 |
CONGRESSO
PROMOVE SEMANA DOS POVOS INDÍGENAS
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Abril de 2004
|
 |
O Congresso promove
a partir desta segunda-feira, como parte das comemorações
do Dia do Índio (19 de abril), uma série
de eventos para homenagear a Semana dos Povos Indígenas.
Na segunda, a sessão da Câmara será
transformada em comissão geral, a partir
das 10 horas, com a presença de lideranças
e representantes da Funai, para discutir propostas
de uma nova política indigenista para o País.
O debate foi proposto pelo coordenador da Frente
Parlamentar Mista em Defesa dos Povos Indígenas,
deputado Eduardo Valverde (PT-RO), e outros deputados
ligados à questão indígena.
Já o Senado faz sessão solene na terça-feira
(20), às 9 horas, com a participação
especial da cantora índia Cláudia
Tikuna, acompanhada pelo Coral do Senado. Além
das atividades em plenário, uma mostra de
artesanato indígena estará exposta,
de segunda a sexta-feira, no Espaço Senado
Galeria. Nos espaços de livre circulação,
serão apresentados vídeos sobre a
questão indígena.
No dia 22, às 19 horas, a Câmara exibirá
o documentário Pisa Ligeiro, do cineasta
Bruno Pacheco, sobre a organização
política do movimento indígena. O
filme, que será exibido no Auditório
Freitas Nobre, no Anexo IV, será seguido
de debate. O PT do Distrito Federal também
está organizando um seminário, que
deverá acontecer na Câmara, de sexta
a domingo, para discutir as questões centrais
da política indigenista do País.
Projetos
Tramitam hoje, no
Congresso Nacional, 71 projetos relacionados à
questão indígena, entre eles o PL
2.057/91, do ex-deputado e hoje senador Aloysio
Mercadante, que dispõe sobre o Estatuto das
Sociedades Indígenas. O maior número
de propostas refere-se à mineração
em terra indígenas (16) e a mudanças
no processo de demarcação de terras
indígenas (15), mas, segundo análise
do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc),
os projetos, em sua maioria, buscam a retirada de
direitos constitucionalizados em 1988.
Para o deputado Eduardo Valverde, isso acontece
porque os indígenas não têm
representatividade no Congresso. O único
parlamentar índigena na história do
Congresso foi o ex-deputado Mário Juruna,
morto em julho de 2002. “Os arrozeiros, os pecuaristas,
os mineradores, todos têm representação
aqui, mas os índios sofrem constantes tentativas
de restrições a seus direitos e não
tinham, até a criação da frente,
no ano passado, quem os defendesse”, afirmou o parlamentar.
Valverde lembrou que os integrantes da Frente pretendem
mudar essa postura de discutir a questão
indígena sempre com uma visão corporativa.
“Pretendemos qualificar o debate na Casa e criar
um instrumento político para aqueles que
não têm representação”,
ressaltou.
Estatuto
No primeiro ano de
sua criação – a Frente Parlamentar
Mista em Defesa dos Povos Indígenas - iniciou
seus trabalhos no Dia do Índio do ano passado
– os parlamentares focaram seus trabalhos em questões
pontuais, como a homologação da Reserva
Raposa Serra do Sol, em Roraima, que tem enfrentado
dificuldades para sua demarcação,
e os conflitos de garimpeiros nas áreas indígenas.
“Dedicamo-nos, a princípio, a lutar para
tirar intrusos das reservas e para garantir demarcações.
Agora vamos nos concentrar para buscar um consenso
para aprovar o Estatuto”, disse.
O Estatuto das Sociedades Indígenas, que
tramita há 15 anos na Casa, já foi
aprovado nas comissões. O projeto está
parado na Mesa da Câmara, porque um grupo
de parlamentares apresentou recurso para suspender
a votação no plenário. O novo
Estatuto adapta a legislação à
Constituição de 1988, pois o índio
passa a ser apenas assistido pelo Estado, além
de tornar mais democrático o processo demarcatório.
As informações são do site
da Agência Câmara.
Fonte: Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Juliana Cézar Nunes