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CIÊNCIA
TEM SOLUÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO
E CONSERVAÇÃO DA AMAZÔNIA,
DIZ PESQUISADOR
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Julho de 2004
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29/07/2004 - A taxa
de desmatamento da Amazônia tem acompanhado
o ritmo da economia. A afirmação foi
feita por Antônio Nobre, pesquisador do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA/MCT),
durante a 3ª Conferência Cientifica do
LBA - Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera
da Amazônia, em Brasília. O evento
termina hoje (29).
"Quando a economia entra em fase de estabilização,
tende a crescer. Na busca de expandir seus negócios,
criadores de gado têm migrado para a região
amazônica, invadindo cada vez mais as fronteiras
da floresta", declarou o pesquisador, acrescentando
que o processo destrutivo da Amazônia tornou-se
auto-sustentado, uma vez que "por exemplo,
entra o madeireiro, retira a madeira e financia
o desmatamento".
Antônio Nobre disse que a soja também
tem atraído, cada vez mais, agricultores
de outras regiões do País para a Amazônia,
considerada um verdadeiro eldorado. Para ele, o
agribusiness, hoje, é uma realidade na região,
e "a conseqüência é o desmatamento
em ritmo acelerado".
A produção de soja e gado, assim como
a de aviões, que o Brasil se orgulha tanto,
explicou, vem crescendo e ocupa lugar privilegiado
na carteira das exportações brasileiras.
“Como temos uma enorme dívida externa e precisamos
de superávit na balança primária,
os grandes produtores que estão destruindo
a Amazônia são bem vindos pelo status
quo econômico do País”, afirmou.
Diante desse cenário, Antônio Nobre,
credita à ciência um papel fundamental
ao descortinar possibilidades de uma relação
entre o desenvolvimento e a conservação
da floresta. "Os resultados das pesquisas científicas
têm maturação lenta, e o processo
de geração e validação
de conhecimento até a geração
de subsídios e condições para
o desenvolvimento de soluções é
longo. Não é possível competirmos
com 1.500 km2 desmatados, por semana”, explica.
Outra dificuldade apontada pelo pesquisador do INPA
para a busca de soluções para a região
é a falta de consciência da sociedade
em relação ao papel da ciência.
“Em uma sociedade que está de costas para
a Amazônia, de frente para o desenvolvimento
e tem a noção errônea de que
ciência praticamente não existe é
muito difícil debatermos essas questões.
Para os cientistas contribuírem de forma
mais efetiva na busca por soluções
que não travem a economia do País,
é preciso ampliarmos o diálogo entre
a sociedade e a comunidade científica”, conclui
Nobre.
LBA
Considerado o maior
projeto de cooperação científica
internacional na área ambiental, o LBA estuda
as interações entre a floresta amazônica
e as condições atmosféricas
e climáticas em escala regional e mundial.
O Ministério da Ciência e Tecnologia
(MCT) é o responsável pelo gerenciamento
do projeto LBA, tendo o INPA na coordenação
científica de 245 instituições
parceiras.
Fonte: MCT – Ministério
da Ciência e Tecnologia (www.mct.gov.br)
Assessoria de imprensa