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DE VOLTA
AO PLANALTO, LULA TENDE A NÃO SANCIONAR
LEI ANTI-ECOLÓGICA DO CONGRESSO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Julho de 2004
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30/07/2004 - Não
é fruto de nenhuma "neura das ongs",
como classificou o gabinete do deputado responsável
pelo projeto de lei antiecológico aprovado
pelo Congresso, mas a tendência no Planalto
do Planalto é recomendar hoje (30) ao presidente
Lula que vete tanto o artigo do Código Florestal
quanto outras aberrações jurídico-contratuais
que prejudicam os consumidores no setor imobiliário.
Os auxiliares do deputado federal Ricardo Izar (PTB/SP),
autor da peça legislativa aprovada rapidamente,
sem muito debate na Câmara dos Deputados e
no Senado, tentam desmontar as críticas que
surgiram da sociedade civil organizada, agora com
forte apelo na grande imprensa (a Globo deu destaque
na quinta-feira e vários jornais deram na
sexta, como o Correio Braziliense). Waldemar Villas
Boas, assessor de Izar e da Frente Parlamentar de
Habitação, teria explicado os protestos
como ‘‘uma neura danada das ONGs, tudo sem fundamento’’.
Se fosse sancionado pelo Presidente, o projeto viria
- segundo a bancada imobiliária - desobstruir
os canais de construção de moradias,
inclusive para famílias mais pobres. ‘‘Cuidar
de 30 metros de margem de cursos de água
não é importante quando temos pessoas
que precisam de postos de saúde’’, seria
um dos absurdos que teria dito, segundo a imprensa.
Para os ambientalistas e diversos órgãos
do governo, como o próprio Ministério
do Meio Ambiente, o projeto de lei não pode
ser sancionado como está. Por todas as reações
de dentro e fora do governo, bem como das redes
de organizações não governamentais
como Greenpeace, SocioAmbiental, Grupo de Trabalho
Amazônico, Mata Atlântica, Fórum
Brasileiro de Ongs e Movimentos Sociais e Forum
Ambientalista do DF e Entorno, a tendência
do Planalto será não será a
favor da sanção in totum, disse uma
fonte do governo. Em Brasília e vizinhanças,
onde o principal problema socioambiental é
a urbanização do cerrado com a ocupação
desordenada do solo e grilagem (com consequências
já visíveis sob a forma de epidemia
de hantavirose), a sanção da lei Izar
seria um desastre, de acordo com os ambientalistas
que estão organizando protestos. A imprensa
tem revelado o forte lobby por trás da tentativa
de prejudicar meio ambiente e consumidores em nome
do crescimento da construção civil,
mostrando que dos R$ 213,9 mil doados para a campanha
eleitoral de Izar em 2002, R$ 107,6 mil teriam vindo
de construtoras e imobiliárias. O advogado
ambientalista André Lima, que durante anos
negociou com a bancada ruralista a preservação
do atual Código Florestal, mostra por argumentos
técnicos que a lei na mesa do Presidente
para sanção é inconstitucional.
Ongs como o Instituto SocioAmbiental, onde Lima
trabalha, fazem campanha para que as pessoas enviem
mensagens eletrônicas ao presidente Lula pedindo
o veto da lei anti-ecológica. O presidente
retornou ontem à noite da viagem a países
africanos e estará analisando assuntos internos
como este veto a partir de hoje, de acordo com assessores
do Planalto.
Fonte: Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Lana Cristina