CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL INICIA EXPEDIÇÕES CIENTÍFICAS NO AMAPÁ

Panorama Ambiental
Belo Horizonte (MG) - Brasil
Agosto de 2004

Inventários biológicos vão subsidiar planos de manejo das unidades de conservação do Corredor

01/08/2004 Começa hoje uma série de 15 expedições científicas nas unidades de conservação do Amapá. O objetivo da iniciativa é mapear a biodiversidade local subsidiando a elaboração de políticas públicas eficientes para a conservação de suas riquezas naturais. A mega-operação é liderada pela organização não-governamental Conservação Internacional (CI-Brasil), em parceria com o Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA), a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA), o IBAMA-Amapá, e tem a participação do Exército Brasileiro. As expedições vão se estender por dois anos e têm um custo estimado de R$ 700 mil.
Além de contar com uma grande diversidade de paisagens, que inclui desde florestas tropicais até extensas áreas de mangue e cerrado, o Amapá, em relação aos vizinhos na Amazônia, é o Estado que tem sofrido menos pressões humanas, com uma taxa de desmatamento muito inferior à média da região. Cerca de 96% do território têm sua cobertura vegetal intacta.
Dentre as unidades de conservação estão alguns gigantes, como o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, o maior parque de florestas tropicais do mundo, com mais de 3,8 milhões de hectares; a Reserva de Desenvolvimento do Rio Iratapuru, localizada no sul do Estado, com cerca de 806 mil hectares; além de reservas biológicas, estações ecológicas e florestas nacionais. Juntas, essas unidades de conservação compõem o Corredor de Biodiversidade do Amapá.
Nenhuma dessas áreas possui plano de manejo e todas são deficientes em infra-estrutura básica, desde escritórios administrativos até equipamentos e informações sobre a diversidade existente na região. "Além das necessidades de infra-estrutura, uma das maiores carências que temos que suprir é a de inventários biológicos. A falta de informação compromete diretamente a elaboração dos planos de manejo dessas áreas protegidas", explica Enrico Bernard, coordenador de projetos da CI-Brasil na Amazônia. "Estas expedições são o sonho de qualquer biólogo de campo. Vamos pisar em locais intocados, em áreas nunca amostradas por pesquisadores. É uma oportunidade única. Guardadas as devidas proporções, vamos fazer o que os naturalistas dos séculos passados fizeram, porém com um pouco mais recursos e tecnologia, e isso pode aumentar a chance de encontrarmos novas espécies", destaca.
Bernard terá dupla função no Amapá, a de coordenar as equipes das expedições, que ultrapassam sempre 20 pessoas, e também será responsável por fazer o inventário de morcegos, os únicos mamíferos voadores do planeta. "Esperamos duplicar e em alguns casos até triplicar o conhecimento sobre a diversidade de vários grupos biológicos do Estado, além de gerar listas de ocorrência de espécies para todas as unidades visitadas", conclui.
Para Edivan Barros de Andrade, Gerente Executivo do Ibama no Amapá, “o levantamento de informações será de grande importância, especialmente pelo fato que subsidiarão na elaboração do Plano de Manejo, principal instrumento de gestão das unidades. As primeiras expedições percorrerão duas unidades de conservação federais que representam, aproximadamente, 30% da área territorial do Estado, sendo que grande parte dos ecossistemas encontra-se ainda íntegros e com belezas cênicas inigualáveis”, destaca o gestor.
Para garantir a realização das expedições foi montado um Núcleo de Biodiversidade do Amapá, sediado em Macapá, aproveitando o que de melhor cada instituição poderia oferecer. "Há alguns meses, profissionais das mais variadas especialidades foram reunidos no IEPA para viabilizar as expedições", explica Antonio Carlos da Silva Farias, diretor-presidente do Instituto.
