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PACTO MURICI
VISA GARANTIR INTEGRIDADE DA MATA ATLÂNTICA
DO NORDESTE
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Maio de 2004
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Iniciativa
entre oito organizações visa garantir
a proteção efetiva de uma das mais
importantes e ameaçadas florestas do mundo
Na última
quarta-feira (19/5), oito organizações
- WWF-Brasil, Birdlife International (BI), Centro
de Estudos e Pesquisas Ambientais do Nordeste (CEPAN),
Conservação Internacional (CI-Brasil),
Fundação SOS Mata Atlântica
(SOS), Instituto Amigos da Reserva da Biosfera da
Mata Atlântica (IA-RBMA), The Nature Conservancy
(TNC) e Sociedade Nordestina de Ecologia (SNE) -
assinaram, no Senado Federal, o Pacto Murici em
prol da proteção da biodiversidade
da Mata Atlântica do Nordeste, área
situada acima do rio São Francisco.
A Mata Atlântica brasileira é uma das
maiores prioridades mundiais para a conservação
da diversidade biológica. Estima-se que essa
floresta abrigue mais de 8.500 espécies endêmicas
(que não ocorrem em outro lugar) entre plantas
vasculares, mamíferos, aves, répteis
e anfíbios. Parte desse endemismo está
restrito a um bloco bem delimitado de florestas,
abrangendo duas ecorregiões da Mata Atlântica:
Ecorregião das Florestas Costeiras de Pernambuco
e Ecorregião das Florestas do Interior de
Pernambuco. Essas áreas se sobrepõem
a quatro Estados: Alagoas, Paraíba, Pernambuco
e Rio Grande do Norte.
Hoje, restam menos de 5% da cobertura original da
Mata Atlântica do Nordeste (5.600.000 hectares),
e a floresta remanescente está representada
por mosaicos de pequenos fragmentos imersos em uma
paisagem dominada principalmente pela cana-de-açúcar.
Como conseqüência da interrupção
do processo de dispersão de sementes, estima-se
que 1/3 das árvores ali existentes estão
regionalmente ameaçadas de extinção.
"Estimamos que a Mata Atlântica do Nordeste
vá perder um grande número de espécies
de árvores e de outros grupos biológicos
nos próximos anos", afirma Marcelo Tabarelli,
diretor do CEPAN e professor da Universidade Federal
de Pernambuco.
A quantidade de unidades de conservação
da Mata Atlântica do Nordeste é insuficiente
quando comparada aos desafios de sua conservação.
E as poucas unidades existentes são pequenas
ou não estão implantadas. Um exemplo
é a Estação Ecológica
de Murici, em Alagoas, considerada uma das mais
importantes florestas do mundo e uma das regiões
prioritárias para a conservação
de aves no hemisfério ocidental.
Localizada a 50 km de Maceió, a Estação
Ecológica de Murici foi criada em maio de
2001 com uma área de 6 mil hectares. A Estação
não possui um plano de manejo e as ações
compensatórias para as desapropriações
não foram iniciadas. Como agravante, ela
também não tem sua área delimitada
e o Ibama possui apenas três funcionários
para fiscalizar a unidade.
A Estação abriga pelo menos 14 espécies
de aves ameaçadas de extinção,
o maior número entre os remanescentes de
Mata Atlântica do Nordeste. Além disso,
pesquisas desenvolvidas a partir de 1980 levaram
à descoberta de quatro novas espécies
de aves: o limpa-folha-do-nordeste (Philydor novaesi),
o zidedê-do-nordeste (Terenura sicki), a choquinha-de-Alagoas
(Myrmotherula snowi) e o cara-pintada (Phylloscartes
ceciliae). A situação de todas as
aves endêmicas é bastante preocupante
por causa do contínuo processo de desmatamento
na região.
"Várias foram as iniciativas no sentido
de proteger esses remanescentes por parte de atores
diversos, seja criando uma unidade de conservação,
seja gerando projetos para captação
de recursos ou criando estruturas de gestão
e controle independentes. Mas verificamos que essas
ações não foram suficientes
para proteger a floresta", afirma Dorinha Melo,
conselheira da SNE e coordenadora de projetos relacionados
à região de Murici.
