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ESPECIALISTAS
DISCUTEM E SUGEREM ALTERNATIVAS PARA MITIGAR
AÇÕES DOS GASES DE EFEITO
ESTUFA
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Agosto de 2004
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23/08/2004
- Readequar estrategicamente setores importantes
como os da construção e dos
transportes, para diminuir a necessidade de
consumo de energia elétrica e de combustíveis
fósseis, assim como estimular o uso
de fontes alternativas, como os diversos tipos
de biomassa e a eólica, além
de estudar a possibilidade de um aproveitamento
inédito do carvão e armazenar
o gás carbônico no subsolo. Essas
foram algumas das propostas e reflexões
apresentadas e discutidas no “IPCC - Outreach
Workshop Painel Governamental de Mudanças
Climáticas”, promovido em São
Paulo, na última sexta-feira (20/8),
pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente,
com a participação de especialistas
internacionais do assunto. |
José
Jorge e Pedro Calado
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O secretário
estadual do Meio Ambiente, professor José
Goldemberg, que abriu o evento, ressaltou
a importância do encontro, lembrando
que a utilização do termo
em inglês “outreach” no título
da reunião foi justamente para dar
a idéia de “alcançar, disseminar”
as informações mais recentes
sobre a questão, e procurando aproveitar
a oportunidade da presença de especialistas
do mundo todo que estiveram reunidos na
Bahia, entre os dias 17 e 19, no encontro
do 3º Grupo de Trabalho do IPCC - Painel
Intergovernamental sobre Mudança
Climática, ligado à Organização
das Nações Unidas - ONU, convidando
alguns deles para virem expor as novidades
em São Paulo. Desta forma, estiveram
se apresentando na manhã deste dia
20, no “workshop” da Secretaria do Meio
Ambiente, entre outros, os
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professores William Moomaw, da Tufts University,
dos Estados Unidos, que falou sobre “Mitigação
dos Gases de Efeitos Estufa - Oportunidades e Políticas”,
e Roberto Williams, da Princeton University, também
dos Estados Unidos, que apresentou alternativas
de captura e armazenamento de carbono. O manuseio
do CO2 (dióxido de carbono), o principal
gás na lista dos gases de efeito estufa presentes
na atmosfera, faz parte das estratégias para
combater o aquecimento global.
Lembrando o crescente aumento da emissão
de carbono, que entre 2001 e 2003 “teve um acréscimo
dramático”, com o correspondente aumento
de temperatura e com mudanças climáticas
se verificando na Europa e Estados Unidos, além
da elevação do nível das águas
do oceano, Moomaw estimulou iniciativas nos setores
da construção civil e dos transportes,
entre outros. De acordo com ele, o setor de construção,
que tem aumentado suas emissões em 1% ao
ano, tem um potencial de redução de
emissões de 30 a 70%, enquanto a área
de transporte, que eleva suas emissões em
mais de 2,4% anualmente, tem um potencial de redução
que vai de 50 a até100%.
Moomaw exemplifica as várias iniciativas
que poderiam ser tomadas, no caso do setor de construção,
levando-se em consideração a economia
de energia elétrica, ou a diminuição
do seu consumo, ou ainda da menor utilização
de óleo no sistema de geração,
a partir da otimização do aproveitamento
da luz solar e dos ventos, para efeito de iluminação,
aquecimento, resfriamento e ventilação
dos ambientes e equipamentos, com o aproveitamento
ideal em termos de localização das
janelas etc.
Só nesse item, segundo Moomaw, pode-se reduzir
em 70% o volume de energia elétrica utilizada,
além do menor consumo de água. Ele
também citou os ganhos futuros que poderiam
haver com a melhoria das tecnologias voltadas para
os combustíveis dos caminhões, “que
gastam muito combustível”.
De acordo ainda com o especialista norte-americano,
em 1995, toda a energia produzida na Califórnia
foi eólica. Ele também lembrou as
experiências recentes e bem-sucedidas da Alemanha,
utilizando sistemas eólicos, e da Dinamarca,
que exporta energia, e estimulou a adoção
de políticas públicas visando a utilização
de fontes renováveis. Por fim, enfatizou
a necessidade de cooperação global,
para a resolução dos problemas críticos,
relativos às mudanças climáticas,
enfrentados pelo mundo.
