERRADO DENTRO DE 50 A 100 ANOS,
PREVÊEM PESQUISADORES
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Julho de 2004
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27/07/2004 - Modelos
matemáticos e precisos ajudaram pesquisadores
do projeto LBA a prever que até 30% da Amazônia
pode se tornar Cerrado dentro de 50 a 100 anos.
Essa é uma das descobertas no âmbito
desse grande programa de pesquisa científica
que estuda a biosfera e a atmosfera amazônica.
Ao todo, são 1.500 pesquisadores brasileiros
e estrangeiros.
O estudo que aponta para o risco de savanização
(transformação em Cerrado) envolve
seis cientistas, que trabalham no Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (Inpe) e no Instituto Nacional
de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
Num cenário ainda pior, calculado pelos pesquisadores,
é possível que 60% da floresta se
transforme em Cerrado, segundo Carlos Nobre, coordenador
do programa, e organizador da III Conferência
Científica do LBA, evento que se realiza
até quinta-feira, em Brasília. "Não
que não haja diversidade biológica
no Cerrado, mas é inferior à diversidade
que se tem na Amazônia", disse o pesquisador.
O risco de savanização é real
por causa do desmatamento em grande escala, atividade
que avança anualmente uns 25 mil quilômetros
quadrados na região amazônica. O desmatamento,
por sua vez, diminui o volume de chuva, contribuindo
para o aquecimento das áreas descobertas.
O clima da floresta amazônica, hoje, se caracteriza
por chuva intensa e bem distribuída ao longo
do ano, o que permite um nível constante
de umidade. A diferença, caso ela vire Cerrado,
é que a região se tornará mais
seca, porque a chuva nesse ecossistema é
também intensa, mas muito concentrada em
determinada parte do ano, e o período seco
mais longo.
Nobre alerta para o fato de que fatores externos,
como o aquecimento global, também podem contribuir
para esse cenário. O aquecimento do planeta,
provocado pela emissão de gás carbônico
da queima de árvores, de combustíveis
fósseis (como o petróleo) e de atividades
industriais, estaria afetando o regime de chuva
e o clima da Amazônia. "Usamos o mesmo
supercomputador de previsão do clima que
temos no Inpe, para fazer uma pergunta sobre o clima
da região no futuro, só que com uma
margem de tempo maior, levando em consideração,
por exemplo, o aumento de temperatura de 4°
C que se prevê no mundo todo", explicou
Nobre.
Fonte: Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Lana Cristina