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AGRICULTORES
GAÚCHOS SÃO AS MAIORES VÍTIMAS
DA CONTAMINAÇÃO TRANSGÊNICA
Panorama
Ambiental
Porto Alegre (RS) - Brasil
Julho de 2004
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Além
dos custos extras para limpeza de máquinas
e separação de grãos, produtores
de soja convencional são ameaçados
de pagar royalties para Monsanto
20-07-2004 - Um dossiê
com denúncias de contaminação
de soja convencional e orgânica pelo cultivo
transgênico foi entregue hoje pelo Greenpeace
à Procuradora de Justiça do Ministério
Público Estadual, Silvia Cappelli, e a outras
autoridades gaúchas na Assembléia
Legislativa do Rio Grande do Sul. O Estado é
atualmente o maior foco de contaminação
transgênica no Brasil. Dos cerca de 83 mil
agricultores que cultivaram soja transgênica
na safra 2003/2004, mais de 81 mil estão
no Rio Grande do Sul. O objetivo da entrega do dossiê
é exigir proteção para os agricultores
gaúchos que plantam soja convencional e a
garantia dos direitos destes produtores de cultivarem
soja não-transgênica sem terem de arcar
com custos extras.
O material – composto por relatórios e vídeo
– demonstra que o maior risco de contaminação
está nas máquinas de cultivar, plantar
e colher a soja, nos caminhões utilizados
para o transporte do produto e nos silos de armazenamento.
Além da contaminação, outro
prejuízo para os agricultores que não
plantam soja transgênica é a obrigação
do pagamento de royalties quando a safra não
é segregada ou quando há erros nos
testes de transgenia. Foi o que aconteceu com a
agricultora gaúcha Ângela Marlene Tavares
Azevedo. “Quando fui entregar minha safra de soja
convencional, o teste indicou que era transgênica.
Mas não aceitei pagar os royalties. Acionei
a Secretaria da Agricultura para exigir um novo
teste, que comprovou que minha soja não era
transgênica”, conta.
“É fundamental que o governo estadual proteja
a produção da soja gaúcha contra
a contaminação transgênica.
Além disso, as autoridades devem defender
os agricultores que plantam soja convencional e
orgânica dos interesses da Monsanto para a
cobrança irregular de royalties”, afirmou
o engenheiro agrônomo Ventura Barbeiro, da
Campanha de Engenharia Genética do Greenpeace.
Com a safra contaminada por transgênicos,
o agricultor fica impossibilitado de vender sua
produção como soja convencional para
as cooperativas, como a Cotrimaio (localizada no
município de Três de Maio, RS), que
paga preços melhores pelo produto convencional
(1). Além disso, caso seja detectada a contaminação,
o agricultor será obrigado a pagar royalties
por uma tecnologia que não utilizou voluntariamente.
De acordo com o contrato firmado pela Monsanto e
as cooperativas e indústrias processadoras
de soja (2), esse pagamento deve ser feito sobre
a colheita. Evitar a contaminação
também gera um custo extra para o produtor,
que tem de arcar com a limpeza do maquinário
e a separação entre sementes transgênicas
e não-transgênicas para a comercialização
da safra. Outro sério problema acarretado
pela soja Roundup Ready, da Monsanto, é o
surgimento de ervas daninhas tolerantes ao glifosato,
provocando maior uso de herbicida (3). Esse aumento
já ocorre nos cultivos convencionais de soja
e é potencializado nas lavouras transgênicas.
Isto acontece porque a soja geneticamente modificada,
que é resistente ao glifosato, exige, a cada
aplicação, uma quantidade maior de
herbicida para exterminar as ervas daninhas da plantação.
Cientistas independentes detectaram fragmentos desconhecidos
de DNA na soja transgênica que podem se manifestar
de maneira desconhecida, com conseqüências
imprevisíveis ao ser humano e ao meio ambiente
(4).
"O agronegócio é fundamental
para o desenvolvimento socioeconômico do Brasil.
O Greenpeace defende a agroecologia como modelo
de agricultura sustentável para o País.
Eliminar o uso de agrotóxicos é essencial
para a proteção da biodiversidade”,
afirma Barbeiro. O lançamento do dossiê
também teve a participação
do agricultor gaúcho Luiz Antônio Schio
e do presidente da Associação Xavante
Warã, Hiparidi Top’ Tiro, do Mato Grosso.
Segundo Hiparidi, para o povo Xavante a agricultura
orgânica e sustentável é a única
forma de boa convivência entre os agronegócios
e as comunidades indígenas.
(1) (www.cotrimaio.com.br)
(2) (www.soja-rr.com.br)
ver lista de colaboradores e participantes
Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa