 |
“GÊNERO
E MEIO AMBIENTE” ENFOCA A RELAÇÃO
DA MULHER COM A SOCIEDADE E A NATUREZA
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Março de 2004
|
 |
A Secretaria do Meio
Ambiente do Estado, por intermédio da Coordenadoria
de Planejamento Ambiental Estratégico e Educação
Ambiental – CPLEA, realizou nesta quinta-feira (18/3)
o curso "Gênero e Meio Ambiente",
enfocando o papel da mulher na questão socioambiental.
O evento fez parte do Ciclo de Cursos de Educação
Ambiental organizado pela SMA. Para iniciar os trabalhos,
a coordenadora de Planejamento Ambiental Estratégico
e Educação Ambiental, Lúcia
Sena, ressaltou o problema da água na nossa
sociedade e afirmou que o motivo das próximas
guerras será pelo domínio desse recurso
natural. "As cabeceiras dos rios não
estão se recuperando e poderemos ter sérios
problemas no futuro", disse.
Em seguida, foi apresentado o vídeo-documentário
"Palavra de Mulher", dirigido por Maria
Angélica Lemos, do Projeto "Água
na Palavra da Mulher". O vídeo é
um alerta com relação à questão
da água na qual a arquiteta e professora
da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP,
Marta Dora Grostein, a presidente do Subcomitê
de Bacia Billings-Tamanduatei e prefeita de Ribeirão
Pires, Maria Inês Soares Freire, e a representante
do SOS Mata Atlântica, Maria Luísa
Ribeiro, discutem a importância da água.
O documentário mostra a cidade de São
Paulo no início do processo de desenvolvimento,
em que milhares de pessoas foram atraídas
pelas oportunidades de trabalho. Isso resultou em
ocupações irregulares, com sérios
prejuízos para os mananciais de água,
utilizados também para a geração
de energia elétrica, privilegiando o desenvolvimento
econômico, sem a preocupação
com a sua escassez.
Com o cenário que se formou, o poder público
mudou o seu pensamento conscientizando-se da necessidade
de preservar esse recurso. O vídeo mostra
também a importância da sociedade civil
na questão da água, que pode contribuir
para evitar o desperdício com banhos demorados,
lavagem de ruas e calçadas e outros gastos.
O vídeo aponta também as legislações
que protegem as bacias hidrográficas, como
a lei estadual de 1991 instituindo os comitês
de bacia e a de 1997, criando um novo modelo de
gestão de recursos hídricos.
O evento contou com a presença da jornalista
e coordenadora geral do Instituto ECOAR para a Cidadania,
Miriam Duailib, que ressaltou o movimento das mulheres
na sociedade e apontando toda a problemática
que hoje estamos vivendo com relação
à água. "Nós tínhamos
a visão do universo como um sistema mecânico,
a visão do corpo humano como uma máquina,
a visão da vida em sociedade como uma luta
competitiva pela existência, busca do progresso
material ilimitado e um incremento constante do
consumo. Hoje, começa-se a pensar no mundo
como um todo e não mais fragmentado como
anteriormente", disse a jornalista, ressalvando
que o que vivemos atualmente é fruto da nossa
ignorância ecológica.
Miriam falou, ainda, da importância da mulher
na sociedade, onde ocupa um lugar de destaque, especialmente
a partir de 1970 quando passou a participar mais
intensamente dos movimentos sociais. Lembrou que
12 milhões de mulheres entraram no mercado
de trabalhos nos últimos 11 anos e que, em
2001, 49% da população economicamente
ativa era do sexo feminino.
Hilda Fadiga de Andrade, sócia-educadora
da Rede Mulher de Educação, mostrou
o papel da mulher na construção de
uma sociedade sustentável. A expositora colocou
como exemplo os papéis das mulheres e dos
homens na sociedade e que, assim, constroem as diferenças
sociais e, como conseqüência, criam forma
de pensar e de enxergar as coisas diferentemente.
