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NAVIO COM
MATERIAL RADIOATIVO APORTA ILEGALMENTE NA
COSTA BRASILEIRA
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) / Rio de Janeiro (RJ)
/ Salvador (BA) – Brasil
Janeiro de 2004
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Indústria
nuclear continua a expor a população
e o meio ambiente a riscos, num claro sinal de desrespeito
A chegada do navio
dinamarquês Jens Nu Munk ao porto de Salvador,
na noite da última segunda-feira (19/01),
expôs o descaso com que a INB (Indústrias
Nucleares do Brasil) ainda trata a população
brasileira e o meio ambiente.
Para receber uma carga adicional de cerca de 120
toneladas de "yellow cake", material radioativo
produzido a partir do urânio explorado no
município baiano de Caetité, o navio
infringiu a legislação brasileira
ao entrar na Baía de Todos os Santos, área
de proteção ambiental legalmente instituída,
trazendo em seus porões aproximadamente 50
toneladas de urânio enriquecido na Holanda.
"Pegando de surpresa as autoridades ambientais
baianas, a empresa operadora do porto, os trabalhadores
portuários e a população em
geral, e de posse de uma licença do Ibama
apenas para o transporte rodoviário do "yellow
cake" (de Caetité até o porto
de Salvador), a INB desrespeitou a legislação
ambiental em vigor e expôs a população
e os portuários de Salvador a riscos desnecessários,
segundo consta, 'por razões econômicas'",
disse o coordenador do GAMBA (Grupo Ambientalista
da Bahia), Renato Cunha.
"O pior de tudo é que essa gestão
da INB vai repetir o mesmo espetáculo de
impunidade no Rio de Janeiro (RJ), nesta quarta-feira,
quando o navio deverá ingressar nas águas
da Baía da Guanabara, expondo o meio ambiente
e a sociedade ao risco de uma contaminação
nuclear - no caso, pouco provável, mas não
impossível, de um acidente, o que poderia
deixar a baía contaminada por mais de 25
mil anos! Mais uma vez, autoridades, portuários,
moradores e turistas não foram sequer informados
e estarão expostos a uma situação
de risco sem que tenham direito a dar sua opinião.
Por isso convocamos todos os ambientalistas, as
unges e a sociedade em geral a participarem de um
ato de protesto em frente ao Porto, caso se confirme
à atracação do navio",
convocou o presidente do Instituto Brasileiro de
Voluntários Ambientais, Vilmar Berna.
"Será que o cidadão comum do
Rio de Janeiro, Salvador, Feira de Santana, Vitória
da Conquista, Duque de Caxias ou Resende sabe que
essas cargas radioativas passam, de tempos em tempos,
bem no meio de suas cidades, à porta de suas
casas? Será que o motorista que dirige na
Rio-Bahia ou na via Dutra sabe que tipo de perigo
se esconde na carga do caminhão que vai ao
seu lado?", questionou o carioca Artur Moret,
coordenador do Fórum de Debates sobre Energia
de Rondônia.
"Além de já ter custado muitos
bilhões de dólares a este país,
a indústria nuclear, desde a mineração
do urânio até o armazenamento do lixo
atômico, oferece uma série de perigos
para vida de milhões de brasileiros. Esse
descaso com a lei e esse desprezo pela opinião
pública mostrados pela INB só reforçam
a nossa visão de que a energia nuclear deve
ser suprimida da nossa matriz energética.
A indústria nuclear é perigosa, suja,
cara e ultrapassada", acrescentou o coordenador
da Campanha de Energia do Greenpeace, Sérgio
Dialetachi.
A preocupação dos ambientalistas com
o transporte de material radioativo pelas costas
brasileiras já é antiga e tem se agravado
com os recentes indícios da passagem pelo
nosso mar territorial de lixo atômico vindo
de outros países. É o caso do reator
descomissionado (desativado) de San Onofre (EUA),
que deverá nos próximos meses contornar
toda a América do Sul a caminho de seu cemitério
nuclear definitivo.
Fonte: Greenpeace (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa