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VENENO DOMÉSTICO:
ASPIRANDO A POEIRA
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) - Brasil
Janeiro de 2004
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Campanha
quer demonstrar que nossa casa está contaminada,
e exigir que as indústrias parem de utilizar
substâncias químicas tóxicas
Aquela fumaça de
trânsito, o mau cheiro do rio que
passa no meio da cidade, o odor deixado
no rastro do caminhão de lixo. Você
que vive em uma grande cidade, sabe bem
como é. Chegando em casa, é
hora de respirar
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fundo,
longe de toda a poluição que
está do outro lado da porta, certo?
Nada disso. Fique sabendo que a sua casa também
esta’contaminada.
É uma contaminação invisível
que, porém, nos afeta bastante. Substâncias
de nomes esquisitos como parafinas cloradas,
compostos brominados, phtalatos e endosulfanos
são parte da vida moderna, e entram
em nossos corpos pela respiração,
o contato com a pele ou a ingestão.
Empregados na
fabricação de produtos que consumimos
ou utilizamos cotidianamente, como aparelhos
eletrônicos, brinquedos, pisos e produtos
de limpeza e de higiene pessoal, esses compostos
têm a finalidade de tornar o plástico
PVC maleável, retardar a propagação
do fogo ou prevenir contra mofo e ácaros.
Porém, podem causar problemas ao sistema
nervoso, hormonal ou imunológico das
pessoas, além de câncer. |
Não
existe qualquer ser humano no mundo nascido
depois da metade do século 20, em cujo
organismo não estejam presentes substâncias
químicas perigosas. Além de
se acumularem ao longo da história,
sendo |
transferidas
de geração para geração,
essas substâncias viajam o planeta pelas
correntes de ar ou água, e pela cadeia
alimentar. Segundo um estudo realizado pela
Escola de Medicina Monte Sinai (Nova York,
EUA), há uma média de 91 substâncias
tóxicas presentes na urina e no sangue
das pessoas.
Por tudo isso, o Greenpeace muniu-se de um
aspirador de pó e lançou a campanha
Veneno Doméstico. Em um primeiro momento,
depois de coletar a poeira de 60 casas de
voluntários (no Rio Grande do Sul,
Rio de Janeiro e São Paulo), além
de gabinetes e políticos e o Ministério
do Meio Ambiente (Brasília), enviamos
a sujeira para análise em laboratório
holandês (TNO).
Na Europa, a análise de poeira coletada
em residências de vários países
revelou a presença de diversas substâncias
tóxicas.
Com o envolvimento das pessoas que ofereceram
suas casas e, mais tarde, com o resultado
na análise em mãos (previsto
para fevereiro de 2004), queremos alertar
a
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todos para
a realidade da contaminação
doméstica e assim começar a
promover mudanças. Na segunda parte
da campanha, exigiremos que o governo e as
indústrias adotem mecanismos de produção
limpa, e medidas que visem a substituir os
compostos perigosos por alternativas não
tóxicas. Para tanto, o Greenpeace quer
que a política nacional de segurança
química – que está em fase de
discussão por alguns autores do governo,
indústria e sociedade civil – incorpore
os Princípios da Substituição
e da Precaução, e o conceito
do Direito à Informação.
Também queremos que o congresso nacional
ratifique, o mais rápido possível,
a Convenção de Estocolmo. Você
pode ajudar. Para que juntos tenhamos êxito
nessa nova empreitada, seu desenvolvimento
é fundamental. |
Objetivos da campanha
· Expor que a contaminação
por substâncias tóxicas está
muito próxima: dentro de nossas casas |
·
Promover o conceito do Direito à Informação.
Todos temos o direito de saber o que o produto
que compramos realmente contém, e quais
os riscos das substâncias utilizadas
em sua fabricação
· Promover a produção
limpa, pela qual os processos produtivos utilizam
menos recursos naturais, e não usam
substâncias tóxicas
· Pressionar para que a política
nacional de segurança química
incorpore os Princípios da Substituição
(banimento das Substâncias tóxicas,
que devem ser substituídas por alternativas
não tóxicas) e da Precaução
(na dúvida sobre o risco que uma substâncias
pode oferecer, ela não deve ser desenvolvida
ou utilizada
· Promover o direito das pessoas a
um ambiente livre de substâncias tóxicas
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Crimes corporativos:
Solvay, Shell e Rhodia
Como alertamos durante
2003, o Greenpeace não concorda com o encaminhamento
do problema da área contaminada pela empresa
Solvay na região de Rio Grande da Serra (SP).
O material contaminado, uma mistura altamente tóxica
de cal com organoclorados e metais pesados, deve
ser descontaminado, e não confinado – ou
seja, colocado “debaixo do tapete”. A Cetesb e o
promotor do caso estão aceitando a alegação
de consultorias contratadas pelo próprio
poluidor de que a única tecnologia disponível
para solucionar o problema é o chamado confinamento
geotécnico, obra de engenharia que apenas
“armazena” o material tóxico. Isso não
é verdade, pois há outras tecnologias
que poderiam ser aplicadas. Acompanhe os desdobramentos
do caso pelo site do Greenpeace. Caso como os da
Shell, em Paulínia e na Vila Carioca (SP),
e da Rhodia, em Santos (SP), são outros exemplos
da responsabilidade corporativa. A nova campanha
pública da organização – Veneno
Doméstico – demonstra que as substâncias
químicas fora de controle correspondem a
um crime corporativo.
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