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FUNAI REBATE
CRÍTICAS DA CPT E DIZ QUE POLÍTICA
INDIGENISTA DE LULA É CAUTELOSA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Abril de 2004
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Em encontro com
representantes de índios da reserva Raposa
Serra do Sol, hoje de manhã, na Esplanada
dos Ministérios, o presidente da Fundação
Nacional do Índio (Funai), Mércio
Pereira Gomes, rebateu as críticas feitas
ontem pelo presidente da Comissão Pastoral
da Terra (CPT), Dom Tomás Balduíno.
“Para muitos, parece que o Governo Lula tem vacilado.
A minha opinião não é esta.
Discordo dos inimigos e dos amigos dos índios
que procuram os jornais para dizer isso”, afirmou
Gomes.
Ele disse que o presidente Lula "tem procurado
agir de um modo cauteloso, como uma pessoa que está
dando os primeiros passos para entrar em uma caminhada
segura e sair na carreira, no embalo. Tudo que parece
vacilação, para mim, é cautela.”
Na tarde de ontem, em visita ao acampamento montado
por 75 índios de 18 aldeias, em frente ao
Congresso Nacional, Dom Tomás disse que o
governo precisa demonstrar mais disposição
para resolver as questões indígenas.
"O governo federal está negociando o
direito às terras indígenas sem conversar
com os verdadeiros interessados”, afirmou o presidente
da CPT.
Para o presidente da Funai, os índios estão
sendo bem representados pelo próprio órgão,
que leva as reivindicações dos povos
para o Congresso Nacional e para o Palácio
do Planalto. De acordo com Mércio Pereira
Gomes, houve uma reunião há uma semana
para discutir a assinatura do decreto que homologa
a demarcação do 1,6 milhão
de hectares da reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima.
Além do presidente Lula, nove ministros participaram
do encontro, no qual foram debatidas questões
que colocam muitos políticos e empresários
contra as reservas indígenas. Entre elas,
a necessidade de povoar as fronteiras e derrubar
as ações judiciais contrárias
à demarcação.
Na mesma reunião no Planalto, foram discutidas
formas de assentar agricultores que moravam na reserva
antes da demarcação ou até
mesmo que invadiram a área nos últimos
meses. A maior parte desses agricultores planta
arroz. A risicultura hoje corresponde a 10% do Produto
Interno Bruto do estado e está distribuída
em 16 mil hectares de terras.
“Um pacote de medidas para resolver todas essas
questões será apresentado ao presidente
no dia 27 de abril, mas Lula já disse que
sua simpatia é pela homologação
em terra contínua”, contou Gomes. Ele ressaltou
a necessidade de não se fraquejar na luta
pela demarcação. “Precisamos argumentar
bastante. Mostrar que os índios são
a vivificação das fronteiras. O ministério
da Defesa pode ter pelotões do exército
lá. Os arrozeiros, por sua vez, podem plantar
em outros locais.”
Fonte: Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Redação