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ÍNDIOS
XAVANTES AMEAÇAM ENTRAR EM TERRA
NO MATO GROSSO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Agosto de 2004
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06/08/2004 - Os
índios xavantes ameaçam entrar, na
próxima quarta-feira, em uma terra no Mato
Grosso, homologada como terra indígena em
1998. Expulsos do local há quase 40 anos,
os xavantes estão dispostos a retornar à
região e enfrentar fazendeiros e posseiros,
protegidos por liminares judiciais. A tribo está
armada com flechas e bordunas.
Em entrevista à Agência Brasil, o irmão
do cacique Damião, Jonas Marãiwatsede,
disse que a tribo já não acredita
em uma ação do governo federal ou
da Justiça. “Não podemos esperar que
eles (os fazendeiros) destruam o cerrado inteiro
para depois entrar lá”, defende Jonas, 47
anos. “Todo mundo já sabe que aquela terra
é dos xavantes. Eu nasci lá, eu sou
proprietário. Os lutadores podem morrer.
Mas os netos e filhos vão viver lá.”
Acampados há 11 meses na rodovia BR-158,
os Marãiwatsede enfrentam condições
precárias de sobrevivência. No próximo
dia 17, uma comitiva da ONU visita o local onde,
nas últimas duas semanas, três crianças
morreram e outras 14 foram internadas com desnutrição
e pneumonia. No grupo de quase 500 pessoas, estão
cerca de 120 crianças. De acordo com o administrado
da Fundação Nacional do Índio
(Funai), Edson Beiriz, os xavantes estão
vivendo em condições precárias,
alimentando-se com cestas básicas doadas
pela instituição e utilizando água
sem tratamento de um córrego. “A possibilidade
de conflito é iminente”, alerta.
Jonas Marãiwatsede lembra que após
a expulsão na década de 60 os Marãiwatsede
tentaram viver e se adaptar em outras tribos xavantes.
“Mas tinha muita briga. Eles (os outros xavantes)
sempre dizem que a gente não tem terra. Somos
como estrangeiros”, conta Jonas.
Segundo ele, a tribo sonha e tem planos para a terra
de 165 mil hectares, situada na região do
município Alto Boa Vista (MT). “A terra vai
ser dividida em seis aldeias. A roça será
de toco (sem utilização de máquinas).
Vamos plantar feijão, mandioca e amendoim”,
diz.
Fonte: Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Juliana Cézar Nunes