 |
GOVERNO
PROPÕE CONVIVÊNCIA COM A REALIDADE
DO SEMI-ÁRIDO
Panorama
Ambiental
Fortaleza (CE) – Brasil
Agosto de 2004
|
 |
04/08/2004 - Na
história brasileira, muitos governos tentaram
combater de forma direta a seca e a desertificação,
mas uma nova visão de desenvolvimento mostra
que é preciso conviver com o Semi-Árido,
com a realidade natural e com os limites ecológicos
da região. De acordo com a ministra do Meio
Ambiente, Marina Silva, muitos dos problemas relativos
à desertificação tem sido causados
por ações humanas, como desmatamento,
uso do fogo, produção de carvão
e agropecuária extensiva. "Temos que
nos render ao fato de que não podemos dominar
a natureza. Devemos usar conhecimento e tecnologia
para melhor conviver com o Semi-Árido",
disse.
Nesse sentido, o Governo Federal está lançando
durante a 1ª Conferência Sul-Americana
sobre o Combate à Desertificação
(CCD+10), na capital cearense, o Programa de Ação
Nacional de Combate à Desertificação
e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAN).
De acordo com a ministra Marina Silva, o Programa
traz ações para minimizar os efeitos
da desertificação, mas também
agirá para reduzir a degradação
social, econômica e ambiental, com foco no
combate à pobreza e à fome.
O PAN inclui programas e projetos de mais de 11
ministérios, e atuará em mais de 1,4
mil municípios de nove estados do Nordeste,
de Minas Gerais e do Espírito Santo, no Sudeste.
"Precisamos preservar o que temos, usando de
forma sustentável o patrimônio natural,
e recuperar o que perdemos", disse Marina Silva
durante a mesa Políticas Públicas
no Contexto da Convenção das Nações
Unidas para o Combate à Desertificação,
na CCD+10.
Para a execução do PAN, até
2007, estão previstos R$ 23,5 bilhões
em recursos federais, sem contar com a cooperação
internacional O Programa abriga uma série
de ações governamentais, como Agendas
21 Locais, Política Nacional de Recursos
Hídricos, Programa Nacional de Florestas,
Programa Nacional de Áreas Protegidas, Programa
Água Viva, Pró-Água, Programa
Nacional de Zoneamento Ecológico-Econômico,
Programa Nacional de Florestas, entre outros.
A Região Nordeste abriga 28% da população
brasileira e é responsável por 13%
da produção nacional. No entanto,
no Semi-Árido, vivem cerca de 40% dos pobres
do país. Por esses motivos, afirmou o ministro
da Integração Nacional, Ciro Gomes,
a região precisa de políticas diferenciadas
para que possa se desenvolver com equilíbrio
entre crescimento econômico e social e proteção
ambiental. De acordo com Ciro, os governos precisam
investir nas potencialidades e vocações
regionais, deixando de financiar ações
predatórias para depois fiscalizar e multar,
como tradicionalmente acontecia. "É
preciso radicalizar na construção
de um novo modelo de desenvolvimento para o Nordeste,
assim como tem sido feito para a Amazônia",
disse.
De acordo com o secretário-executivo da Convenção
das Nações Unidas para o Combate à
Desertificação (UNCCD), Hama Arba
Diallo, mais de 1,25 bilhão de pessoas em
todo o mundo são afetadas diretamente pelos
efeitos da desertificação. O México,
por exemplo, estaria comprometendo 25% de seu PIB
(Produto Interno Bruto) em ações para
mitigação dos efeitos da seca, causados
basicamente pelo crescimento econômico sem
respeito aos limites naturais do país. Para
Diallo, a Convenção é hoje
o principal instrumento em nível global para
combate à degradação, mas não
traz todas as respostas para o problema. "Os
Programas Nacionais para Combate à Desertificação
têm a tarefa de melhor observar as questões
locais e regionais que influenciam no processo de
desertificação", disse.
Segundo Diallo, a UNCCD continuará acompanhando
e apoiando a implementação dos Programas
Nacionais para Combate à Desertificação
em todo o mundo. Para o secretário-executivo,
a construção do PAN brasileiro com
base nas diretrizes da Agenda 21 e da Convenção
das Nações Unidas, vai ao encontro
dos objetivos definidos na Rio92 e também
dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio
das Nações Unidas, que prevêem,
entre outros pontos, a erradicação
da fome e da pobreza.
Para o sub-secretário de Coordenação
das Unidades de Pesquisas do Ministério da
Ciência e Tecnologia, Avílio Franco,
a correta aplicação de conhecimentos
e tecnologias próprias para o Semi-Árido
podem ajudar na superação do problema
histórico da seca e na melhoria da qualidade
dos cerca de 18 milhões de habitantes da
região. De acordo com Franco, a ciência
auxilia no melhor uso da biodiversidade (riqueza
de plantas e animais), na introdução
de culturas que possam gerar mais renda para a população,
no uso racional da água para irrigação,
no zoneamento agroecológico e socioeconômico
regional, na recuperação ambiental,
no desenvolvimento de fontes alternativas de energia,
por exemplo.
Fonte: MMA – Ministério
Meio Ambiente (www.mma.gov.br)
Ascom