FUNAI E FUNASA TÊM DIFICULDADES PARA GARANTIR SAÚDE DE XAVANTES ACAMPADOS NA BR-158

Panorama Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Agosto de 2004

04/08/2004 – Em entrevista ao programa NBR Manhã, o diretor do Departamento de Saúde Indígena da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Alexandre Padilha, falou sobre o problema de saúde do acampamento indígena localizado na BR-158, em Mato Grosso, onde três crianças xavantes morreram por problemas de desnutrição e pneumonia.

NBr Manhã: Crianças xavantes estão sendo internadas com desnutrição e pneumonia no acampamento da BR158, em Mato Grosso. Três crianças indígenas já morreram. A Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e a Fundação Nacional do Índio (Funai) estão acompanhando o problema. Qual a origem desse problema no Mato Grosso?

Alexandre Padilha: Na verdade, são cerca de 470 índios que saíram de uma outra aldeia há cerca de 12 meses e foram acampar na BR-158 em função de um conflito de terras. A situação é de um acampamento com lonas, sem obras mais permanentes de saneamento ou cuidado com a água. A própria Funai não pode resolver projetos de produção de alimentos. Estamos acompanhando há 12 meses essa situação. Das 43 crianças do acampamento, nós temos 14 crianças que vem sendo acompanhadas pela desnutrição, recebendo uma refeição específica por parte dos profissionais da Funasa que estão lá desde o começo. Algumas delas foram encaminhadas para o hospital, porque a criança com desnutrição pode adquirir alguma outra infecção. Ela fica mais susceptível a isso.

NBr Manhã: Conflitos de terra com indígenas eles são bastante freqüentes no Brasil. Esse caso de Mato Grosso é um caso isolado ou existem situações semelhantes em outras regiões?

Alexandre Padilha: Eles eram de uma outra aldeia. Nessa outra aldeia tem um posto de saúde da Funasa, onde tem acompanhamento com profissionais que ficavam permanentemente lá, inclusive com referência de uma médica que está há dez anos com eles. Mas essa história de deslocamento para a beira de uma estrada para brigar pela terra não é uma situação tão comum. Esse é um caso isolado do conflito da terra e para as ações de saúde dificulta o fato de não ter um território fixo. Por exemplo: a Funasa faz obras de saneamento nas terras indígenas. Nesse espaço nós não podemos fazer obras de saneamento porque não é terra indígena. Hoje mesmo foi encaminhada uma equipe de engenharia da Coordenação Regional de Mato Grosso para ver o que é possível fazer provisoriamente: uma caixa de água, por exemplo, para poder garantir água potável.

NBr Manhã: A medicação dessas crianças principalmente, o senhor disse que houve uma resistência a encaminhar essas crianças para o hospital. Elas acabaram sendo encaminhadas para o hospital?

Alexandre Padilha: Temos 11 crianças internadas no hospital de referência aqui de Água Boa sendo tratadas, tanto pra desnutrição quanto para infecção correlata, que é principalmente pneumonia ou diarréia crônica. Infelizmente, houve uma resistência por parte dos familiares de ir junto para o hospital no caso das três que morreram. Quando foram para o hospital foram muito tardiamente, e ai as possibilidades de ação diminuíram.

NBr Manhã: O quadro dessas que ainda estão no hospital já está estabilizado?

Alexandre Padilha: É um quadro relativamente estável e tem uma situação de pneumonia. É uma situação que ainda nos preocupa.

NBr Manhã: E falando mais genericamente sobre saúde indígena no país, podemos dizer que falta muito ainda ou já está perto de uma situação ideal?

Alexandre Padilha: Nós estamos avançando. Em 99 foi criado o Sub-Sistema de Saúde Indígena. Foi quando o Ministério da Saúde assumiu as ações para a área da saúde indígena e, desde então, temos dados de redução da mortalidade dos povos indígenas e aumento da taxa de natalidade. Ou seja, nascendo mais pessoas, aumento das populações, redução de situações como malária, tuberculose, aumento das taxas de vacinação. Agora, é lógico que temos que avançar muito. São populações que vivem em locais de difícil acesso, de difícil fixação de profissionais, dificuldades de fixar médicos e enfermeiros. São distantes dos grandes centros. A saúde indígena está entre as dez prioridades do Ministério da Saúde. Se a gente for ver o investimento per capita, é maior do que o do resto da população. Mas tem muitos avanços ainda a serem construídos.

Fonte: Radiobras (www.radiobras.gov.br)

 
 
 
 

 

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