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ENTIDADES
INDÍGENAS E FUNAI DIVERGEM SOBRE
POLÍTICA DO GOVERNO PARA O SETOR
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Agosto de 2004
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06/08/2004
- Um manifesto de repúdio contra a política
do governo Lula voltada ao povo indígena
foi divulgado nesta semana pela Coordenação
das Organizações Indígenas
da Amazônia Brasileira (Coiab) e a Articulação
dos Povos e Organizações Indígenas
do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo
(Apoinme). A Fundação Nacional do
Índio (Funai) critica as entidades que divulgaram
o manifesto, alegando que elas ignoram o fato de
o governo "nunca tê-las ouvido tanto"
como no atual mandato.
Segundo os manifestantes, o governo Lula não
demonstrou até agora uma "postura firme"
na implementação de uma nova política
indigenista, sintonizada com as demandas históricas,
as reais necessidades e aspirações
dos povos e organizações indígenas
do Brasil. O manifesto diz ainda que o governo “fechou
as portas” do diálogo para os povos e organizações
indígenas.
Para o integrante da comissão executiva da
Apoinme, Agamenon Geripancó, o presidente
da República, Luiz Inácio Lula da
Silva, foi eleito com a expectativa de uma política
"voltada para o ser humano". “Estamos
indignados com essa fragilidade política.
Nesse governo, os povos indígenas não
têm importância nenhuma”, afirmou.
Ações
em favor
De acordo com o presidente
em exercício da Fundação Nacional
do Índio (Funai), Roberto Lustosa, as reivindicações
dos indígenas são compostas de "denúncias
vazias". “Nunca uma organização
foi tão ouvida pelo governo quanto a Coiab
está sendo ouvida pelo governo Lula”, ressaltou
Lustosa. “Vários ministérios possuem
ações em favor dos índios”,
disse.
O manifesto de repúdio organizado pelas organizações
indígenas critica ainda o fato de que a homologação
da terra indígena Raposa Serra do Sol, em
Roraima, não tenha sido autorizada até
hoje. “O governo vira as costas para o problema
nessa região e pensa em demarcar as terras
e pedaços, favorecendo assim, fazendeiros,
políticos e outros invasores”, esclareceu
Agamenon. Segundo ele, algumas terras demarcadas
estão invadidas e não existe ainda
nenhum projeto de autosustentação
que proteja a terra, o meio ambiente e o povo.
Roberto Lustosa explica que o governo tem ações
na Justiça de Roraima em favor da homologação
das terras. Este processo foi paralisado por uma
ação judicial que impede a conclusão
da homologação. “O governo não
pretende passar por cima de instâncias judiciais”,
declarou o presidente da Funai.
Fonte: Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Bianca Estrella