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XAVANTES
FECHAM RODOVIA PARA VELAR SEGUNDA CRIANÇA
MORTA POR PNEUMONIA E DESNUTRIÇÃO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Julho de 2004
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30/07/2004 - Um grupo
de cerca de 400 índios Xavante Maraiwatse
de fecharam há pouco um trecho da BR-158
para velar, na estrada, o corpo da segunda criança
morta esta semana em decorrência de pneumonia
e desnutrição. De acordo com administrador
da Fundação Nacional do Índio
(Funai) em Goiânia, Edson Beiriz, a tribo
ainda não divulgou o nome da criança,
mas revelou que ela tinha apenas um ano.
“Um funcionário da Funai chegou a transportá-la
para um hospital em Ribeirão Cascalheira
(MT), mas ela morreu antes de ser atendida”, conta
Beiriz. Ele recebe informações de
quatro funcionários da Funai que estão
na área, a mil quilômetros de Goiânia
e de Cuiabá. “Tenho conversado com eles pelo
telefone de um posto de gasolina. Amanhã
viajo para lá. Já enviei pedido de
apoio para a Polícia Federal e para o Ministério
Público. Uma equipe da Funai e outra da Fundação
Nacional de Saúde (Funasa) deve chegar ao
local nas próximas horas”.
De acordo com Beiriz, o bebê Jardeu Xavante,
de 1 ano, foi o primeiro a morrer, na quarta-feira,
de pneumonia e desnutrição. Os guerreiros
da tribo enterraram o corpo na área que tradicionalmente
pertencia à etnia. Uma liminar, ainda não
julgada pelo Supremo Tribunal Federal, garantiu
que a terra fosse ocupada por fazendeiros. Expulsos,
os índios estão acampados há
nove meses às margens da estrada mais próxima
da reserva, que liga os principais municípios
do interior do Mato Grosso.
O administrador regional da Funai teme um conflito
entre índios e posseiros. “Um dos anciões
mandou o seguinte recado: Esse menino não
morreu, ele é um guerreiro que vai entrar
na terra indígena Maraiwatsede, na nossa
frente”, conta Beiriz. Segundo Beiriz, outras duas
crianças da tribo estão hospitalizadas.
“As mortes e as internações são
conseqüência direta das condições
precárias vividas por esses índios.
Eles moram em barracas de lonas plásticas,
aspiram poeira da estrada e bebem água cheia
de coliformes fecais.”
Fonte: Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Juliana Nunes