Robert Williams, da Princeton University, que também
presta consultoria para o IPCC e vê inúmeras
oportunidades para a captura e armazenagem de carbono,
citou vários exemplos de iniciativas e propostas
que, na sua opinião, deveriam ser melhor
refletidas e consideradas, na busca de soluções
visando a mitigação dos gases de efeito
estufa. Baseando-se em dados de utilização
de energia e emissões de dióxido de
carbono “per capita”, para mostrar que o uso “per
capita” anual de energia nos Estados Unidos é
quase sete vezes maior que no Brasil (379,6 gigatons
dos contra 55,2 do Brasil), sugeriu que a utilização
comparativamente reduzida, no caso do Brasil, poderia
talvez servir de referência para o aumento
desse uso, baseado no aproveitamento de dióxido
de carbono, com vistas à venda de créditos
de carbono aos grandes emissores de gases de efeito
estufa, que necessitam comprar esses créditos.
Williams também falou sobre a alternativa
de queima de carvão, com a devida separação
dos gases poluentes emitidos, seu tratamento e,
ao final do processo, igualmente, venda de créditos
de carbono. Outra opção seria o armazenamento
do dióxido do carbono produzido nos processos
de queima, no subsolo, guardando-o em reservas geológicas,
como poços esgotados de petróleo,
e evitando sua liberação para a atmosfera,
além de forçar a saída do produto
residual, através da pressão exercida
pelo gás, como uma alternativa técnica.
Desenvolvimento sustentável
No período da tarde,
realizou-se a palestra sobre desenvolvimento sustentável
e mudanças climáticas, proferida
por Bert Metz, do IPCC – Intergovernmental Painel
on Climate Change, que falou sobre o último
relatório emitido por sua instituição,
abordando questões relativas ao impacto
do clima na população e na natureza.
Segundo disse, o aumento da temperatura está
reduzindo as precipitações em alguns
lugares e aumentando em outros. Em alguns países,
as geleiras estão derretendo, aumentando
a quantidade de água em seu território.
O representante do IPCC disse também que
há dificuldade na criação
de tecnologia em países em desenvolvimento
para evitar ou minimizar o impacto das mudanças
climáticas, ressaltando ainda que é
necessário uma cooperação
internacional, envolvendo pessoas capacitadas
e interessadas em um desenvolvimento sustentável.
A conclusão final foi de que existe um
grande problema com relação às
mudanças climáticas, mas que o desenvolvimento
sustentável poderá ajudar nesta
situação.
Ogunlade Davidson, também do IPCC, complementou
a palestra, falando da dificuldade em se resolver
o problema climático, mas que temos de
pensar em viabilizar recursos econômicos
para estabilizar as mudanças climáticas
e as emissões de gases para a atmosfera.
O palestrante citou casos na África de
pessoas que sofrem com problemas de saúde,
sendo que estes são causados por mudanças
no clima, cuja solução depende da
existência de condições financeiras.
O representante do IPCC finalizou sua apresentação
ressaltando que a publicação do
relatório de sua instituição
tem como objetivo conscientizar as pessoas, pois
as alterações climáticas
estão afetando o estilo de vida de todo
o ser humano.
Telma Krug, vice-presidente do Painel Intergovernamental
de Mudanças Climáticas – IPCC Brasil,
falou sobre o armazenamento de carbono na biosfera.
De acordo com Telma, existem três maneiras
de mitigação do efeito estufa reconhecidas
pelo IPCC: a conservação dos estoques
de carbono existentes, a remoção
por meio da ampliação dos reservatórios
de carbono e a substituição energética,
que segundo estimativas tem potencial de acumulação
de carbono, até 2050, de 100 gigas.
A conservação de reservatórios
de carbono pode ajudar a evitar emissões,
tornando-se sustentáveis, se as forças
sócio-econômicas que promovem o desflorestamento
forem contidas.
Segundo a palestrante, a mudança futura
do clima depende da região geográfica,
tipo de ecossistema e habilidade local de adaptação.
Fonte: SMA – Secretaria Estadual
do Meio Ambiente de São Paulo (www.ambiente.sp.gov.br)
Assessoria de imprensa (Mário Senaga)
Fotos: José Jorge e Pedro Calado
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