O Pacto de Murici tem como objetivo o planejamento
e a implementação, de forma integrada,
de ações para a conservação
da Mata Atlântica do Nordeste. Ele propõe
práticas e ações de gestão
dos recursos naturais que reduzam a probabilidade
de perda florestal e de extinção de
espécies no futuro. Todas as medidas buscam
harmonizar a melhoria da qualidade de vida das populações
locais com a conservação do meio ambiente.
Essa aliança inédita de grandes organizações
ambientalistas tem por objetivo criar novos padrões
de atuação na região, atraindo
parceiros dos setores público e privado,
para acelerar as mudanças em favor da proteção
e conservação da biodiversidade da
Mata Atlântica do Nordeste.
Entidades
que assinam o Pacto Murici
WWF-Brasil
- é uma entidade sem fins lucrativos, atuando
no Brasil desde 1971, com a missão de contribuir
para que a sociedade brasileira conserve a natureza,
harmonizando a atividade humana com a preservação
da biodiversidade e com o uso racional dos recursos
naturais, para o benefício dos cidadãos
de hoje e das futuras gerações. O
WWF-Brasil executa atualmente 71 projetos em parceria
com ONGs regionais, universidades e órgãos
governamentais. Desenvolve atividades de apoio à
pesquisa, legislação e políticas
públicas, educação ambiental
e comunicação. Desde 2001 tem apoiado
atividades que contribuíram para a criação
do Conselho Consultivo da ESEC, para o mapeamento
das propriedades dentro dos limites da ESEC e para
a elaboração de um diagnóstico
sócio-ambiental das propriedades localizadas
no Complexo Florestal de Murici. Para conhecer o
trabalho do WWF-Brasil, visite o site www.wwf.org.br
BIRDLIFE
INTERNATIONAL - é uma aliança
global de organizações de conservação
presente em mais de 100 países cuja missão
é promover a conservação das
aves, de seus habitats e da biodiversidade em geral,
trabalhando com as pessoas para o uso sustentável
dos recursos naturais. Atuando no Brasil desde 2000,
na preservação de áreas prioritárias
para a conservação das aves, tem apoiado
atividades que mobilizaram a criação
da Estação Ecológica (ESEC)
de Murici e vem continuadamente monitorando as espécies
ameaçadas de extinção, apoiando
todas as atividades de conservação
na região de Murici.
CENTRO DE
PESQUISAS AMBIENTAIS DO NORDESTE - é
uma organização nacional conservacionista,
de caráter científico, que tem como
missão principal à conservação
da diversidade biológica brasileira e garantir
extinção zero no Centro de Endemismo
de Pernambuco; vem desenvolvendo ações
como a prospecção de novas áreas
de extrema importância biológica no
entorno de Murici, consolidando ações
de manejo e pesquisas em áreas relevantes
como Frei Caneca e Serra grande (próximas
a Murici), inventários biológicos
de grupos bioindicadores, divulgação
de informações científicas
na mídia, revistas científicas nacionais
e estrangeiras, programa de estímulo à
criação de RPPNs e programa de proteção
de espécies ameaçadas, viabilizando
corredores e unidades de conservação
entre Murici, Serra Grande, Frei Caneca e Trapiche,
parcerias com outras ONGs, universidades, o setor
público e privado.
CONSERVAÇÃO
INTERNACIONAL (CI) - foi fundada em 1987
com o objetivo de conservar o patrimônio natural
do planeta - nossa biodiversidade global - e demonstrar
que as sociedades humanas são capazes de
viver em harmonia com a natureza. Como uma organização
não-governamental global, a CI atua em mais
de 30 países, em quatro continentes. A organização
utiliza uma variedade de ferramentas científicas,
econômicas e de conscientização
ambiental, além de estratégias que
ajudam na identificação de alternativas
que não prejudiquem o meio ambiente. A CI-Brasil
tem sede em Belo Horizonte/MG e desenvolve programas
na Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado,
Pantanal e Caatinga. A CI destaca-se pela colaboração
com organizações não-governamentais
locais e regionais, instituições de
pesquisa, órgãos do governo e iniciativa
privada na condução de seus projetos.
