 |
PESQUISA
COM MAMONA PODE VIABILIZAR BIODIESEL BRASILEIRO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Agosto de 2004
|
 |
16/08/2004
- A cultura da mamona pode se tornar em curto prazo,
no cenário do Nordeste, um dos principais
componentes de um programa nacional de biodiesel.
A estimativa é de cerca de 40% do biodiesel
produzido no Brasil nos próximos anos, misturas
B2 e B5 depois, sejam obtidos a partir dessa oleaginosa.
A estimativa é de especialistas do setor
e de pesquisadores da Embrapa Algodão, a
unidade da estatal vinculada ao Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
responsável pelas pesquisas públicas
sobre a mamona no país, que realizou recentemente
seminário técnico para redefinir suas
prioridades de pesquisa com a cultura para os próximos
quatro anos.
A principal demanda do setor produtivo mamoneiro
é a obtenção de variedades
de porte baixo, em torno de 1,3 metro, para viabilizar
a mecanização da colheita, especialmente
para o cultivo na região centro-sul. Do ponto
de vista da expansão das fronteiras agrícolas,
as pesquisas devem se concentrar a partir de agora
na obtenção de variedades cultiváveis
em baixas altitudes. Hoje a mamona só é
viável economicamente se plantada acima dos
300 metros acima do nível do mar.
A Embrapa vai direcionar ainda suas pesquisas com
mamona para questões relacionadas ao manejo
cultural, como adensamento de plantas , métodos
de controle de plantas daninhas , manejo pos-colheita
, entre outros e o melhoramento genético,
buscando soluções para o aumento de
tolerância à salinidade, ao alumínio
trocável e à seca. Os pesquisadores
também querem obter plantas semi-indeiscentes
e indeiscentes (aquelas que não ejetam as
sementes), mais produtivas e com maior teor de óleo
nas sementes, com pelo menos 50 % com relação
ao peso das sementes.
Os pesquisadores da estatal estão desaconselhando
os agricultores a consorciar a mamona com culturas
como milho e sorgo, para evitar a competição
desfavorável à mamona. Uma outra vertente
que começa a ser explorada pelos especialistas
é o de tecnologia para a produção
de mudas. Segundo Beltrão, o cultivo com
mudas pode ser significativo para as regiões
onde a oferta de água é comprometida,
principalmente na fase de plantio.
Produção - A Bahia é o maior
produtor nacional, com 92% da produção
brasileira, concentrada fundamentalmente na região
de Irecê. Hoje o Brasil tem cerca de cinco
milhões de hectares zoneados agroecologicamente
para o cultivo dessa oleaginosa. Apenas na região
Nordeste são cerca de 19 milhões de
hectares agricultáveis para regime de sequeiro
para todas as culturas , dos quais cerca de 4,5
milhões com aptidão para o cultivo
da mamona em condições de sequeiro.
O uso de sementes certificadas tem possibilitado
uma produtividade de até 5,5 toneladas por
hectare na Bahia.
A certificação e a fiscalização
de sementes tornou-se outro gargalo na produção
da mamona. Esse ano o Governo Federal está
destinando, através do Pronaf, R$ 64 milhões
para a revitalização da ricinocultura
brasileira, dos quais R$ 9 milhões apenas
para ações junto ao serviço
público de assistência técnica
e extensão rural.
Segundo o pesquisador Napoleão Beltrão,
o biodiesel poderá suprir o abastecimento
de 16% da frota nacional de veículos, ou
mais, dependendo dos investimentos e verificando-se
as vocações regionais, caso da mamona
no Nordeste , do dendê no Norte e de outras
oleaginosas . Além da questão econômica
e energética, a mamona é uma das principais
fontes de biomassa e pode ajudar na reversão
do processo de poluição atmosférica
mundial "A mamona seqüestra cerca de dez
toneladas de carbono por cada hectare plantado"
e pode com as cultivares atuais viver produzindo
bem por dois ciclos, ou seja por dois anos.
Energia e Sustentabilidade - Este é o tema
principal do primeiro Congresso Brasileiro de Mamona,
que acontece entre os dias 23 a 26 de novembro,
no Centro de Convenções Raimundo Asfora,
em Campina Grande (PB). O evento é uma realização
Embrapa Algodão e tem como principais objetivos
discutir os rumos da pesquisa e incentivar o desenvolvimento
sustentável do agronegócio e da indústria
da cultura.
"O evento será um fórum inédito
e privilegiado para a troca de experiências
e informações entre todos os segmentos
envolvidos nessa importante cadeia produtiva: instituições
de pesquisa, produtores, técnicos extensionistas,
indústrias, governos estaduais, empresas
de fomento e de geração de energia,
universidades, ONGs e estudantes", diz Ramiro
Pinto, chefe adjunto de Comunicação
e Negócios da Embrapa e um dos coordenadores
do congresso. Estima-se um público de setecentas
pessoas vindas de todo o país.
A inscrição de trabalhos técnico-científicos
para o congresso se encerra no 15 de setembro de
2004 (data de postagem). Maiores Informações
podem ser obtidas da seguinte forma: internet: www.cnpa.embrapa.br/cbm,
E-mail: cbm@cnpa.embrapa.br,
telefone: (83) 315-4300 ou fax: (83) 315-4367
Dalmo Oliveira – MTb/PB n°
0598
Embrapa Algodão
Contatos: (83) 315.4362 – dalmo@cnpa.embrapa.br
Fonte: Embrapa (www.embrapa.gov.br)
Assessoria de imprensa