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FUNAI QUER
GARANTIR ‘PODER DE POLÍCIA’
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Agosto de 2004
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O presidente substituto
da Fundação Nacional do Índio
(FUNAI), Roberto Aurélio Lustosa, em entrevista
hoje (9) à Rádio Nacional da Amazônia,
por ocasião do Dia Internacional dos Povos
Indígenas, assegurou que “a reivindicação
antiga, de garantir o poder de polícia aos
agentes da Funai, está sendo tratada com
muito carinho, no atual governo, dentro do Ministério
da Justiça”. Ele explicou que, na verdade,
está faltando apenas uma “definição
legal da forma como ela será criada, se por
decreto, portaria ou lei”.
Com o chamado “poder de polícia”, que Lustosa
considera “altamente necessário”, o agente
da Funai poderá, em situações
de conflito, dar ordem de prisão e conduzir
a pessoa, se preciso à força, até
a autoridade policial mais próxima. “Hoje,
o que acontece numa situação dessas
- explicou o presidente substituto da Funai - é
que se corre o risco até de perder a vida,
como aconteceu recentemente em Roraima, quando um
agente da Funai foi chamar a atenção
de um garimpeiro ilegal e foi morto com um tiro
no peito”.
Com relação ao indígenas que,
dentro de suas terras, tomam atitudes como levantar
barreiras de fiscalização e até
mesmo prender invasores, Roberto Lustosa afirmou
que “dentro da terra dele o indígena é
soberano”. Ele citou o exemplo do “quintal de sua
casa”. Por este motivo - continuou- o indígena
tem o direito de se defender como se “a terra fosse
a extensão de sua vida”. E garantiu que o
indígena pode inclusive prender um invasor
de sua terra. “Ele apenas é orientado pela
Funai para entregá-lo à autoridade
policial mais próxima”- completou.
No caso da Terra Indígena Roosevelt, em Rondônia,
que possui uma “enorme reserva de diamante em seu
subsolo”, o presidente substituto da Funai aceitou
que “esta é uma preocupação
do governo federal”. No momento, para esta “questão
sensível”, ele disse que está se procurando
“um ponto comum no interior do governo”, envolvendo
os Ministérios da Justiça, Defesa,
Segurança Institucional e Minas e Energia.
Ele disse que a intenção é
“cessar todas as atividades de garimpo, tanto da
parte dos garimpeiros quanto dos indígenas”.
Para Roraima, onde existe uma divisão entre
os próprios indígenas na homologação
das reservas indígenas, se de forma contínua
ou em ilhas, Lustosa declarou que “a Funai está
repensando alguns aspectos contrários à
homologação de terras contínuas”.
Ele aceitou que “já se começa a aceitar
a existência da sede do município de
Uiramutã”, que ficaria fora da reserva indígena,
a exemplo das rodovias e dos bens públicos.
“Estamos caminhando para uma posição
mais flexível”-completou o presidente substituto
da Funai.
Fonte: Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Eduardo Mamcasz