Hilda coloca a mulher como
protagonista do desenvolvimento sustentável
e líder das mudanças dentro da sociedade.
Ecofeminismo
A principal reivindicação
do movimento feminista iniciado no final dos anos
cinqüenta, início dos sessenta, do século
passado, era exigir a igualdade entre os sexos.
O que as mulheres buscavam era o direito de poder
trabalhar como os homens. Essa luta durou várias
décadas e, apesar de terem conseguido se
inserir no mercado de trabalho, esse "trabalhar
como os homens" não levou as mulheres
ao encontro da felicidade, porque o custo emocional
que elas tiveram que pagar foi muito alto.
A socióloga Regina Célia di Ciommo
realizou pesquisa sobre o tema questionando como
as inter-relações do trabalho remunerado
da mulher, as obrigações domésticas,
a maternidade e os trabalhos substitutivos, aos
quais elas tinham que recorrer podiam influenciar
na vida profissional. A pesquisa revelou que as
mulheres que tinham melhor desempenho profissional
eram as que tinham condições de deixar
os filhos em lugar comprovadamente seguro, como
na casa de uma avó, por exemplo.
Em seguida, a professora passou a trabalhar numa
ONG - Organização Não-Governamental,
iniciando nova pesquisa para entender como as questões
ecológicas e femininas se relacionavam. Nessa
pesquisa percebeu que os ecologistas pregavam alguns
valores novos, mas não contestavam o poder
dos gêneros (homem x mulher) e nem a relação
da sociedade com a natureza.
A sociedade sempre viu a mulher e a natureza como
doadoras e subordinadas, sendo esse um dos vínculos
entre ambas. Essa visão de subordinação
é praticamente universal.
Foi na ECO/92, realizada na cidade do Rio de Janeiro,
que os ambientalistas que participavam da tenda
"Planeta Fêmea", começaram
a questionar esses conceitos. Se na relação
entre os seres humanos não se consegue superar
as adversidades, fica difícil respeitar a
natureza.
O ecofeminismo surgiu como um amadurecimento. É
importante observar a cultura feminina, decorrente
de uma vivência proporcionada pela sua forma
de experimentar o mundo através do corpo
e suas especificidades, que passam pelo biológico,
sensações que os homens nunca vão
experimentar, porque corpos diferentes condicionam
visões diferentes.
Na pós-modernidade houve uma expansão
das questões ambientais, os conceitos se
tornaram mais populares, tendo como idéia
central à importância da diversidade.
Ela é importante para o equilíbrio
do sistema social, cultural e para o sujeito. Todas
as discriminações devem ser trabalhadas
no conteúdo da educação ambiental.
As empresas, que antes não queriam mulheres
grávidas e não reconheciam a importância
do valor social de criar umas criança, hoje
querem levar os valores da cultura feminina para
o seu cotidiano, para que possam ser vividos pelos
homens.
Projeto Curumim
O Projeto Curumin
atende a 150 crianças que vivem no entorno
do antigo lixão, hoje aterro, e tem fila
de espera para participar. Valderez da Cunha nasceu,
cresceu e teve quatro filhos morando no lixão.
Há quatro anos participa do projeto e hoje
cria os filhos sozinha, morando em casa alugada.
Em seu depoimento afirmou que o seu sentimento pelo
projeto é de gratidão: "eles
fizeram tudo por mim".
O projeto foi idealizado por Leila Novack e a apresentação
foi feita por sua irmã Selma Luzia Martinho.
Em oito anos de existência o projeto cresceu
muito, fez várias parcerias inclusive com
o movimento Humanista da Itália.
Os jovens que foram retirados do garimpo de lixo
aprendem a reciclar papel, a produzir blocos, pastas,
cadernos; aprendem capoeira, musica e a produzir
pães caseiros, entre outras atividades.
Fonte: SMA – Secretaria Estadual
do Meio Ambiente de São Paulo (www.ambiente.sp.gov.br)
Assessoria de imprensa