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EXPEDIÇÕES
CIENTÍFICAS VÃO MAPEAR BIODIVERSIDADE
DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
Panorama
Ambiental
Macapá (AP) - Brasil
Agosto de 2004
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(02/08/04) – Conhecer
e mapear a biodiversidade das Unidades de Conservação
do Amapá. Com este objetivo, teve início,
no dia 1º de agosto, uma série de quinze
expedições científicas que
serão desenvolvidas pela organização
não-governamental Conservação
Internacional (CI-Brasil) nos próximos dois
anos. O trabalho conta com o apoio da Gerência
do Ibama no Amapá e parceiros, como o Instituto
de Pesquisas Científicas e Tecnológicas
do Estado do Amapá (Iepa), a Secretaria de
Estado do Meio Ambiente (Sema), e com a participação
do Exército Brasileiro.
Liderada pelo coordenador de projetos da CI-Brasil
na Amazônia, Enrico Bernard, a equipe de sete
experientes pesquisadores realizará o levantamento
de espécies em grupos de mamíferos,
aves, répteis, anfíbios, peixes, crustáceos
e plantas. Participam, ainda, analistas e técnicos
ambientais do Ibama e da Sema; uma equipe do 3º
Batalhão de Infantaria de Selva do Exército
Brasileiro; e um grupo de apoio, com assistentes
de campo e barqueiros.
"Além das necessidades de infra-estrutura,
uma das maiores carências que temos que suprir
é a de inventários biológicos.
A falta de informação compromete diretamente
a elaboração dos planos de manejo
dessas áreas protegidas", explica Bernard.
Ele enfatiza que "estas expedições
são o sonho de qualquer biólogo de
campo. Vamos pisar em locais intocados, em áreas
nunca amostradas por pesquisadores. É uma
oportunidade única. Guardadas as devidas
proporções, vamos fazer o que os naturalistas
dos séculos passados fizeram, porém
com um pouco mais de recursos e tecnologia. Isso
pode aumentar a chance de encontrarmos novas espécies",
destaca.
As informações coletadas serão
utilizadas na elaboração de políticas
públicas que proporcionem a conservação
das riquezas naturais do estado. “Grande parte dos
ecossistemas encontram-se ainda íntegros
e com belezas cênicas inigualáveis”,
destaca o gerente executivo do Ibama/AP, Edivan
Barros de Andrade. Como as primeiras expedições
percorrerão duas unidades de conservação
federais, que juntas representam aproximadamente
30% da área territorial do Estado, o gestor
considera que “o levantamento de informações
será de grande importância, especialmente
pelo fato de subsidiar a constituição
do Plano de Manejo - principal instrumento de gestão
- em fase de elaboração em várias
unidades federais do Amapá”.
Para garantir a realização das expedições
foi montado um Núcleo de Biodiversidade do
Amapá, sediado em Macapá, aproveitando
o que de melhor cada instituição poderia
oferecer. "Há alguns meses, profissionais
das mais variadas especialidades foram reunidos
no Iepa para viabilizar as expedições",
explica o diretor-presidente do Instituto, Antonio
Carlos da Silva Farias. Ele ressalta ainda que "as
expedições representam uma oportunidade
de fortalecer as instituições do Amapá
e atrair investimentos em pesquisa e conservação
para o Estado e para as populações
locais".
"Precisamos romper com a idéia de que
área protegida é empecilho para o
desenvolvimento econômico", afirma o
vice-presidente de Ciência da CI-Brasil, José
Maria Cardoso. Ele explica que um estudo recente,
sobre o impacto econômico de 10 unidades de
conservação em torno de Manaus, mostrou
que o movimento financeiro anual médio dessas
áreas ultrapassou US$ 1,7 milhão,
gerando 210 postos de trabalho, com uma renda média
de US$ 4.330 por empregado. "E isso sem ônus
para o Estado", reforça Silva, explicando
que 98% desses recursos tiveram origem fora do município.
“Com isso, quero dizer que uma área protegida
é capaz de atrair novas fontes de investimentos,
viabilizando a conservação".
Opinião semelhante é defendida pelo
analista ambiental e chefe do Parque Nacional Montanhas
do Tumucumaque, Christoph Jaster; “No Amapá,
lutamos para que a conscientização
ambiental preceda a devastação. Através
do Parque Nacional, nós temos a oportunidade
de implantar um novo instrumento de desenvolvimento
regional, ambientalmente correto e socialmente justo.
Para esta unidade de conservação recém-criada
as expedições científicas estão
acontecendo no momento certo e representam uma enorme
contribuição para o processo de implantação
do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque”.
O trabalho da equipe nas expedições
dará ênfase às unidades de conservação
que formam o núcleo do Corredor de Biodiversidade
do Amapá, e tem como objetivo contribuir
para a proteção efetiva de áreas
de grande importância para a biodiversidade
e para o desenvolvimento socioeconômico de
todo o Estado. Os trabalhos tiveram início
no dia 1º de agosto, na Floresta Nacional (Flona)
do Amapá e duram 20 dias.
A Flona do Amapá foi criada em 1989 e está
localizada nos municípios de Ferreira Gomes
e Pracuúba, a 114 km de Macapá. Em
setembro, a equipe segue para o maior parque de
floresta tropical do mundo, o Parque Nacional Montanhas
do Tumucumaque, onde ficará por 25 dias.
A terceira expedição do ano acontece
na Reserva de Desenvolvimento Sustentável
do Rio Iratapuru, com início na segunda quinzena
de novembro. Estão previstas, até
abril de 2006, um total de cinco expedições
para o Tumucumaque, três para Iratapuru e
duas para a Flona.
As expedições também vão
explorar oportunidades de criar novas unidades de
conservação que conectem as já
existentes, para assim concluir o desenho do Corredor
de Biodiversidade do Amapá, promovendo um
verdadeiro anel verde ao redor das áreas
de maior desenvolvimento no Estado. A primeira delas
está localizada entre os Parnas Montanhas
do Tumucumaque e Cabo Orange, no extremo Norte amapaense.
A segunda, localizada no Nordeste do Amapá,
na costa do Oceano Atlântico, que pode ligar
o Parna do Cabo Orange até a Reserva Biológica
do Lago Piratuba, próxima à foz do
Rio Amazonas.
Fonte: Ibama (www.ibama.gov.br)
Ascom