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AMAZÔNIA:
PARÁ, ESTADO DE CONFLITO (PORTO DE
MOZ)
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) - Brasil
Janeiro de 2004
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Um grande
trecho de floresta entre Porto de Moz e Prainha,
na margem esquerda do Rio Xingu, tornou-se um
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campo de batalha entre as
comunidades tradicionais e empresas madeireiras.
Cerca de 20 mil pessoas, de 125 comunidades,
vivem na zona rural de Porto de Moz, sua subsistência
está baseada na pesca, caça,
agricultura familiar e extrativismo e comércio
de produtos florestais.
Nos últimos anos, a chegada de madeireiros
tem gerado conflitos violentos. Em abril,
o Relatório Nacional de Direitos Humanos
e Meio Ambiente, apresentado por autoridades
brasileiras à ONU, reuniu testemunhos
e acusações de vítimas
da grilagem e violência na região,
incluindo assassinatos.
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Temendo a perda de suas
terras e desesperados para deter a atividade
madeireira criminosa, líderes comunitários
criaram, em 1999, o movimento Comitê
de Desenvolvimento Sustentável de Porto
Moz, que iniciou a luta pela criação
da Reserva Extrativista Verde para Sempre.
Uma investigação do Greenpeace
identificou 90 empresas atuando na exploração
ou no comércio de madeira na região
entre 2001 e 2003.
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No relatório “Pará:
Estado de Conflito”, são detalhadas
as operações de algumas dessas
empresas. Um dos alvos do documento é
o Grupo Madenorte, cujos 90% da produção
de madeira serrada e compensados são
exportados para os EUA, Europa e Ásia.
O grupo alega possuir 200 mil hectares de
florestas no município de Breves, Portel,
Prainha e Porto de Moz, e consome 175 mil
cúbicos de madeira em tora por ano,
dos quais 60% são fornecidos por terceiros.
No rio Arimum, uma área coletiva das
comunidades está em conflito com os
interesses do grupo. Os residentes sofrem
ameaças dos funcionários da
empresa, que pressionam as famílias
as venderem suas terras. Na comunidade de
Itapeuá, as pessoas não podem
se reunir – empregados armados da Madenorte
ocupam os centros de reunião e intimidam
os moradores.
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O relatório
também expõe o prefeito de Porto
de Moz, Gêrson Salviano Campos. Contrário
à criação da Resex Verde
Para Sempre, ele controla o Grupo Campos com
seus irmãos. Uma de suas empresas, a
Indústria Madeireira Maturu Ltda, compra
toras de empresas acusadas de envolvimento com
madeira ilegal.
Um dos maiores latifundiários e pecuaristas
do município, Campos alega ser dono de
terras que são, na verdade, propriedade
federal – a Floresta nacional de Caxiuanã
e assentamento Pracupi, demarcado pelo Incra.
Com mais de 5 mil cabeças de gados, o
prefeito já foi multado por desmatamento
irregular e indiciado pelo Ministério
Público com fraudes e grilagem. |
Fonte: Greenpeace (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa (Diário de Bordo) |