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PROCESSO
JUDICIAL SEM PRECEDENTES CONTRA O GREENPEACE
SEGUE ADIANTE NOS ESTADOS UNIDOS
Panorama
Ambiental
Washington – EUA
Abril de 2004
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Protesto
contra importação de mogno brasileiro
de origem ilegal esquenta discussão sobre
liberdades civis no país
Após semanas
de consideração, um juiz federal de
Miami, Flórida, decidiu que o Greenpeace
será julgado em um processo sem precedentes
nos Estados Unidos. O controverso julgamento entre
a organização ambientalista e a Procuradoria
Geral dos Estados Unidos foi marcado para o dia
17 de maio.
O processo deverá se tornar uma referência
para o futuro da liberdade de expressão e
de grupos de protesto sob a atual administração
Bush nos Estados Unidos. O juiz Adalberto Jordan,
que deve julgar o caso, concordou com o Greenpeace
e admitiu que “a acusação é
um processo raro – e talvez sem precedentes – contra
um grupo de defesa” por conduta relacionada à
liberdade de expressão.
Em abril de 2002, dois ativistas do Greenpeace abordaram
um navio comercial fora da costa da Flórida
com uma faixa onde se lia: “Presidente Bush, chega
de madeira ilegal”. O navio transportava mogno explorado
ilegalmente da Amazônia. Ainda em 2002, os
acusados na denúncia deram queixa contra
os ativistas do Greenpeace. No entanto, ao invés
de processar os importadores do mogno ilegal, o
Departamento de Justiça dos Estados Unidos
registrou acusações criminais contra
o Greenpeace em julho de 2003 usando uma obscura
lei de 1872 sobre a abordagem de navios.
O Greenpeace entrou com uma moção
solicitando a dispensa do caso, mas a decisão
a este respeito foi adiada até o julgamento.
Porém, o juiz Jordan sinalizou ao Departamento
de Justiça dos Estados Unidos que ele pode
vir a concordar com o pedido do Greenpeace depois
da apresentação dos fatos.
Normalmente, julgamentos não são permitidos
para o nível de acusação que
o Greenpeace está enfrentando, mas o juiz
Jordan baseou sua decisão na natureza incomum
do processo. “Este caso pode... sinalizar uma mudança
na política do Departamento de Justiça
dos Estados Unidos (DOJ, em inglês) ”, ele
escreveu. “O processo tem gerado acusações
de que a denúncia contra o Greenpeace é
motivada politicamente devido às críticas
da organização às políticas
ambientais do presidente Bush”.
“Esperamos provar, com este julgamento, que somos
inocentes e que estávamos fazendo a coisa
certa pela proteção da Amazônia”,
disse o diretor-executivo do Greenpeace nos Estados
Unidos, John Passacantando.
Tanto o Greenpeace quanto o governo brasileiro realizaram
intensa campanha para combater a exploração
ilegal de mogno. Em 2001, uma intensa campanha da
organização expondo a trilha de ilegalidade
da indústria do mogno resultou na apreensão
de milhares de metros cúbicos da espécie
e levaram o governo federal a anunciar a suspensão
da exploração, transporte e comércio
do mogno em todo o País. A campanha da organização
também colaborou para que a espécie
fosse listada no Anexo II da Cites (Convenção
sobre Comércio Internacional de Espécies
Ameaçadas) (1), em novembro de 2002.
“Nós ficamos satisfeitos pelo fato do juiz
ter reconhecido a importância deste caso atendendo
ao nosso pedido de apresentar os fatos diante de
um júri”, explicou Passacantando. “A natureza
sem precedentes desse processo tem o potencial de
mudar um importante aspecto da vida legal e política
dos Estados Unidos, afetando de forma significativa
nossa tradição de protestos civis.
O Procurador-Geral, John Ashcroft , e seu Departamento
de Justiça, estão acusando o Greenpeace
por denunciar publicamente a importação
de mogno ilegal e tentar impedir violações
da lei norte-americana. Este processo é descabido
e motivado politicamente”.
Uma moção apresentada do Greenpeace
visa obter informação se o processo
do governo norte-americano está sendo movido,
de maneira imprópria, exclusivamente contra
o Greenpeace. O pedido ainda aguarda um parecer
do juiz Jordan.
(1) O Anexo II responsabiliza países produtores
e consumidores pelo controle compartilhado do comércio,
contribui para regular o mercado e reduzir a ilegalidade
e o contrabando. Também aumenta o controle
oficial sobre os impactos ambientais da exploração
e dá mais transparência ao processo
ao incorporar uma Autoridade Científica ao
trabalho da Autoridade Cites no país de origem
- no caso do Brasil, o Ibama.
Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa