MONSANTO NÃO ESTÁ SAINDO DA ARGENTINA

Panorama Ambiental
Buenos Aires – Argentina
Janeiro de 2004

Para o Greenpeace, o objetivo da multinacional é claro: abocanhar uma parte do lucro dos produtores e obter a aprovação de um milho transgênico ilegal

O Greenpeace acusou ontem a empresa americana Monsanto de blefar de forma irresponsável quanto à sua retirada do mercado argentino de sementes de soja transgênica, sob a alegação de que não está atingindo os lucros esperados no país. Segundo uma informação tornada pública recentemente, o mercado local de sementes de soja transgênica não está funcionando de acordo com os projetos da Monsanto devido à existência de um grande mercado negro no país.
Porém, esse não é o verdadeiro motivo para as frustrações da empresa. O mercado negro de sementes existe mas, na realidade, a Monsanto também é responsável por ele. Em 9 de maio de 2001, o Greenpeace descobriu que a variedade de milho transgênico RR GA21 (tolerante ao herbicida glifosato) da multinacional havia sido utilizada em campo argentino sem autorização. No governo, o então secretário de Agricultura, Marcelo Regúnaga, confirmou a acusação, prometeu descontaminar os campos e sancionar o responsável - o que, no entanto, nunca ocorreu.
O problema real para a Monsanto é que, em cultivos como a soja e o trigo, os agricultores podem replantar sementes sem perder produtividade, e como têm o aval da Lei de Sementes Argentina, os agricultores não precisam pagar direitos de propriedade intelectual para a empresa detentora da tecnologia. É um caso em que a natureza joga a favor dos agricultores: as variedades de soja e trigo disponíveis no mercado não são híbridas como as de milho ou girassol, que não podem ser guardadas para serem plantadas na safra seguinte pois apresentariam uma grande queda na produtividade.

A lei argentina favorece particularmente os pequenos e médios produtores, que dificilmente são os responsáveis pelo mercado negro de sementes que tanto atormenta a Monsanto. Para fazer parte do mercado negro, eles teriam de guardar parte da sua colheita não para um novo plantio, mas para vender como semente ilegal - sendo que, normalmente, um produtor de 200 a 500 hectares não possui nem a estrutura nem o interesse de selecionar lotes para produzir sementes para a venda, em vez de comercializá-las como grãos. O médio e o pequeno produtor têm a necessidade de garantir um retorno financeiro de sua colheita imediatamente, e a produção de sementes para o mercado negro dificilmente atende a essa necessidade. Além disso, as sementes requerem condições especiais de colheita e armazenamento, algo que os pequenos produtores dificilmente possuem.
"Por essas razões, o que a Monsanto está simulando afeta diretamente o pequeno produtor e pressiona o governo argentino para que se esqueça da ilegalidade em que a multinacional esteve envolvida com o milho RR GA21, e o aprove o mais breve possível. Este híbrido poderia evitar que o produtor guardasse sementes para a colheita seguinte, além de aumentar as vendas do herbicida estrela da Monsanto, o glifosato. Todo cultivo RR exige sua utilização", afirmou Emiliano Ezcurra, da Campanha de Biodiversidade do Greenpeace na Argentina.
Em um momento em que a economia argentina começa a dar sinais de recuperação, a Monsanto ressuscita fantasmas de 2002 e espalha o temor à comunidade internacional e aos produtores. "A Monsanto atuou de forma muito irresponsável quando em 1996 pressionou a entrada da soja transgênica na Argentina, levantando a bandeira da luta contra a fome, e o benefício aos produtores e ao meio ambiente", disse Ezcurra. "Agora que os números não a satisfazem, a empresa quer mudar as regras do jogo. Ao fazê-lo, a Monsanto está mostrando aos produtores a verdadeira face das plantações transgênicas: as patentes, uma ferramenta que os tornará dependentes da multinacional para sempre".
"As últimas notícias vindas da Argentina apenas comprovam aquilo que o Greenpeace vem alertando há tempos: a Monsanto está preocupada apenas com seus lucros, e não com o sucesso e o bem-estar dos agricultores. No Brasil, a empresa ameaçou cobrar royalties já na safra passada, e tem feito cada vez mais pressão para que o governo federal autorize o plantio comercial de transgênicos no país", alertou Gabriela Vuolo, da Campanha de Engenharia Genética do Greenpeace no Brasil. "A Monsanto tem tentado convencer os agricultores de que os transgênicos são o melhor negócio pois assim poderia torná-los dependentes, não apenas por meio dos royalties, mas também por causa da utilização do herbicida Roundup, que também é fabricado pela empresa".
Hoje, em resposta ao comunidado do Greenpeace, a Monsanto resolveu dizer a verdade e afirmou que não está de fato saindo da Argentina, mas que eles não irão investir nem mais um centavo no país até que o pagamento dos royalties por parte dos gricultores seja assegurado pelo governo argentino.

Fonte: Greenpeace (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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