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PESQUISA DEFINE
PARÂMETROS PARA CONSERVAÇÃO
DA MADEIRA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Fevereiro de 2004
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Pela primeira vez no Brasil
a indústria contará com parâmetros
ideais da umidade e da temperatura do local
onde a madeira será utilizada – essenciais
para definir os processos de preservação
e de secagem do produto e
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garantir qualidade às
peças fabricadas em qualquer ponto
do país.
A pesquisa realizada pelo Laboratório
de Produtos Florestais do Ibama em parceria
com o Instituto Nacional de Meteorologia,
representa um marco para um país continental
e com clima tão variado, como o Brasil,
e uma referência mundial para o setor
madeireiro, disse o coordenador do trabalho,
Varlone Alves Martins, Gerente de Pesquisas
do LPF.
Essa definição é resultado
do mapeamento inédito dos Teores de
Umidade de Equilíbrio (TUE) e do Potencial
de Ataque Fúngico (PAF) do Brasil.
A pesquisa concluída recentemente pelo
LPF/Ibama/Inmet escolheu o PAF como o melhor
indicativo do risco de apodrecimento da madeira
exposta às variadas condições
climáticas do país.
Tais parâmetros serão de grande
utilidade para as indústrias. Agora,
elas têm como evitar a maioria dos defeitos
que comprometem a qualidade e a durabilidade
das peças: portas, janelas e gavetas
que travam; frestas entre as tábuas
de assoalhos, forros e lambris; tacos e peças
que descolam; rachaduras; manchas; e, empenos
em geral.
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Para obter uma madeira saudável
e evitar problemas antes, durante e principalmente
após a industrialização,
o estudo de climatologia aplicada ao processamento
industrial recomenda que o teor de umidade
do produto deve ser igual ou ligeiramente
inferior ao da umidade de equilíbrio
médio da região onde as peças
serão utilizadas.
O pesquisador do LPF/Ibama assegurou que o
uso desses parâmetros garantirá
peças com menos defeitos causados pelas
variações da dimensão
da madeira industrializada sem a secagem e
a preservação adequadas. Para
evitar tais problemas, devem ser consideradas
as condições de TUE, principalmente
as médias anuais da região de
destino do produto e de seus derivados. O
objetivo, segundo Varlone, é obter
uma perfomance melhor da madeira.
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Dos catorze mapas produzidos
durante o trabalho, um indica onde as madeiras
brasileiras e seus derivados correm mais risco
de apodrecer e orienta a indústria
sobre o tratamento adequado do produto para
evitar problemas futuros às peças
prontas. Doze deles registraram a média
de umidade de equilíbrio mensal da
madeira, de 1931/60 e de 1961/90. Outro mapa
aglutinou as médias anuais de TUE dos
mesmos períodos.
Varlone explicou que o apodrecimento da madeira
causado por fungos xilófagos ocorre
especialmente onde o teor de umidade do produto
se aproxima de trinta por cento e a temperatura
situa-se entre 25ºC a 30ºC.
A pesquisa se baseou em dados meteorológicos
(temperatura, umidade relativa do ar e precipitação)
para concluir: com exceção do
noroeste da Bahia e do sul do Piauí,
a madeira e seus derivados utilizados no restante
do país apresentam riscos potenciais
de apodrecimento e precisam de secagem adequada.
O mapeamento aponta Belém do Pará
e a região litorânea do nordeste
brasileiro como as áreas onde as madeiras
estão mais
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sujeitas a apodrecer. E
recomenda que as peças produzidas com
espécies desses locais tenham tratamentos
especiais para evitar problemas se forem utilizadas
em regiões com climas diferentes.
A região Norte e parte da região
litorânea são as áreas
com Teores de Umidade de Equilíbrio
mais elevados do País (uma média
16 por cento a 18 por cento) e onde a madeira
corre mais risco de apodrecer.As médias
anuais de temperatura e dos dias de precipitação
de chuvas nessas regiões geraram os
mais elevados valores de ataques por fungos
do País (uma variação
de 170 por cento a 270 por cento), o que propicia
a deteriorização biológica
dos produtos e de seus derivados.
Valores menores de TUE, de 12 por cento a
14 por cento, foram encontrados em uma grande
região do país onde as madeiras
correm menos risco de apodrecer: do sudoeste
do Rio Grande do Sul ao norte do Paraná
e do Rio Grande do Norte, passando pelo centro-oeste
de São Paulo, nordeste do Mato Grosso
do Sul, oeste da Bahia, sul e leste de Tocantins
e pelo estado de Goiás.
Só as madeiras utilizadas no polígono
das secas do nordeste estão menos sujeitas
ao ataque de fungos e, em conseqüência,
de apodrecer. Nessa região são
mínimos os valores de PAF e de TUE:
situam-se abaixo de 20 por cento e de 10 por
cento, respectivamente.
Já a madeira usada no centro-oeste
e no centro-sul do Maranhão corre risco
moderado de ser atacada por fungos devido
às condições climáticas
instáveis durante todo o ano. O trabalho
completo pode ser encontrado na Revista Científica
do Ibama “Brasil Florestal” ano XXII, nº
76, de abril de 2003.
Mapa 1. Teor de Umidade de Equilíbrio
(TUE) Médio – elaborado com base nas
normais climatológicas de temperatura
e umidade relativa do ar nos períodos
de 1931/1960 e 1961/11000.
Mapa 2. Potencial de Ataque Fúngico
(PAF) – elaborado com base nas normais climatológicas
de temperatura e número de dias de
chuva nos períodos de 1931/1960 e 1961/11000.
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Fonte: Ibama (www.ibama.gov.br)
Assessoria de imprensa |