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SOBE PARA
14 O NÚMERO DE CRIANÇAS XAVANTES
INTERNADAS COM PNEUMONIA E DESNUTRIÇÃO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Agosto de 2004
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04/08/2004 – Subiu
hoje para 14 o número de crianças
xavantes, etnia Marãiwatsede, internadas
nos hospitais do Mato Grosso com pneumonia e desnutrição.
Três crianças da mesma tribo morreram
nos últimos sete dias. Todas elas estavam
em um acampamento indígena na BR-158, perto
de São Félix do Araguaia (MT). Ao
todo, nesse local, estão 120 crianças
vivendo em condições precárias
com aproximadamente 400 adultos da etnia.
“Os índios estão muito tensos e ansiosos”,
conta o representante da Funai, Edson Beiriz. Segundo
ele, uma aeronave com dois médicos e uma
enfermeira deve chegar à rodovia ainda nesta
quarta-feira. “Amanhã, embarcam para a região
dois engenheiros sanitários, outra enfermeira
e, provavelmente, outra nutricionista.”
Os índios xavantes se recusam a sair da BR
até que a justiça derrube as liminares
concedidas a fazendeiros e autorize a entrada na
reserva índigena, destinada a eles por decreto
assinado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Atualmente, a reserva está ocupada por cerca
de 400 famílias de posseiros, fazendeiros
de soja e madeireiras clandestinas. “A possibilidade
de conflito é iminente”, alerta Beiriz.
Segundo ele, os xavantes estão vivendo em
condições precárias, alimentando-se
com cestas básicas doadas pela Funai e utilizando
água sem tratamento de um córrego.
A Funai pediu uma audiência com o juiz da
5ª Vara federal de Cuiabá, José
Pires, que vai decidir sobre a desocupação
da reserva. Representantes da Advocacia Geral da
União e do Ministério Público
ajudam na articulação do encontro.
Mudanças
forçadas
A terra indígena
Marãiwatsede está situada no município
de Alto Boa Vista (MT) e conta com 165 mil hectares.
Os índios xavantes Marãiwatsede estão
desde a década de 60 fora de sua terra original.
Nessa época, o governo de Mato Grosso vendeu
a área a um grupo de usineiros do interior
de São Paulo e a tribo acabou expulsa. Trasportados
em aviões oficiais, ele foram levados para
a reserva xavante São Marcos, em Água
Boa (MT). Somente nos primeiros dias após
a transferência, morreram de sarampo 64 índios.
Brigas entre clãs da São Marcos e
da etnia Marãiwatsede motivaram uma nova
transferência, dessa vez para uma reserva
em Pimentel Barbosa, no mesmo estado. “Com a demarcação
da terra pelo então presidente Fernando Henrique,
em 1988, eles começaram a pensar em voltar
para terra que lhes pertence. A tribo quer ter de
novo espaço para seus ritos, caças
e plantações”, revela o administrador
da Funai, Edson Beiriz. “Há nove meses, os
índios voltaram para a região, mas
foram impedidos de entrar na reserva.”
Fonte: Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Nasi Brum e Juliana Cézar Nunes