Para mais informações sobre os programas
da CI no Brasil, visite www.conservacao.org
FUNDAÇÃO
SOS MATA ATLÂNTICA - é uma
entidade privada, sem fins lucrativos, criada em
1986, com os objetivos de defender os remanescentes
da Mata Atlântica, valorizar a identidade
física e culturas das comunidades humanas
que os habitam e conservar os riquíssimos
patrimônios natural, histórico e cultural
dessas regiões, buscando o seu desenvolvimento
sustentado; que realizou mapeamento dos remanescentes
florestais da Mata Atlântica, nos Estados
da Região Sudeste e Sul; e que já
ocupou a coordenação da rede de ONGs
da Mata Atlântica.
INSTITUTO
AMIGOS DA RESERVA DA BIOSFERA DA MATA ATLÂNTICA
(IA-RBMA) - foi criado em 1999. É
uma associação civil sem fins lucrativos
e de fins não econômicos, com finalidades
ambientais, científicas, educativas e sócio-culturais.
Os objetivos institucionais do IA-RBMA são
o de apoiar a implantação e o fortalecimento
da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA)
captando e gerenciando recursos voltados à
implantação da mesma para conservação,
recuperação e desenvolvimento sustentável
em sua área de atuação, em
15 estados brasileiros. Na implementação
de tais objetivos, o IA-RBMA produz, apóia
e difunde informações e conhecimento
sobre a conservação da biodiversidade
e o desenvolvimento sustentável em sua área
de atuação, promove ou apóia
a valorização e a proteção
do patrimônio histórico e cultural,
bem como a valorização das populações
tradicionais existente no domínio da Mata
Atlântica, fomenta a elaboração
e implementação de políticas
públicas e programas de educação
ambiental, bem como elabora e gerencia projetos
voltados à conservação, recuperação
e manejo sustentável da Mata Atlântica
e do meio ambiente brasileiro.
SOCIEDADE
NORDESTINA DE ECOLOGIA - criada em 1986
e constituída com a missão de promover
e realizar ações de conservação
da natureza em nove estados do Nordeste brasileiro,
visando abordar diretamente questões ligadas
à temática ambiental destes estados,
tais como as estratégias de desenvolvimento
local e regional, a proteção dos ecossistemas
nordestinos, o uso sustentável dos recursos
naturais, o reflorestamento e a recuperação
de áreas degradadas; que desde 1999 vem apoiando
e articulando ações de criação
e implantação da Estação
Ecológica (ESEC) de Murici; que participa
do Conselho Consultivo da ESEC; que coordena desde
Janeiro de 2003 a execução de vários
projetos de conservação da biodiversidade
no Complexo Florestal de Murici, em parceria com
a BirdLife International, a The Nature Conservancy,
e o WWF-Brasil, entre outras.
THE NATURE
CONSERVANCY (TNC) - é uma organização
sem fins lucrativos, que tem como missão
proteger plantas, animais e comunidades naturais
que representam a diversidade da vida na Terra,
conservando as terras e as águas de que necessitam
para sobreviver. Criada em 1951, a TNC está
presente em 29 países e já contribuiu
para a proteção de mais de 30 milhões
de hectares em todo mundo. Como organização
brasileira, a TNC atua desde 1994 na Amazônia,
Mata Atlântica, Caatinga, Cerrado e Pantanal.
Suas ações buscam conciliar o desenvolvimento
social e econômico com a conservação
dos recursos naturais, integrando áreas protegidas
e atividades produtivas numa escala regional. Com
vários projetos de conservação
na Mata Atlântica, unidade responsável
sediada em Curitiba, a TNC tem dado apoio institucional
à SNE no sentido de executar uma série
de atividades de conservação no entorno
da Estação Ecológica de Murici,
e desenvolvido trabalho com demais parceiros na
conservação e recuperação
da Mata Atlântica do Nordeste. Visite http//:nature.org
Fonte: WWF-Brasil (www.wwf.org.br)
Assessoria de imprensa (Jorge Fecuri)