O levantamento de espécies ficou a cargo de sete experientes pesquisadores em grupos de mamíferos, aves, répteis, anfíbios, peixes, crustáceos e plantas. Um especialista em sistemas de informações geográficas gerou todos os mapas. Suas análises definiram desde o ponto do acampamento, passando por todo o estudo cartográfico de relevo, vegetação e percurso dos rios, até a definição dos locais de amostragem das pesquisas. As expedições ainda vão incluir analistas e técnicos ambientais do Ibama e da SEMA; uma equipe do 3o Batalhão de Infantaria de Selva do Exército Brasileiro; e um grupo de apoio, com assistentes de campo e barqueiros. "As expedições representam uma oportunidade de fortalecer as instituições do Amapá e atrair investimentos em pesquisa e conservação para o Estado e para as populações locais", comenta Farias.
"Precisamos romper com a idéia de que área protegida é empecilho para o desenvolvimento econômico", afirma José Maria Cardoso, vice-presidente de Ciência da CI-Brasil. Ele explica que um estudo recente sobre o impacto econômico de 10 unidades de conservação em torno de Manaus mostrou que o movimento financeiro anual médio dessas áreas ultrapassou US$ 1,7 milhão, gerando 210 postos de trabalho, com uma renda média de US$ 4.330 por empregado. "E isso sem ônus para o Estado", reforça Silva, "pois, 98% desses recursos tiveram origem fora do município. Com isso, quero dizer que uma área protegida é capaz de atrair novas fontes de investimentos, viabilizando a conservação".
Semelhante opinião é defendida por Christoph Jaster, analista ambiental e chefe do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque: “No Amapá, lutamos para que a conscientização ambiental preceda a devastação. Através do Parque Nacional nós temos a oportunidade de implantar um novo instrumento de desenvolvimento regional, ambientalmente correto e socialmente justo. Para esta unidade de conservação recém-criada, as expedições científicas estão acontecendo no momento certo e representam uma enorme contribuição para o processo de implantação do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque”.
O trabalho da equipe nas expedições dará ênfase às unidades de conservação que formam o núcleo do Corredor de Biodiversidade do Amapá, e tem como objetivo contribuir para a proteção efetiva de áreas de grande importância para a biodiversidade e para o desenvolvimento socioeconômico de todo o Estado.
Neste ano, estão marcadas três expedições. Os trabalhos começam hoje na Floresta Nacional (FLONA) do Amapá e duram 20 dias. A FLONA do Amapá é uma unidade de uso sustentável, com vegetação tropical úmida. Foi criada em 1989 e está localizada nos municípios de Ferreira Gomes e Pracuuba, a 114 km de Macapá.
Em setembro, a equipe segue para o Parque Nacional (PARNA) Montanhas de Tumucumaque, onde ficará por 25 dias. O PARNA de Tumucumaque, criado no governo Fernando Henrique Cardoso, é o maior parque de floresta tropical do mundo e se estende por 3,8 milhões de hectares o que equivale à superfície do Estado do Rio de Janeiro.
A terceira expedição do ano, acontece na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru, com início na segunda quinzena de novembro. Estão previstas, até abril de 2006, um total de cinco expedições para o Tumucumaque, três para Iratapuru, duas para a Flona. A primeira expedição de 2005 marca a descoberta de uma das áreas de mais difícil acesso no Parque Nacional de Tumucumaque, onde a equipe será deixada por helicóptero.
As expedições também vão explorar oportunidades de criar novas unidades de conservação que conectem as já existentes, para assim concluir o desenho do Corredor de Biodiversidade do Amapá, promovendo um verdadeiro anel verde ao redor das áreas de maior desenvolvimento no Estado. A primeira delas está localizada entre os PARNAS Montanhas de Tumucumaque e Cabo Orange, no extremo norte amapaense; e a segunda, localizada no nordeste do Amapá, na costa do Oceano Atlântico, que pode ligar o PARNA do Cabo Orange até a Reserva Biológica do Lago Piratuba, próxima à foz do Rio Amazonas.

Fonte: Conservation International - Brasil (www.conservation.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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