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DESASTRE
DO EXXON VALDEZ: CONTÍNUA HISTÓRIA
DE MENTIRAS
Panorama Ambiental
Amsterdã - Holanda
Março de 2004
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Em
1989, o desastre do navio da maior petrolífera
do mundo derramou 41 milhões de litros
na costa do Alasca, afetando a vida animal
até hoje
No 15º
aniversário do acidente do navio Exxon
Valdez, que despejou 41 milhões de
litros de petróleo em uma área
de vida selvagem no Alasca (EUA), o Greenpeace
exige que a empresa petrolífera ExxonMobil
limpe a área atingida. Maior companhia
petrolífera do mundo, a empresa, que
comercializa seus produtos sob a marca Esso,
utiliza seu poder financeiro e sua influência
para fugir de qualquer responsabilidade sobre
o desastre. A empresa foi multada em mais
de US$ 5 bilhões pelos danos ambientais
decorrentes do acidente do Exxon Valdez, porém
entrou na justiça com um pedido para
recorrer da decisão (1). |
Em 1991,
a ExxonMobil foi considerada culpada por infringir
inúmeras leis ambientais e foi multada
em mais de US$ 1 bilhão. Essa foi a
maior punição da história
com o objetivo de minimizar os danos causados
por um desastre ambiental corporativo. A gigante
petrolífera também tenta encontrar
um crime para acusar formalmente 38 voluntários
do Greenpeace, que entraram na sede da ExxonMobil
no Texas (EUA) a fim de protestar contra a
posição da companhia sobre as
mudanças climáticas.
No início da década de 90, a
ExxonMobil financiou pesquisas que afirmavam
que a área atingida estava saudável
e se recuperando bem. |
Entretanto,
novas pesquisas científicas, conduzidas por
mais de 14 anos, atestam o contrário. O mais
recente desses estudos, publicado pela revista científica
Science (2) concluiu que a recuperação
da área está longe de alcançar
um nível ideal. A região continua
a apresentar problemas resultantes dos resíduos
do petróleo derramado. Com 500 milhas de
costa coberta com petróleo, a mortalidade
de animais após o derramamento foi alta.
Lontras, aves marinhas e populações
de focas foram os que mais sofreram. Ao contrário
do que afirmam as pesquisas da ExxonMobil, até
hoje a área está contaminada pelo
óleo, além de substâncias tóxicas
persitentes, resultando em impactos a longo prazo.
Denis Kelso, membro da comissão do Departamento
de Conservação Ambiental do Alasca,
concorda que as declarações da Exxon
Mobil que se seguiram ao derramamento foram “parte
das deliberadas informações erradas
da companhia” (3). Essa posição é
sustentada pelo cientista marinho Rick Steiner,
que acredita que a ExxonMobil construiu sua própria
“realidade” sobre o derramamento, baseada em impactos
mínimos e recuperação rápida
(4).
“As táticas da ExxonMobil são bem
conhecidas e este é um caso clássico
de negação, enganação
e demora”, disse a campaigner do Greenpeace Anita
Goldsmith. “Assim como a empresa não aceita
as evidências científicas sobre as
mudanças climáticas, nega que o petróleo
derramado está causando danos na área.
Em ambos os casos, a Exxon faz campanhas enganosas
sobre sua responsabilidade corporativa ambiental
e social. Enquanto a ExxonMobil continuar neste
caminho, o Greenpeace continuará a fazer
campanhas como a dos voluntários do Texas,
para expor isto”.
Pagar pesquisas que dêem suporte a este argumento
e informem erroneamente o público não
é novidade para a ExxonMobil. A empresa financia
a publicação de pesquisas em revistas
acadêmicas, que validam o argumento da companhia
de que os juízes não são competentes
para determinar uma sentença para os danos
ambientais como no caso do Exxon Valdez (5). Estas
pesquisas são uma tentativa de incentivar
uma mudança na legislação,
que permita à ExxonMobil vencer nas apelações
para outorgar as indenizações que
deve.
A empresa também conduz campanhas organizadas
para minar as constatações científicas
sobre as mudanças climáticas. Em uma
época em que o mundo sofre as consequências
do aquecimento global, como inundações
e secas, a ExxonMobil defende que são necessários
mais estudos antes de se iniciar uma ação
efetiva de combate às causas do problema.
A versão da empresa para o derramamento de
petróleo de seu navio há 15 anos é
uma história cheia de mentiras. Uma herança
que a empresa mantém em suas atividades até
os dias de hoje.
(1) Exxon, “Attorneys general ask Exxon to pay up”
(“Procuradores pedem que a Exxon salde sua dívida”),
Anchorage Daily News, 13 de maio, 1999.
(2) Revista Science,
19 de dezembro de 2003, Vol 302, “Long-term Ecosystem
Response to the Exxon Valdez Oil Spill” (Resposta
a longo prazo do Ecossistema ao vazamento de óleo
do Exxon Valdez), C.H.Peterson, S.D.Rice, J.W.Short,
D.Esler, J.L.Bodkin, B.E.Ballachey, D.B.Irons.
(3) Dennis Kelso,
citação em “Critics Fault Exxon” (“Críticos
culpam a Exxon”), Christian Science Monitor, 14
de junho, 1989.
(4) Professor Rick
Steiner in, “The Truth about The Exxon Valdez Oil
Spill” (“A verdade sobre o vazamento de óleo
do Exxon Valdez”), Prof. Rick Steiner e Dr. Riki
Ott, 16 de novembro, 1993.
(5) Washington Post,
Friday December 2003, "Exxon Funded Research
Into Jury Awards" (“Exxon financiou pesquisas
para a sentença judicial”), Alan Zarembo,
26 dezembro, 2003.
Fonte: Greenpeace (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa