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GOVERNO
ANUNCIA PLANO DE CONTROLE AO DESMATAMENTO
NA AMAZÔNIA EM TEMPO REAL
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Março de 2004
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Trata-se
de um conjunto de medidas que promete maior grau
de eficácia e que envolve o trabalho conjunto
de 13 ministérios reforçando assim
a posição da ministra do Meio Ambiente,
Marina Silva, em defesa da transversalidade no tratamento
das questões ambientais.
Aproxima-se a data em que o Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (Inpe) deverá anunciar
novos dados sobre o desmatamento na Amazônia,
referentes aos anos de 2002 (levantamento integral)
e 2003 (projeção), já envolvendo,
portanto, o período do atual mandato presidencial.
Comenta-se em Brasília que a projeção
do desmatamento havido em 2003 repetirá o
altíssimo índice de 25 mil km2, equivalente
ao do ano anterior, o que pode indicar uma mudança
para pior do patamar (de 17 mil km2) observado durante
os anos 90.
Antecipando-se à divulgação
dos dados, o governo federal lançou ontem
(15/03), em cerimônia realizada no Palácio
do Planalto com a presença do Presidente
Lula e de vários ministros, um plano de combate
ao desmatamento na Amazônia. Diferentemente
de situações similares anteriores,
este plano propõe um conjunto de medidas
de caráter estruturante que promete ter maior
grau de eficácia e que não se limite
ao momento imediatamente subseqüente ao seu
lançamento.
Maior parte
dos recursos será destinado a combater a
grilagem
Merece destaque o
fato de que o pacote anunciado não se resume
a providências no âmbito do Ministério
do Meio Ambiente e do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama),
mas envolve diversos ministérios que têm
competências relativas às principais
causas do desmatamento, como os da Agricultura,
Transportes, Minas e Energia. Vale destacar que
o grosso dos recursos alocados para a sua execução
- R$ 394 milhões em 2004 - estarão
sendo aplicados no combate à grilagem de
terras públicas pelo Ministério do
Desenvolvimento Agrário. O caráter
interministerial desse plano representa uma vitória
para a posição defendida pela ministra
Marina Silva, de promover a transversalidade no
tratamento das questões ambientais.
Outro aspecto importante é o monitoramento
do desmatamento em tempo real, através da
utilização das imagens do novo satélite
brasileiro, produzidas semanalmente, e que apresentam
grau maior de resolução que o Landsat,
utilizado até agora. À diferença
do que ocorria até aqui, quando as ações
de governo se orientavam por dados relativos a anos
passados, os desmatamentos serão detectados
enquanto estejam ocorrendo e as informações
estarão disponíveis, simultaneamente,
em Brasília e na ponta, de modo que poderão
orientar com precisão as ações
de fiscalização, evitando-se a inação
ou práticas de corrupção pelas
frentes de fiscalização. O monitoramento
em tempo real, associado ao licenciamento ambiental
das grandes propriedades rurais, que será
implementado com o novo cadastro de terras, promete
muito maior eficácia no combate ao desmatamento.
Plano define
19 áreas críticas e 149 ações
específicas
O plano anunciado
ontem define, ainda, 19 áreas críticas
ao longo do chamado arco do desmatamento, o que
deve permitir a priorização das ações
do Poder Público no imenso espaço
geográfico da Amazônia. Estas áreas
envolvem os municípios que têm apresentado,
nos últimos anos, os mais altos índices
de desmatamento, e estão situados, principalmente,
nos estados do Mato Grosso, Pará e Rondônia.
O plano detalha 149 ações específicas
a serem implementadas pelos vários ministérios
envolvidos, incluindo a instalação
de bases de órgãos federais que não
existem nessas regiões, e que deverão
começar pelas áreas críticas
discriminadas.
A alocação de recursos, pelo Ministério
do Planejamento, para a implementação
do plano anunciado, também é uma novidade
em comparação às iniciativas
anteriores, reforçando a viabilidade da sua
implementação. O valor disponibilizado
para este ano corresponde à cerca de dois
terços do montante total investido pela cooperação
internacional durante os dez anos de execução
do PP-G7 - o Programa Piloto para a Conservação
das Florestas Tropicais Brasileiras.
Os decretos
assinados por Lula
Na cerimônia
realizada no Palácio do Planalto, o Presidente
Lula também assinou dois decretos que dão
caráter permanente aos grupos de trabalho
interministeriais - anteriormente constituídos
temporariamente - responsáveis pelo combate
ao desmatamento e pelo acompanhamento das obras
de pavimentação da BR-163, rodovia
que liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA),
que é uma das obras de infra-estrutura priorizadas
para a região e que tem um alto potencial
para incrementar o desmatamento.
Apesar da gravíssima situação
revelada pelos índices do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (Inpe), o plano agora anunciado
merece aplauso e apoio das pessoas, setores e instituições
que têm se dedicado, nos últimos anos,
ao combate ao desmatamento na Amazônia. Um
apoio que não deve ser passivo, mas que deve
incluir o acompanhamento e a cobrança sobre
os vários órgãos envolvidos
quanto ao cumprimento das suas responsabilidades
específicas neste processo.
Fonte: Instituto Socioambiental
(www.sociomabiental.org.br)
Amazônia ORG (www.amazonia.org.br)
Assessoria de imprensa (Márcio Santili)