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PRESIDENTE
DA FUNAI DIZ QUE CINTA-LARGA LUTA PELO SEU
DIREITO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Abril de 2004
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O presidente da
Fundação Nacional do Índio
(Funai), Mércio Pereira Gomes, disse hoje,
durante as comemorações do Dia do
Índio, que a instituição vai
defender os Cinta-Larga envolvidos no confronto
com garimpeiros na reserva indígena Rossevelt,
no sul de Rondônia. Segundo ele, os índios
estão se confrontando com os garimpeiros
porque lutam pelos seus direitos. “Nós temos
que entender que o território indígena
não é como uma propriedade privada.
As terras dos povos indígenas são
uma extensão de sua vida, de sua cultura.
Eles têm que lutar por ela”, afirmou Mércio,
ao comentar a possibilidade de os índios
serem condenados pelas mortes dos garimpeiros.
Ele criticou, no entanto, os ataques e o número
de mortes na região e pediu paz. “Nenhuma
guerra deveria acontecer. Deveria existir mais paz
no país”, acrescentou. Até agora,
o confronto em Rondônia já gerou a
morte de 29 garimpeiros. Os índios vêm
tentando expulsá-los há cerca de 15
dias. Mércio garantiu que a Funai está
na região na tentativa de minimizar o confronto
e instalar a paz.
Mércio Pereira Gomes garantiu não
haver envolvimento ilegal do representante da Funai
em Rondônia, Walter Bloss, com garimpeiros
daquela região, como tem sido notificado
pela imprensa. “Não é justo acusarem
o Walter Bloss. É uma questão desumana.
A vida dele já foi escaneada e não
foi encontrada nenhuma coisa que opine contra a
dignidade deste servidor”.
Hoje, em comemoração ao Dia do índio,
os Correios e a Funai lançaram selo em homenagem
ao sertanista Orlando Villas Boas, que morreu em
2002. Villas Boas dedicou 50 anos de sua vida à
proteção dos povos indígenas
brasileiros. Até o dia
23, a Funai realiza eventos para comemorar o Dia
do Índio.
Na cerimônia, o cacique Damião,
da etnia Xavante, pediu mais compromisso por parte
do governo com as causas indigenistas. Destacou
que os índios estão, há muitos
anos, a mercê da sociedade, esperando a consolidação
de ações dos governantes. “O governo
tem que seguir a lei e atender as reivindicações
indígenas”, disse o cacique.
Amanhã (20), às 9h30, no auditório
da Funai, haverá a exibição
de um vídeo para contar a história
da etnia Xavante. Às 10h30, será exibido
o filme “A uwê Uptabi – O Povo Verdadeiro”.
No dia 22, também na Funai, serão
lançados os livros “Aldeamento do carretão
segundo seus herdeiros tapuios – Conversas gravadas
em 1980 e 1983”, de Rita Heloísa de Almeida,
e “Linhas telegráficas e integração
de povos indígenas: as estratégias
políticas de Rondon”, de Elias dos Santos
Bigio. No dia 23, às 9h30, no auditório
da instituição, haverá apresentação
de dança Xavante.
Fonte: Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Ana Paula Marra