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LÍDER
INDÍGENA PEDE CUIDADO NO JULGAMENTO
PRÉVIO DA TRIBO CINTA-LARGA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Abril de 2004
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O líder indígena
Almir Suruí, 29 anos, pediu hoje cuidado
da polícia, governo, sociedade e imprensa
no julgamento prévio dos índios da
etnia Cinta-Larga. A tribo de Rondônia é
acusada de mutilar e matar cerca de 30 garimpeiros
em um confronto na semana santa. Três corpos
já foram encontrados pela Polícia
Federal e outros 26 serão resgatados na reserva
indígena Roosevelt a partir de amanhã.
“Não sei o que de fato aconteceu lá,
mas não acredito que o povo Cinta-Larga tenha
sido tão violento como dizem”, defende o
diretor da Coordenação da União
das Nações e Povos Indígenas
de Rondônia, Norte do Mato Grosso e Sul do
Amazonas (Cunpir).
Amanhã, Suruí terá uma reunião
com os advogados da Cunpir para definir como será
o apoio jurídico e político à
tribo de 1,5 mil índios. Os Cinta-Larga vivem
em uma reserva de 2,7 milhão de hectares,
conhecida pela alta concentração de
jazidas de diamante.
“Tenho falado com os membros da tribo e eles dizem
que tinham um compromisso com a Funai e com o Ministério
da Justiça de proteger a reserva. Existe
uma pressão muito grande em cima dos índios”,
reclama Suruí. “A Cunpir lamenta muito pelas
famílias dos garimpeiros. Assim como eles,
somos grupos menores pressionados por grupos maiores,
inclusive empresas, interessadas no que existe nas
reservas.”
Na semana passada, a Cunpir divulgou uma nota à
imprensa na qual reivindica a instalação
de um posto permanente da Polícia Federal
na reserva Roosevelt para garantir a segurança
da tribo Cinta-Larga. Na nota, a coordenação
já acusava o governo e a sociedade de pré-julgar
os índios. Uma prova disso seria o espancamento
do professor indígena Marcelo Kakin Cinta-Larga
por garimpeiros e moradores do município
de Espigão D'Oeste, no sábado de aleluia.
Nos últimos cinco dias, duas casas de índios
Cinta-Larga em Espigão foram atacadas por
moradores da cidade. Uma delas, acabou sendo queimada.
Na outra, a Polícia Militar chegou a tempo
de impedir a depredação. A pedido
dos garimpeiros, os policiais revistaram o local
e encontraram 25 cartuchos de arma de calibre 12
e um cofre vazio. Tanto os cartuchos como o cofre
pertencem ao índio Edmilson Cinta-Larga que,
assim como outros 50 índios de Espigão
D´Oeste, deixaram a cidade onde moravam neste
sábado com medo de ameaças de morte.
Fonte: Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Juliana Cézar Nunes