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ENTRADA EM
VIGOR DA CONVENÇÃO DE ESTOCOLMO
É UMA VITÓRIA SEM PRECEDENTES
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) - Brasil
Fevereiro de 2004
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Documento
obriga governos a proteger o meio ambiente e a saúde
das pessoas contra as substâncias químicas
tóxicas; Brasil pode ratificar o tratado internacional
nesta quinta.
A Convenção
de Estocolmo foi ratificada hoje pelo 50º país,
iniciando o processo para que o documento entre em
vigor. A partir de agora, será obrigatório
que os governos protejam o meio ambiente e a saúde
da população contra as substâncias
químicas tóxicas (1).
"Essa não é apenas uma grande vitória
para o meio ambiente, mas também demonstra
claramente que com vontade política, a comunidade
internacional pode assegurar um futuro melhor para
as próximas gerações, colocando
o meio ambiente e a saúde das pessoas em primeiro
lugar, em vez dos interesses de curto prazo das indústrias
poluidoras", afirmou o coordenador da Campanha
de Substâncias Tóxicas do Greenpeace
Brasil, John Butcher.
A Convenção de Estocolmo foi adotada
na capital da Suécia em 23 de maio de 2001,
depois de vários anos de negociações,
constantemente minadas pelos EUA e seus interesses
corporativos. O tratado é um acordo legal,
obrigatório e global, que visa a banir a produção,
o uso e a disposição de substâncias
tóxicas no mundo (2).
"A 50ª ratificação da Convenção
de Estocolmo pela França (3) é um exemplo
de como até mesmo países industrializados
estão demandando que as indústrias adotem
ações preventivas, antes que ocorram
danos ao meio ambiente e a saúde humana",
disse a coordenadora da Campanha de Substâncias
Tóxicas do Greenpeace Internacional, Zeina
Al-Hajj.
Uma demanda chave da
convenção é a eliminação
de todos os Poluentes Orgânicos Persistentes
(POPs). As prioridades estão em uma lista com
12 dessas substâncias, os chamados "Doze
Sujos". A lista inclui substâncias químicas
produzidas no mundo todo, como os pesticidas e os
PCBs (bifenilas policloradas), assim como subprodutos
involuntários, entre eles os furanos e as dioxinas,
que causam câncer. As dioxinas, por exemplo,
são emitidas por processos produtivos em que
se utiliza cloro (como a indústria do PVC)
e durante a incineração de resíduos
industriais.
A Convenção de Estocolmo também
visa a proibir que novos POPs sejam criados, introduzidos
no mercado ou reciclados. Essas demandas devem levar
à proibição de que a indústria
química lance substâncias tóxicas
no mercado, levando-a a adotar o chamado Princípio
da Substituição (4).
"Agora, o principal desafio em relação
à convenção é a sua implementação.
Em vez de buscar subterfúgios temporários,
tais como a incineração de resíduos,
é muito mais eficiente atingir-se diretamente
a fonte do problema. Um desses caminhos é a
substituição das substâncias tóxicas
por alternativas sustentáveis", disse
Kevin Stairs, do Greenpeace Internacional, ao pedir
aos países participantes da Convenção
de Estocolmo para que iniciem a implementação
do acordo. A cada dia, mais substâncias químicas
tóxicas são introduzidas no meio ambiente
e no nosso corpo, e para o Greenpeace é necessário
agir urgentemente para mudar essa situação.
No Brasil, a convenção ainda não
foi ratificada. O texto do documento já foi
aprovado pela Câmara dos Deputados e agora depende
de aprovação pelo Senado. Caso seja
aprovada pelos senadores, seguirá para a aprovação
do presidente Lula. Segundo informações
da assessoria de parlamentares obtidas pelo Greenpeace,
o Senado deve votá-lo amanhã, 19/02,
à tarde. O texto está em pauta para
votação desde a semana passada.
"Teria sido mais adequado se nosso país
já houvesse ratificado essa convenção.
De qualquer maneira, solicitamos que o Senado o faça
o quanto antes, não postergando essa votação
mais um dia sequer. Solicitamos ao senhor presidente
da república que também aprove-o em
regime de urgência, poís o tema é
de fato urgente", disse John Butcher.
(1) A Convenção
de Estocolmo entra em vigor 90 dias após ser
ratificada pelo 50º país.
(2) A Convenção
de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes
é um acordo legal obrigatório que visa
a eliminar todos os POPs, baseando-se no Princípio
da Precaução (www.pops.int,
em inglês).
(3) Lista das assinaturas
ao tratado em www.pops.int/documents/signature/signstatus.htm
(4) Quando existe a
ameaça de um dano sério e irreversível
ao meio ambiente ou à saúde por uma
atividade, uma prática ou um produto, é
necessário que uma alternativa seja adotada
e utilizada.
Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa |